Biblioteca LGBTQ+: uma nova forma de fazer literatura

Mais de 30 livros com protagonistas gays, trans, lésbicas, queers, bissexuais e toda a diversidade de gênero e sexualidade.

Lucas Panek
Não faz a frígida
6 min readDec 17, 2019

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Quando me perguntam qual tipo de livro eu gosto de ler, a resposta que está na ponta da minha língua é: “livros com protagonistas LGBTQ+”. Pode ser romance, suspense, ficção, o que importa é a possibilidade de me identificar culturalmente com esses personagens. O mercado editorial está crescendo nesta categoria, com títulos brasileiros e internacionais, obras produzidas de forma independente e até mesmo com adaptações cinematográficas.

Trago, nesta postagem, uma lista com as obras que já prestigiei e recomendo. Confira:

Me chame pelo seu nome

A obra de André Aciman conquistou a posição de meu livro favorito ao retratar o romance entre o jovem Elio, que descobre sua sexualidade, e Oliver, um escritor que se hospeda na casa do pai de Elio durante o verão. A sensibilidade prosaica de Aciman torna o clima do romance quase que tangível, ao misturar elementos culturais que nos transportam para a costa italiana. O livro virou obra cinematográfica, que foi uma das principais indicações ao Oscar de 2018. Além disso, conta com uma, Me Encontre, já disponível no Brasil.

Outra obra LGBTQ do autor é Variações Enigma, que também recebe o carinho da escrita envolvente de Aciman.

Romance Adulto

Com o sucesso de 50 Tons de Cinza, abriu-se novamente espaço para os romances adultos e eróticos. Ele e Nós são uma parceria das escritoras Elle Kennedy e Sarina Bowen para contar a história de dois amigos de infância que se afastam e se reencontram na disputa da fase final do torneio universitário de Hockey. Um é gay e apaixonado pelo outro, que é heterossexual. Será que vão conseguir superar o que os fez se afastarem?

Na mesma linha, Melanie Harlow e David Romanov se unem para encher de sensualidade as páginas de E se acontece?, um romance entre um russo, que perde tudo assim que chega aos Estados Unidos, e um americano metódico e pragmático que parece autoritário e exigente.

Romance tailandês

A editora independente Fanmade BL foi criada por fãs de novels e doramas asiáticos com o objetivo de trazer os livros que dão origem às famosas séries de romance entre garotos asiáticos. O primeiro projeto foi o da novel de 2Moons, ou Duas Luas. São dois livros da Chifon Cake que contam as histórias de amor entre Yo e P’Pha, Forth e Beam, e Ming e Kit. Muita fofura envolvida.

O novo projeto da editora é a de Sotus, de Bitter Sweet, que traz a história do veterando P”Arthit e o calouro insubordinado Kongpop. O segundo e último livro da série está prestes a ser lançado.

A rainha Becky Albertalli

Quatro títulos incríveis da rainha das escritoras, Becky Albertalli. Os 27 crushes de Molly é um clássico e lançou a escritora no mercado editorial internacional. Mas foi com Com Amor, Simon que a autora ganhou o mundo ao contar a saga de Simon para encontrar seu correspondente virtual. O livro ganhou uma versão cinematográfica e um spin off com Leah fora de sintonia, dando protagonismo para a melhor amiga de Simon, Leah. O quarto título é E se fosse a gente? que traz uma história super fofa de um turista que se apaixona por um Nova Iorquino durante seu estágio de verão na cidade.

Rico Editora

Lançada em 2017, a editora tem por objetivo viabilizar e dar acesso à produção de arte nacional com conteúdo segmentado para toda a população brasileira. A editora criou o selo Se Liga, que indica obras que trazem algum tipo de representatividade para o público jovem-adulto. As luzes em mim, da editora, é um romance sensível sobre a descoberta da paixão por um menino cego. Não inclui manual de instruções traz informações valiosas sobre a Síndrome de Asperger através de um romance gay cheio de cores.

Cenas Marcantes

Algumas obras LGBTQ+ contam com momentos e cenas descritas de forma bem marcante. É o caso de História é tudo que me deixou, do Adam Silveira, que conta a história de um menino em situação de luto pela morte do ex-namorado. Um milhão de finais felizes, do Vitor Martins, traz uma cena numa Parada da Diversidade que não sai da minha mente. Dois Garotos se Beijando, do David Levithan, tem uma narrativa delicada, com passagens contadas por fantasmas da geração anterior.

Por fim, um livro incrível que descobri por uma escolha aleatória num sebo é A casa de chá, de Ellis Avery. Aurelia, uma criança que perde a mãe e viaja para o Japão do século XIX com seu tio missionário. Uma série de infortunos a coloca como acompanhante de Yukako, por quem, mais tarde, desenvolve desejos proibidos. O livro faz um retrato incrível sobre as mudanças que aconteciam no Japão na virada do século e surpreende ao trazer uma personagem lésbica, com uma grande lição de vida.

Um pouco de fantasia e ficção

E tem livro que parece ter saído do universo da J.K. Rowling. Carry On traz as aventuras de Simon Snow e seu inimigo Baz. Como todo romance entre inimigos é uma receita para o sucesso, a obra virou uma sensação entre os fãs de fantasia e garantiu uma sequência: Wayward Son, que ainda não conta com lançamento previsto para o Brasil.

Lembra Aquela Vez, do Adam Silveira, também pode entrar nessa categoria de fantasia ou ficção. Num mundo onde há uma empresa que promete a possibilidade de apagar memórias indesejáveis, acompanhamos o florescer da sexualidade de Aaron Soto, aos 16 anos, no Bronx.

Literatura brasileira

Vinícius Grossos, Vitor Martins, Thati Machado e Robson Gabriel são alguns dos nomes que despontam no mercado brasileiro e sempre trazem materiais com conteúdo LGBTQ+. O primeiro livro brasileiro com personagens bissexuais que eu devorei foi O Terceiro Travesseiro, do Nelson Luiz de Carvalho. Em seguida, apaixonei-me pelos personagens de Imperfeito e Inquebrável, do Robson Gabriel. Quinze Dias, do Vitor Martins, foi, provavelmente, uma das obras com a qual mais me identifiquei. Há ainda Moletom, do Julio Azevedo, e Feitos de Sol, do Vinicius Grossos, que aquece a alma com o amor dos protagonistas.

Outras obras que você vai amar:

  • O Homem de Lata — Sarah Winman.
  • Eu — Ricky Martin.
  • Mais Estranho que uma Fanfic — Chris Colfer.
  • Boy Erased — Garard Conley.
  • Tudo Pode Acontecer — Will Walton.
  • Minha Versão de Você — Christina Lauren.
  • Will & Will — John Green e David Levithan.
  • Me Abrace Mais Forte — David Levithan.
  • Apenas um Garoto — Bill Konigsberg.
  • Menino de Ouro — Abgail Tarttelin.
  • 1 + 1 A Matemática do Amor — Vinícius Grossos e Augusto Alvarenga.
  • Naomi & Eli e a Lista do Não Beijo — David Levithan e Rachel Cohn.
  • A Pedido do Embaixador — Fernando Perdigão.
  • Entre a Cruz e o Arco-Íris — Marília de Camargo César.
  • One Man Guy — Michael Barakiva.
  • Lucas e NícolaS — Gabriel Spits.
  • Comportamento Altamente Ilógico — John Corey Whaley.
  • O Ateneu — Raul Pompeia.
  • Amor é Amor — Geektopia.
  • De mal à pior — Simon James Green.
  • Os Imortalistas — Chloe Benjamin.
  • Judith Butler e a Teoria Queer — Sara Salih.
  • Garoto encontra Garoto — David Levithan.

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