O comercial de AXE representa. Isso é bom ou ruim?
Campanha tenta atingir outros públicos além do hétero-branco-cis
Essa semana, a AXE lançou uma nova campanha de desodorantes, que amplia o alcance da marca e — tenta — atingir novos públicos. Na verdade, o que a marca faz é se posicionar para os novos tempos.
Mas o que, exatamente, essa propaganda significa? Em primeiro lugar, há que se pensar sobre o pink money e o quanto essa fatia de público passou a ser vista e representada nos últimos anos. O mercado da publicidade, em tempos recentes, percebeu — ou, vem percebendo — que não dá mais pra ignorar as minorias. Seja pelo comportamento do público que, com a ascensão das redes sociais, passa a ter voz ativa e decisiva sobre os produtos que consome e os discursos das marcas ou pela postura dos próprios profissionais da publicidade, que enxergam um público consumidor e que precisa ser representados.
Todos precisamos ser representados e uma coisa bem difícil de se fazer é representar alguém — já falei aqui sobre as dificuldades de ser LGBT e trabalhar com publicidade.
Fato é que, independentemente se focada em “pegar nosso dinheiro” ou “representar”, a nova campanha de AXE é importante. Importantíssima, eu diria.
Primeiro porque, pela primeira vez em muito tempo, vemos uma marca de um setor que, de forma geral, é absurdamente machista, mostrando homens que não se encaixam no padrão hétero-branco-cis (ainda faltam homens gordos, estamos de olho). Segundo porque, e isso é um avanço enorme, vemos este mesmo setor questionando os padrões. Afinal, o que é ser homem?
Ao dizer que não existe um padrão para “ser homem”, AXE afirma com todas as letras e imagens que somos todos iguais, apesar (e por causa) de nossas diferenças.
É claro que não podemos — e não devemos, nunca — nos esquecer que a indústria da beleza é absurdamente padronizada e insiste em nos enfiar goela abaixo esses padrões inatingíveis. Mas campanhas como esta mostram que, sim, é possível viver em um mundo onde marcas nos respeitam e nos veem.
Que me vejam como um bolso cheio de dinheiro pra gastar. Mas que me vejam. E me representem.
Lembrando, sempre, do movimento #SeNãoMeVejoNãoCompro.