Os games que fazem bem

Mais que entretenimento, os jogos possuem hoje um importante papel social para a educação e conscientização.

Felipe Massahiro
Nerd / Articles
5 min readNov 3, 2015

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Quando falamos em games, vídeo games ou jogos, pensamos logo em entretenimento. Contudo, hoje a industria bilionária que já superou o mercado cinematográfico, não mais é apenas diversão. Atualmente os games tornaram-se uma mídia influente para a sociedade.

Podemos ver isso com suas aplicações em nosso dia-a-dia através da gamificação. Para explicar esse termo seria necessário um artigo a parte, por enquanto é suficiente saber que, por definição geral, gamificação é a aplicação das mecânicas dos games em um contexto fora de um game.

É mais simples do que parece e sua utilidade já é utilizada por diversas mídias que com certeza vocês já ouviram falar. Foursquare (atual Swarm) é um excelente exemplo. Badges, mayorship e afins, são métodos que estabelecem milestones, ou objetivos, que, ao completá-los, o jogador é recompensado com reconhecimento destacando-se entre seus amigos e outros “jogadores”.

Isso é uma forma de gamificação da informação.

O uso dos games e seus benefícios são praticamente limitados à criatividade. Além de divertido, os games produzem uma forma lúdica de aprendizagem. É muitos mais fácil aprender jogando do que através de métodos convencionais de ensino. Eis os motivos por sua importante influência social.

Não estamos falando apenas de educação para crianças. A aplicação dos games está hoje ligada à muitos casos benéficos para a saúde e comportamento.

Se você já passou por algum treinamento dentro da empresa ou teve que fazer algum curso para o seu trabalho, então com toda certeza você já passou por um cenário assim: aulas que podem levar 8 horas do seu dia, ouvindo atentamente um instrutor que pode ou não ser bastante didático, apoiado por uma série de slides de powerpoint repletos de tópicos, citações e afins. Alguns instrutores tentam ser ainda mais divertidos e colocam alguns vídeos.

Contudo, no fim do dia, você já não aguenta mais ouvir aquele cara.

Agora vejamos o outro lado. Se você joga, digamos um “Call of Duty,” com os amigos, quantas horas você consegue ter a máxima atenção voltada ao jogo?

“Hay Day,” o social game de fazenda que muita gente passa horas jogando no celular. O negócio é compulsivo a ponto de pessoas irem disfarçadamente ao banheiro apenas para colher suas plantações ou enviar algum item para um amigo ou amiga.

Imaginem agora unir as duas coisas. A dinâmica e diversão de um jogo com uma plataforma educativa, como, por exemplo, o treinamento da sua empresa. Esses são chamados de serious games e hoje acabam substituindo treinamentos chatos e pouco eficazes.

Essa alternativa pode ser mais cara, contudo, como empreendedores é necessário pensar na eficiência. Jogue um jogo, quanto tempo você leva para aprender a jogá-lo, saber suas regras e aplicá-las? É muito mais rápido aprender se divertindo e as ferramentas da gamificação colaboram para isso.

A pessoa tem um feedback daquilo que está fazendo no contexto dos games. Ela conta com um objetivo e, para atingi-lo, é necessário aprender as regras do jogo — as regras do negócio ou de sua função na empresa.

Independente se o jogo é voltado para a educação ou para o entretenimento. Uma coisa é fato: todos que jogam costumam a ter uma maior capacidade cognitiva. Isso se deve ao fato de que ao jogar uma ampla gama de gêneros diferentes, estamos estimulando — e muito — nossos cérebros.

Games como ferramenta de comunicação

Além de sua aplicação como ferramenta de aprendizagem, os games hoje também possuem uso em outras áreas. A saúde é uma delas. Lembram-se dos jogos de fitness?

Tal implementação não é a única. O estudo dentro do campo dos games é bastante ampla. Não apenas sua aplicação é estudada para o campo da educação, como também de tratamentos de doenças, reabilitações e estudos na psicologia.

Jogos de estratégia como Starcraft, MOBAS como o próprio League of Legends, ou mesmo de ação como os FPS (Call of Duty, Halo e afins), podem colaborar com a tomada de decisão rápida e eficiente.

Mas não são apenas jogos desse gênero que contribuem para os benefícios dos games. Aliviar o estresse, melhorar as habilidades sociais, adiar a velhice ou colaborar com uma melhor percepção do ambiente, são apenas alguns dos diversos efeitos benéficos dos games em geral.

Os estudos na área dos games acabam sendo importantes para reconhecer os jogos como um meio de comunicação. Muito mais do que uma simples ferramenta de entretenimento, os jogos podem servir como importantes agentes conscientizadores para todas as gerações, dos mais jovens aos mais velhos.

Esse seria o caso da iniciativa Games for Change, que contam com desenvolvimento e divulgação de jogos que conscientizam as pessoas. Também temos a Glass Lab, onde estuda-se os impactos dos jogos na aprendizagem. São designers e professores unidos para estudar e com isso trilhar caminhos na produção de jogos com perfis educativos.

Talvez possa parecer específicos de mais a criação de jogos desenvolvidos, pensados e planejados com essas finalidades benéficas. Porém, é possível encontrar os mesmos benefícios em diversos jogos.

Sim City e Minecraft são exemplos de jogos que estimulam o desenvolvimento das pessoas. Mostrando que é possível educar com jogos mesmo que não tenham sido desenvolvidos inicialmente com tal finalidade.

Perceber que os games não mais são apenas ferramentas de entretenimento, mas um importante agente influenciador, um meio de comunicação e conscientização, é importante para compreender a amplitude de suas aplicações.

Em um artigo anterior comentei sobre o storytelling nos games, a importância de se contar uma boa história não é apenas entretenimento, é uma forma de comunicar, de conscientizar.

E não é impossível fazer tudo isso pensando diretamente em “criar um jogo educativo.” Na verdade, a própria inovação ou o olhar diferente sobre um ponto de vista, pode fazer com que o objetivo de “abrir os olhos” seja atingido.

“This war of mine” e “Valiant Hearts” são excelentes exemplos. Eles representam o outro lado da guerra não retratada em jogos como “Battlefield” e “Call of Duty”.

Acredito que ver os jogos como uma mídia de entretenimento seja importante para o grande ganho entre as empresas. Não podemos negar os benefícios existentes nos mais diversos jogos. Contudo, o estudo nos elementos que levam os jogos a terem tais benefícios é primordial para que possam ser utilizados.

Fonte: Knewton

A Gamificação proporcionou uma grande mudança na divulgação de produtos, educação e compreensão social. Através dos elementos básicos de um jogo, podemos tornar a conscientização, a educação e a comunicação eventos lúdicos, divertidos e prazerosos.

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Felipe Massahiro
Nerd / Articles

Jogador compulsivo, escritor obcecado, amante perturbado da literatura e jornalista de vez em quando.