Review — Hyperdimension Neptunia Re;Birth2 Sisters Generation

Felipe Massahiro
Nerd / Articles
Published in
6 min readAug 19, 2015

Hyperdimension Neptunia Re;Birth2 Sisters Generation, o remake da versão de Playstation 3 Hyperdimension Neptunia Mk.2, chega do Playstation Vita para o PC, dando sequência ao Re;Birth1. O port do remake traz novidades, melhorias e também alguns problemas para o PC.

Apesar de ser uma história em uma dimensão paralela de Re;Birth1, recomendo a todos a começarem pelo antecessor, já que muitos personagens e alguns elementos da trama subentendem-se que o jogador já esteja familiarizado com o universo da série.

Em Re;Birth2 a Arfoire Syndicate of International Crime (ASIC), um grupo de criminosos que incentivam a pirataria de jogos e programas de cheating, dominam a Gamindustri. As 4 CPUs lutam contra seus líderes os CFW, mas são derrotadas. Cabe agora as CPU Canditades, as irmãs mais novas das CPUs (e personagens secretos de Re;Birth1), salvar as CPUs, destruir ASIC e salvar Gamindustri.

As personagens centrais agora são as CPU Candidates, Nepgear, Uni, Ram e Rom. E como não poderia faltar, o jogo é repleto de fanservice, piadas e sátiras com diversos outros jogos. Novamente, muitos dos contextos utilizados pelas tiradinhas necessitam de um pouco de envolvimento do jogador com o universo dos games. Caso contrário, muita coisa parecerá sem sentido e sem graça.

Similar ao antecessor, a história é narrada em formato de Kinetic Novel e há uma presença muito maior de diálogos — muitos dublados e alguns apenas textuais — em comparação a Re;Birth1. Isso se deve não apenas ao enriquecimento da trama, como também uma maior valorização com o jogo em si.

Agora, perder um evento pode ocasionar na impossibilidade de conseguir terminar o jogo em um determinado final. Eventos também colaboram com o Lily Rank, o sistema social entre os diversos personagens jogáveis. Além de existir um contexto mais rico entre os personagens mascotes (os personagens secundários que possuem nome de empresas de jogos ou títulos, como Falcom, MarvelousAQL ou Tekken.

Outra grande diferença nessa sequência está na formação de equipe. Agora é possível utilizar até 4 personagens em combate, dando o número exato de CPUs e CPUs Candidates, o que me deixou bastante feliz, já que em seu antecessor não compreendia a limitação de 3 membros. Isso também significa que existem habilidades onde as 4 CPUs podem executar juntas. Mais efeitos e bem mais dano.

Do outro lado, mas também positivo, a mecânica do jogo continua idêntica. Além dos diversos planos para craft, o combate e a navegação continuam a mesma coisa: simples, eficaz e bem divertido.

Também valorizado são os sistemas de Share e Lily, algo que senti falta em Re;Birth1. O sistema de Lily não tinha muita influência na história ou mesmo no jogo em si, enquanto os Shares influênciavam apenas em habilitar as CPUs Candidates e como requisito para o True Ending. Já em Re;Birth2 o sistema de Lily e Shares influênciam em toda a história e no craft de plans. Por exemplo, “craftar” alguns novos itens de cura e buffs, além dos materiais, é preciso um determinado nível de Lily com um personagem específico.

Isso se deve porque, além de novos personagens secretos e itens, há também 9 finais diferentes até onde pude notar. Cada final requer um replay (ou playthrough), apesar de alguns serem possíveis utilizando um loading antes do final. Até então, terminei apenas com o True Ending.

Como em seu antecessor, há uma miríade de coisas para se fazer em Hyperdimension Neptunia Re;Birth2 Sisters Generation, dando uma longevidade muito maior para quem procurar completar um jogo 100%.

Algo que notei também no título é a trama. Em Re;Birth1 Neptunia sai em uma jornada para recuperar sua memória, descobre os planos de Arfoire e termina com a guerra dos consoles.

Há diversas similaridades em Re;Birth2. O grupo Arfoire quer provocar o caos e destruir o mundo, mas não há uma guerra dos consoles, as CPUs vivem juntas com certa harmonia. Mais do que um conflito entre as deusas da Gamindustri, Re;Birth2 aborda uma temática muito interessante no universo dos games: a pirataria.

Conseguir tratar esse tema com seriedade e muito bom humor característico da série, me deixou bastante contente. Há uma série de eventos satíricos que englobam críticas não apenas ao trabalho exaustivo dos game developers, como também o pensamento unilateral das pessoas que pirateiam e/ou trapaceiam no jogo.

De certa forma, enquanto Re;Birth1 foi um deleite de sátiras com uma infinidade de jogos com uma enorme quantidade de diversão; Re;Birth2 traz tudo isso e mais um pouco, com uma abordagem crítica bastante séria.

Novamente… tudo isso sem perder o excelente humor sem sentido de Neptunia e companhia.

Ver IF e Compa, personagens fixos na série já que IF é a personagem mascote da empresa Idea Factory e Compa da Compile Heart, ambas produtoras da série, como amigas de infância nesse novo universo é refrescante. A forma como se encontram com Neptunia pela primeira vez é ainda mais sem sentido algum.

No fim, começar a jornada por Re;Birth1 é mais do que recomendado, é o seu primeiro contato com esse universo engraçadíssimo de Hyperdimension Neptunia. Também é uma base que serve para a compreensão de muitos eventos que faz com que ambas as histórias, apesar de se passarem em dimensões diferentes, se complementem de uma forma ou de outra.

Mais uma vez Nao canta a música de abertura e as dubladoras são as mesmas do antecessor, o que me deixou muito feliz. Achei bem legal a Histoire diferente de Re;Birth1, deu um toque bem legal e complementou o universo da série.

Em relação às traduções, seguem com o mesmo estilo de Re;Birth1, por motivos contextuais e para trazer algumas piadas para a cultura ocidental, muitas coisas, para quem entende um pouco de japonês, parecerão estranhas. A maioria delas, contudo, conseguem situar muito bem o sentido dos diálogos originais, outras, nem tanto.

Entre os problemas presentes no port do Playstation Vita para PC, está em uma queda altíssima de FPS em alguns momentos. Inicialmente pensei que fosse o meu PC (tenho uma máquina bem antiga), mas após ler algumas recomendações e tópicos, reparei que é um problema diretamente ligado ao port. Apesar disso, me incomodei só um pouco no começo, depois acabei me acostumando já que muitas situações não são importantes.

Senti essa queda durante as cutscenes iniciais e sempre que há transformação HDD das CPUs Candidates. O que não é lá grande coisa, pois são momentos muito breves.

Talvez minha única frustração tenha sido um crash — que também foi o único que tive durante minhas 40+ horas de jogo — dentro de uma dungeon enquanto “farmava” nível. Perdi mais ou menos 1 hora de jogo, o que não é lá grande coisa (nada supera meu trauma de perder 100+ horas do memory card de PS1 no Final Fantasy 7).

De forma geral, Hyperdimension Neptunia Re;Birth2 Sisters Generation é uma excelente pedida para quem terminou Re;Birth1, gosta de JRPGs e histórias satíricas que relembram um pouco Disgaea. Em Re;Birth2 ainda foram acrescentados diversos finais e uma trama com uma importante crítica sobre o universo dos games, tudo isso, é claro, de forma muito divertida.

Para os amantes dos jogos, em especial de títulos de empresas japonesas, como seu antecessor, e gosta de humor, Re;Birth2 é também uma ótima escolha.

Inicialmente, senti falta da presença de Neptune como a personagem principal, mas Nepgear e companhia, com todo carisma que já era de se esperar, me conquistaram com o tempo. Os mais diversos eventos inusitados pelos quais todas as personagens passam também fazem valer muito a pena. Mais do que a infinidade de fanservices, algumas sacadas como quando a Cave menciona que seu “hitbox” é menor para passar entre as pessoas, é hilária, especialmente para quem conhece um pouco do universo de desenvolvimento de games.

Hyperdimension Neptunia Re;Birth2 Sisters Generation está disponível para Playstation Vita e também para PC através da plataforma Steam.

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Felipe Massahiro
Nerd / Articles

Jogador compulsivo, escritor obcecado, amante perturbado da literatura e jornalista de vez em quando.