Gamificação como estratégia de motivação

Alan²
Nibble Tecnologia
Published in
5 min readMar 5, 2020

Os jogos estão presentes em nossas vidas, seja acompanhando o nosso time, curtindo um joguinho no smartphone ou aquele carteado com os amigos. Quando jogamos nosso foco aumenta, ficamos motivados e o tempo parece passar depressa. Por outro lado, em atividades menos divertidas, como no trabalho, o tempo pode parecer arrastar-se.

O que torna os jogos tão engajantes e divertidos? Será que podemos incorporar as características dos jogos em nosso trabalho, aprendizado e atividades cotidianas para torná-las mais estimulantes? A resposta é sim, e isso pode ser feito através da Gamificação.

Gamificação é o uso de elementos e mecânicas de jogos (analógicos e digitais) em contextos não relacionados a jogos, como no trabalho ou na faculdade.

Naturalmente, as pessoas não se sentem tão entusiasmadas para resolver os problemas do dia a dia, pois essas atividades muitas vezes são repetitivas e monótonas, o que pode levar ao tédio e à desmotivação. Jogos, por outro lado, frequentemente oferecem desafios variados e novos objetivos a serem alcançados. Com a gamificação você pode incorporar elementos de jogos nas atividades diárias para ajudar a torná-las mais envolventes e motivadoras.

Muito mais do que entretenimento

As pessoas sempre foram atraídas por jogos. Independentemente do motivo pelo qual você joga — seja para socializar, conquistar troféus, explorar novos mundos ou derrotar outros jogadores e mostrar suas habilidades — os jogos nos divertem, ensinam, engajam e oferecem experiências que a realidade muitas vezes não pode proporcionar.

O psicólogo Barry Schwartz afirma que não somos motivados apenas por dinheiro ou benefícios. Desafio, autonomia, domínio e significado são tão importantes quanto a remuneração. Os jogos estimulam esses sentimentos, além de outros aspectos inerentes ao ser humano, como cooperação, competitividade, senso de realização e status.

Essas características mantêm você focado no jogo, estimulando sua capacidade de raciocínio, o que reforça as sinapses, aumenta a criatividade e e melhora a retenção de informações.

Com o auxílio da tecnologia, a gamificação está transformando a educação para as novas gerações, trazendo inúmeras vantagens no processo de ensino, especialmente para superar o desinteresse de alguns estudantes. Exemplos como a University 42 e o Duolingo (app de ensino de idiomas) utilizam a gamificação para facilitar o aprendizado e manter os estudantes motivados.

Gamificar não é criar um jogo em si, nem simplesmente distribuir pontos sem lógica, pois essas não são estratégias eficazes. Para implementar a gamificação, é crucial entender como a motivação funciona, considerando os diferentes perfis psicológicos das pessoas e como isso influencia suas ações.

Existem dois tipos de motivação: intrínseca, ligada aos sentimentos, gostos, desejos e prioridades internos do indivíduo, e extrínseca, que vem de fatores externos como dinheiro, notas ou elogios. As mecânicas de gamificação podem aumentar principalmente a motivação intrínseca e, quando combinada com a motivação extrínseca, pode aumentar significativamente nossa produtividade.

Mecânicas de gamificação

Para que sua estratégia gere resultados positivos, é essencial identificar as características que tornam os jogos tão atraentes. Ao compreender esses elementos, podemos aplicá-los para engajar as pessoas em outras atividades.

  1. Metas: estabelecer metas claras estimulam você a trabalhar com propósito, proporcionando uma sensação de satisfação ao alcançá-las.
  2. Regras: as regras definem as limitações de como os jogadores podem atingir as metas, incentivando a criatividade na execução das tarefas.
  3. Feedback: os jogos fornecem feedback contínuo para demonstrar o progresso do jogador. Por exemplo, cada vez que o jogador ganha uma vida, o indicador de vida aumenta ❤ ❤ ❤. Com esse feedback, o jogador pode avaliar seu desempenho e identificar quais ações precisam ser melhoradas.
  4. Recompensas: as pessoas gostam de ser recompensadas por seus esforços. Nos jogos, as recompensas costumam ser níveis, medalhas, habilidades, entre outros. Reconhecer o trabalho, valorizar os esforços e premiar as conquistas traz um sentimento de importância e incentiva maior colaboração.
  5. Jornada e aprendizado: os jogos fornecem instruções e ensinam os novatos a jogar. Nos videogames, a primeira fase costuma ser fácil, ajudando você a se familiarizar com as funções básicas, o ambiente e os recursos. À medida que sua experiência aumenta, as fases se tornam mais desafiadoras e novos recursos são apresentados. Ensinar os fundamentos básicos ajuda a entender como as tarefas devem ser realizadas. Conforme as pessoas evoluem, elas passam a desempenhar tarefas cada vez mais complexas.
  6. Liberdade para falhar: permitir que as pessoas falhem sem medo facilita o aprendizado. No jogo do Mario, quando você cai em um buraco, você perde uma vida. Tudo bem, o jogo recomeça. Você aprendeu a evitar os buracos. Aprender com os erros é essencial!

7. Participação voluntária: quando o jogador escolhe participar do desafio, é porque ele encontra os incentivos e motivações necessários para despertar seu interesse. A gamificação torna a busca por objetivos mais divertida e estimula as pessoas a serem proativas.

8. Personalização: quando as pessoas podem personalizar algo, elas criam um vínculo emocional, aumentando seu senso de valor e afinidade.

Exemplos de gamificação

Rink Bingo: para estimular o engajamento dos torcedores, esse time de hóquei criou um bingo. A equipe instalou sensores nos painéis laterais da pista e assim, quando os jogadores batem nos painéis, o número correspondente é transmitido no telão e smartphones dos espectadores. Aqui no Brasil um exemplo similar é o Cartola FC.

Loteria do radar de velocidade: cada um que ultrapassa o limite de velocidade recebe uma multa. Os que andam dentro do limite concorrem a uma parte do valor das multas. Assim fica bem mais interessante controlar a velocidade.

Aplicativos gamificados: Muitos deles você já deve ter usado ou pelo menos ouviu falar em algum momento:

  • Nike Run Club;
  • Zombie Run;
  • Waze;
  • Duolingo;
  • Habitica.

Nesses exemplos apresentei sistemas eletrônicos e aplicativos, mas a gamificação pode ser muito simples, como aquela brincadeira de “andar na rua e não pisar nas linhas” para se distrair até chegar ao destino. São pequenas ações que podem tornar nosso dia a dia mais divertido.

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