Diário do Ninho de Escritores #4
Ideias afetivas, valores da história, começo e fim da narrativa.
Seguimos registrando nossos principais aprendizados de cada encontro e compartilhando-os com o mundo. Se você está em São Paulo, venha conhecer o Círculo do Ninho de Escritores!
Aprendi que não há motivos para temer as possíveis ramificações que uma história pode oferecer
Quando criamos uma história, ela pode seguir qualquer direção. A depender dos personagens e das situações que criamos, tudo muda. Essa variação pode nos levar à crença de que a história é maior do que o autor, mas isso não é verdade.
A história está à serviço de quem a escreve. Ela é uma ferramenta poderosa para produzir experiências emocionais e transmitir mensagens sobre o mundo.
Aprendi que uma ideia pode ser afetivamente valiosa para o autor, mas irrelevante para o enredo
Quando temos uma ideia para escrever, é comum nos agarrarmos a ela e tentarmos mantê-la no texto com todas as forças. Ocorre que ela é apenas uma semente, uma possibilidade. O que vamos plantar no texto depende do que desejamos que floresça.
Podemos plantar sementes de todos os tipos? Sim, podemos. Queremos que o resultado seja um jardim lindo, organizado e apreciável? Então precisamos deixar algumas sementes de lado, guardá-las para plantar em outro jardim, porque nem todas as plantas combinam lado a lado.
Tem uma ideia que não está trabalhando a favor da história que você deseja contar? Guarde-a para o futuro, quando ela poderá ganhar o destaque que merece.
Aprendi a me perguntar sobre os valores da história e, assim, a encontrar um bom protagonista
A clareza sobre o que queremos dizer e o que queremos que o leitor sinta e pense é o que nos permite decidir quais sementes vamos plantar. Isso vale especialmente para identificar o protagonista da história. O protagonista é o veículo que conduz a emoção do leitor, portanto é um escolha fundamental em qualquer história.
Por isso, cabe sempre se perguntar: o personagem que escolhi para acompanhar nesta narrativa é o melhor personagem possível para esta história? Às vezes é apenas nosso personagem favorito, ou aquele que escrevemos com mais facilidade, mas não o que produzirá o melhor resultado.
Aprendi como encontrar um bom começo e como procurar um final
No planejamento de uma história, estamos sempre respondendo a duas perguntas: por quê? e e então?
Uma história começa quando a narrativa não precisa de porquês anteriores para dar seus primeiros passos. Os porquês existem, mas o leitor não precisa saber deles de início para ser tragado para dentro da história.
Uma história termina quando todas as questões principais levantadas durante a narrativa — em particular as que dizem respeito à busca do protagonista — já foram resolvidas. Mesmo que haja outras coisas acontecendo depois, elas pouco importam porque o mote da história foi resolvido.
Para reconhecer o começo e o final de uma história, também precisamos ter clareza do que queremos dizer e do que queremos que o leitor pense e sinta.
Texto indicado: Quer escrever uma boa história? Faça um mapa da narrativa