Diário do Ninho de Escritores #4

Ideias afetivas, valores da história, começo e fim da narrativa.

Tales Gubes
Ninho de Escritores
3 min readMar 22, 2017

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Seguimos registrando nossos principais aprendizados de cada encontro e compartilhando-os com o mundo. Se você está em São Paulo, venha conhecer o Círculo do Ninho de Escritores!

Aprendi que não há motivos para temer as possíveis ramificações que uma história pode oferecer

Quando criamos uma história, ela pode seguir qualquer direção. A depender dos personagens e das situações que criamos, tudo muda. Essa variação pode nos levar à crença de que a história é maior do que o autor, mas isso não é verdade.

A história está à serviço de quem a escreve. Ela é uma ferramenta poderosa para produzir experiências emocionais e transmitir mensagens sobre o mundo.

Aprendi que uma ideia pode ser afetivamente valiosa para o autor, mas irrelevante para o enredo

Quando temos uma ideia para escrever, é comum nos agarrarmos a ela e tentarmos mantê-la no texto com todas as forças. Ocorre que ela é apenas uma semente, uma possibilidade. O que vamos plantar no texto depende do que desejamos que floresça.

Podemos plantar sementes de todos os tipos? Sim, podemos. Queremos que o resultado seja um jardim lindo, organizado e apreciável? Então precisamos deixar algumas sementes de lado, guardá-las para plantar em outro jardim, porque nem todas as plantas combinam lado a lado.

Tem uma ideia que não está trabalhando a favor da história que você deseja contar? Guarde-a para o futuro, quando ela poderá ganhar o destaque que merece.

Aprendi a me perguntar sobre os valores da história e, assim, a encontrar um bom protagonista

A clareza sobre o que queremos dizer e o que queremos que o leitor sinta e pense é o que nos permite decidir quais sementes vamos plantar. Isso vale especialmente para identificar o protagonista da história. O protagonista é o veículo que conduz a emoção do leitor, portanto é um escolha fundamental em qualquer história.

Por isso, cabe sempre se perguntar: o personagem que escolhi para acompanhar nesta narrativa é o melhor personagem possível para esta história? Às vezes é apenas nosso personagem favorito, ou aquele que escrevemos com mais facilidade, mas não o que produzirá o melhor resultado.

Aprendi como encontrar um bom começo e como procurar um final

No planejamento de uma história, estamos sempre respondendo a duas perguntas: por quê? e e então?

Uma história começa quando a narrativa não precisa de porquês anteriores para dar seus primeiros passos. Os porquês existem, mas o leitor não precisa saber deles de início para ser tragado para dentro da história.

Uma história termina quando todas as questões principais levantadas durante a narrativa — em particular as que dizem respeito à busca do protagonista — já foram resolvidas. Mesmo que haja outras coisas acontecendo depois, elas pouco importam porque o mote da história foi resolvido.

Para reconhecer o começo e o final de uma história, também precisamos ter clareza do que queremos dizer e do que queremos que o leitor pense e sinta.

Texto indicado: Quer escrever uma boa história? Faça um mapa da narrativa

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Tales Gubes
Ninho de Escritores

Um olhar não-violento para uma vida mais livre, honesta e conectada. Criador do Ninho de Escritores, da Oficina de Carinho e do Jogo pra Vida.