5 características de um ótimo Business Architect

A mentalidade, Processo Seletivo & Os 3 principais erros das Empresas atraindo Arquitetos de Negócio

Julio Fontes
Coletividad
Published in
6 min readOct 31, 2019

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Foto do artista Fabien Oefner na série “Disintegrating” (2012) retirada daqui. Todos os direitos reservados.

Uma série sobre Business Architecture

Desde a publicação desses textos, toda semana várias pessoas me procuram no Linkedin com perguntas, pedindo mais conteúdos e referências. Diante dessa grande busca, decidi fazer desses conteúdos uma série sobre Business Architecture.

Se você quiser falar sobre Business Architecture, me procura lá no Linkedin.

Um ótimo Business Architect é alguém que anda com uma constante ‘vista explodida’ das coisas. Assim como na foto da Ferrari acima.

E assim como na foto, a pessoa Arquiteta de Negócio visualiza a “máquina” montada. Como ela deve parecer, o que tem valor e o que não funciona.

Ao mesmo tempo que ela enxerga essa ‘vista explodida’. As várias pequenas partes, o funcionamento individual e relação entre elas.

Tudo isso acontecendo sem que o Business Architect perca visão da pista, o melhor caminho para o horizonte, atento às ameaças e mudanças de padrão no trajeto.

A mentalidade do Business Architect

Um Business Architect com essa visão do todo, atenção aos detalhes e olho no horizonte pode ser resumida em 5 características:

  1. Perspectiva, pensamento lateral & visão
    Para encontrar oportunidades não descobertas.
    — Antecipar e responder à mudança.
    — Indentificar potenciais serviços (oportunidades) em ofertas de produtos.
    — Criar mapas de curto, médio e longo prazo.
  2. Inconformidade
    — Busca por eficiência e otimização contínua.
    — Ter excelência na utilização de ativos atuais.
    — Realizar uma atividade de negócio que some valor estratégico, comercial e competitivo.
  3. Capacidade de síntese
    — Abstrair a atuação da organização em um modelo comunicável de ‘capacidade de negócios’ que seja coerente e consistente.
    — Reduzir a complexidade nas unidades de negócios, processos, produtos, funções, abstrações e áreas funcionais.
    — Gerar dados e documentações que sejam acionáveis e relevantes sobre esses vários aspectos do sistema.
  4. Capacidade analítica
    — Um pensamento vertical, de passo a passo para uma conclusão lógica baseada nos dados disponíveis.
    — Desenvolver e criticar propostas de projetos sob vários pontos de vista, lentes e mapeamentos.
  5. Organização e execução
    — Ser um agente de transformação.
    — Manter a base de conhecimento da Arquitetura de Negócios da empresa e traduzir estratégia.
    — Mostrar relacionamentos, conexões e sobreposições entre elementos positivos e negativos, as oportunidades e as ameaças de negócio.
    — Criar um ‘conjunto de atividades’ de ponta a ponta.
    — Buscar encantar o cliente através de um Fluxo de Valor.

*mas a atuação de um Business Architect vai variar muito da empresa, do seu estágio, do estado da Arquitetura de Negócios atual, do objetivo, da maturidade da liderança, etc… Leve isso em extrema consideração.

O que mostrar no processo seletivo?

Essa mentalidade.

Além de uma capacidade de facilitação, comunicação, colaboração, liderança em equipes transdisciplinares, etc…

A maioria das empresas usa cases no seu processo seletivo.

O case é um problema ou situação de negócio, que pode ou não ser inspirado em desafios reais e específicos da empresa.

O objetivo do case é:

  • Te ver em um desafio comum na rotina e posição;
  • Perceber algumas características essenciais para a vaga;
  • Como você lida com o problema e a tomada decisões.

No blog do Nubank tem um exemplo legal e abrangente de case e entrevista.

Ele foi escrito pelo Guilherme Malavolta, Business Analyst por lá.

No post do guilherme, o case te põe na posição de decidir sobre uma mudança de modelo de negócio, que não está desempenhando bem, propondo uma solução específica.

Após o cenário são colocadas uma série de perguntas sobre os dados, pontos de análise e viabilidade dessa mudança.

Veja o post, vale a pena!

Qualquer que sejo o case ou exemplo você deve:

  1. Levar o seu tempo para refletir e não responder rápido — achando que isso mostra o quão inteligente você é;
  2. Questionar toda e qualquer premissa. Seja ela explícitas ou implícita;
  3. Visualizar cada componente isoladamente (uma “vista explodida” — como nas imagens);
  4. Pensar em capacidades, dependências, competições e relacionamentos entre cada componente;
  5. Priorizar;
  6. Comunicar o seu pensamento e conclusões de forma clara e direta durante todo o processo.
Visão de cima dos componentes de uma máquina digital. Photo by Vadim Sherbakov on Unsplash

Por exemplo:

  • Como isso se encaixa na estratégia geral da empresa?
  • Quais eram os outros elementos dessa estratégia?
  • Quanto dinheiro está sendo perdido mês a mês? Como o trimestre se compara ao mesmo período do ano passado?
  • Como outros setores se comparam ao nosso desempenho financeiro? Quais são as condições de negócios? Algum problema político ou econômico?
  • É necesário algum investimento para essa mudança? Quais? Estoque, logística, novas máquinas, equipamentos, pessoas, treinamento, ferramentas?
  • Existe alguma pendência contratual sob os ativos e atividades atuais?
  • Os fornecedores conseguem suprir essa nova demanda? Serão necessários novos fornecedores?
  • Ocorreria algum déficit operacional decorrente da troca?
  • Qual é o nível de competitividade nesse novo segmento?
  • Qual é a projeção? Ela justifica essa mudança e investimento?
  • Algum estudo ou pesquisa foi realizada sobre essa demanda? Essa é realmente a dor do nosso cliente?
  • Qual é a timeline da empresa? E a expectativa de resultado?
  • etc…

Questione.

*novamente: o processo seletivo vai variar muito da empresa e seu estágio, da pessoa conduzindo seu teste, do estado da Arquitetura de Negócios atual, da maturidade da empresa, etc…

Os maiores equívocos das empresas atraindo Business Architects

Com a Arquitetura de Negócios ganhando espaço de destaque nas organizações, várias contratações serão mal feitas.

Isso é natural.

O papel é novo e exige amadurecimento do mercado em geral, seja profissionais, seja das empresas sobre o que é, e o que não é Business Architecture dentro do contexto de cada empresa.

Vamos ao 3 principais erros:

  1. Liderança fraca
    — Sem uma visão estratégica sólida, perspectiva de Produto ou de Negócio. Esse tipo de liderança acabam delegando responsabilidade essenciais e estratégicas aos Arquitetos de Negócio, e muitas vezes sobrecarregando de exigências por soluções, por na verdade não saber o que fazer e para onde levar a organização.
    — Importam padrões e modelos de outras empresas “por que é a nova onda do mercado”, sem necessariamente entender a oportunidade específica e maturidade da própria organização.
    — A (ausência de estratégia causa uma) quebra na capacidade do Arquiteto de Negócio moldar o negócio, criar e manter a base de conhecimento da Arquitetura de Negócios da empresa, seja através de mapas compreesíveis de capacidade e/ou de fluxos de valor.
  2. Estereótipo
    —Organizações estão presas (no tempo) nesse estereótipo sobre a trajetória, a formação e a personalidade de um Arquiteto de Negócio. Sem reconhecer que são novos tempos, com novas práticas, modelos e perspectivas de negócio, em comparação a época em que a Arquitetura de Negócios foi inserida como prática.
    — Perfil analítico. Sim, é importante mas eu acredito que ele pode vir de qualquer lugar, e que a maioria das vezes as organizações ignoram o efeito da diversidade e como a Inovação realmente acontece. Eu acredito por exemplo no poder das histórias no negócios — não só dos números ouda tecnologia para prever futuros possíveis, oportunidades e principalmente ameaças.
  3. Falta maturidade da organização
    — Consequentemente falta uma demanda estratégica complexa o suficiente para exigir um Arquiteto de Negócio e os recursos qualificados.
    — Criar redundâncias de papéis. Tratar o Arquiteto de Negócio como um Product Manager ou Project Manager na organização.
    — Atuação isolada e restrita a uma única atividade de negócio. Isso ignora várias presmissas básicas do Arquiteto de Negócio: 1. Atuar na integração de dois ou mais processos/unidades multifuncionais diferentes em um resultado mais simples, ágil e eficiente; 2. Operar nos níveis estratégico, conceitual e de execução; 3. Ser um catalisador de transformação da empresa, fazendo a ponte entre várias equipes da organização.

Conclusão

  1. O Business Architect é uma área em expansão. A crescente complexidade das organizações, seus modelos de negócio e o futuro das possibilidades que elas enfrentam vão exigir cada vez mais esse perfil. Então será cada vez mais comum ver vagas para essa posição.
  2. Se você quer ser uma pessoa que arquiteta negócios, invista em você, desenvolva a mentalidade de um Business Architect e procure por pessoas que já atuam na área para conhecer diferentes experiências, trajetórias, demandas, etc…
  3. Se você é uma organização avalie se você realmente tem a complexidade e a maturidade organizacional para trazer Arquitetos de Negócio.

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Julio Fontes
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Entrepreneur, Designer, Data and Product Person, Business Architect, Creator of Colearning Spaces, Inventor. @Coletividad @Visitei @Colearning — coletividad.org