Pesquisa de texto: realidade a serviço da criação

Por Natali Zarth, pesquisadora de Novo Mundo

Rede Globo
NovoMundo
4 min readMar 18, 2017

--

Foto: arquivo pessoal

O trabalho do pesquisador de texto está sempre muito presente nas obras de dramaturgia, mas acredito que a maioria do público desconhece essa função dentro de uma novela.

O pesquisador é responsável por todos os temas relacionados à vida real, dando embasamento aos autores sobre qualquer assunto abordado na novela.

Qualquer assunto mesmo. Pode ser algo na área médica, jurídica, ou… como explodir um barco! Sim, qualquer pergunta é possível e ela será feita! Os autores precisam fazer perguntas, e somos nós, os pesquisadores de texto (cada obra tem uma pessoa nessa função), que vamos atrás dessas respostas. Cada obra é uma obra, cada autor é um autor. Ou seja, não há um padrão. O que deve ser sempre levado em consideração, e acredito que é esse o principal trabalho do pesquisador de texto: encontrar as melhores fontes para nos aprofundarmos nas perguntas que foram formuladas.

Francisco Vieira, consultor de Novo Mundo (Foto: Arquivo Pessoal)

Mas vamos falar sobre Novo Mundo! Tenho a melhor parceria que poderia esperar: o historiador Francisco Vieira (Veja o texto dele no Medium). Acho o trabalho de pesquisa bastante solitário. Claro, há o contato direto com os autores e seus colaboradores (escrevem junto com os autores), mas a minha função é única dentro da obra, e muitas vezes me vejo tomando decisões sobre quais caminhos seguir — questões de desenvolvimento da história e até mesmo questões éticas, por vezes. Então ter como colega de trabalho um excelente historiador é uma sorte tremenda.

Brasil não é para amadores!

Dedico-me, então, a questões mais pontuais tratadas na novela. O tema mais amplo nesse caso são os índios, e dentro dessa questão temos as particularidades. Para entenderem um pouco melhor como trabalhamos: como os índios viviam em 1821 em determinada região? Dá-lhe pesquisa no tema. Resposta elaborada. Seguimos nessa direção ou mudamos? Vamos criar nossa própria tribo? Como eles viviam? Como se vestiam? Como falavam? O que comiam? Como celebravam, guerreavam, amavam, e por aí vai…

Fotos: Cesar Alves / Globo

Fazer a pesquisa de Novo mundo é uma viagem ao velho mundo.

Hoje, em 2017, não paramos para pensar como as coisas eram. O que é feito de forma simples hoje, não era feito da mesma maneira lá em 1821. Se tudo parece óbvio hoje nesse mundo moderno, se tudo já parece existir como é, sem nunca ter sido diferente, temos que sempre nos perguntar como isso era feito em 1821. Pense em qualquer assunto. Um simples. Mamadeira! Sabe responder? Ter a resposta de como eram as mamadeiras na época já nos traz um monte de outras informações, sobre outros assuntos inclusive. E é disso que se trata esse trabalho.

A pesquisa de texto coloca a realidade a serviço da criação.

Os autores (Thereza Falcão e Alessandro Marson) e os colaboradores (Duba Elia, João Brandão e Rene Belmonte) são muito criativos e competentes profissionais. São também pessoas admiráveis, de coração bom, e isso é algo de muito valor pra mim. Além disso, ver de “camarote” a criação e o desenvolvimento de uma história sobre a vida de personagens reais de um País é outra grande alegria. É diferente pesquisar gente que existiu de verdade, que amou, que odiou, tramou, que foi infeliz, ou que buscou a felicidade… Pessoas que abriram mão da sua vida para viver um papel. Príncipes e princesas. Reis e Rainhas. Descobrir o que está por trás dessas máscaras é empolgante e enriquecedor.

Foto: Raquel Cunha / Globo

Eu não poderia estar em melhor companhia, em todos os sentidos. Que venha Novo Mundo!

Com estreia prevista para 22 de março, ‘Novo Mundo’ é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção artística de Vinícius Coimbra.

Gostou do texto? Nós queremos saber sua opinião. Clique no botão “Recommend” e ajude a circular esse post para mais pessoas. ❤

Veja outros textos sobre a novela ‘Novo Mundo’ aqui!

--

--