O Porvir do Brasil

Felipe J.S. Ant
O Cangaceiro, uma visual novel
3 min readDec 8, 2016

Para pensarmos nos tempos atuais…

Escreveu José Passos Filho no jornal A IMPRENSA ………

Nos últimos tempos o sufrágio-bela conquista das democracias-decaiu muito de sua importância eletiva, tornando-se, nas mãos dos políticos profissionais — uma coisa meramente especulativa e impatriótica. Impatriótica porque visava, somente, a interesses pessoais, ferindo quase sempre, os da coletividade. O vocábulo “eleição” passou a ter sentido pejorativo; antes mesmo de as urnas se manifestarem já se sabia com certeza quais os ELEITOS — porque a “chapa oficial” era tudo e a vontade popular nada!

Não havia mais gosto nem entusiasmo pelas pugnas eleitorais que, não raro, degeneravam em pugnas cruentas.
Os felizardos ELEITOS e RECONHECIDOS,- filhos gerados pelas politicas dominantes iam, na Câmara ou no Senado-defendê-la, de lança em riste em, ás vezes, violentas justas, com os colegas adversários; e dai, se tornarem tumultuarias as sessões, com grave dano e escândalo para a dignidade e compostura parlamentares e prejuízo certo para os cofres públicos.

Em suma, se tratava mais de politica do que de legislatura e finanças. O Congresso se devia encerrar por lei em setembro, mas por praxe só se fechava em 31 de dezembro (porque o mês não tinha 32 dias.) deixando-se sempre para o fim do ultimo trimestre, a discussão das leis de despesa, aprovadas,
apressuradamente, quase, como se diz, ao “apagar das luzes” e, por isso mesmo muitas vezes, cheias de lacunas. De certos anos para cá, o verbo mais conjugado pelos senhores deputados e senadores era o “tributar” ao invés do “lesgilar”- despejando-se no tonel das Danaides todo o dinheiro arrecadado (parece não ser bem o termo: extorquido, seria melhor) que nunca o conseguiu encher. Esgotadas todas as fontes tributárias exploráveis, apelou-se para as inxexploradas — o imposto sobre a renda, o territorial -e o tonel sempre Vazio!

PAPAGAIOS QUEREM MILHO

Ora, é escusado dizer-se que um tal Congresso (um, tanto quanto SALGADO para os cofres públicos) é perfeitamente dispensável, mesmo no período de constitucionalidade porque, longe disimir questões e aplanar dificuldades, o que fazia muitas vezes é a criá-las. É sabido que as nossas melhores leis- aquelas que honram a jurisprudência mundial — não foram feitas no Congresso, mas fora dele. A demais — o sistema parlamentar está em decadência (há quem afirme já ser um sistema falido — Não avançaremos a tanto)
É Patriotismo e Patriotismo porque estamos em estado de aperturas financeiras, façamos uma experiencia, elejamos, caso seja necessário restaurar o Congresso para exercerem o mandato de deputados e senadores, homens dignos, independente, competentes e ricos que, por simples patriotismo exerçam, gratuitamente o mandato. (aliás, isto já não é nenhuma) concedendo-lhes o governo, como é de justiça, certas regalias publicas… Então é que veremos quem é patriota ou quem é patróta. Se há realmente no Brasil “patriotismo”ou patrótismo (O neologismo não é nosso)

Sobral, 2 de Janeiro de 1932.

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Felipe J.S. Antunes

O Cangaceiro é um projeto de Visual Novel baseado no sertão nordestino de 1932. Saiba mais sobre o projeto clicando aqui!

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Felipe J.S. Ant
O Cangaceiro, uma visual novel

Quando escrever um livro, me chamarei escritor. Enquanto isso, vou tentando