Espiritualidade

Yoga: O Milenar Caminho de Autoconhecimento

Um bate-papo com o professor de Yoga, Iago Haddad, e as dúvidas mais frequentes sobre o tema

Pablo Gauna
O Chamado do Guerreiro
16 min readMar 20, 2021

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“Quando você é inspirado por algum grande propósito, algum projeto extraordinário, todos os seus pensamentos rompem seus laços: sua mente transcende as limitações, sua consciência se expande em todas as direções e você se encontra em um mundo novo, grande e maravilhoso.

Forças, faculdades e talentos adormecidos ganham vida, e você descobre que é uma pessoa muito maior do que jamais sonhou ser.”

Saudações, Almas Guerreiras!

É com esta emblemática frase de Patañjali - autor dos tradicionais Yoga Sutras - que iniciamos este artigo. Afinal de contas: o bate-papo de hoje é sobre Yoga.

Mas o que é Yoga?

Uma religião? Uma atividade física? Como ele é dividido? Quais os benefícios da prática?

Tudo isso e muito mais será esclarecido com a ajuda do (professor e instrutor de Yoga) Iago Haddad, que há mais de 10 anos leciona e estuda este milenar caminho de conhecimento.

Sem mais delongas…

Fotografia: Wesley Tingey

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(Pablo) - O que é exatamente Yoga? Uma religião? Uma atividade física? Uma ginástica?

(Iago) - O Yoga é um dos seis grandes Darshanas da Índia (as seis grandes visões filosóficas) que influenciam toda a cultura indiana - uma delas é o Yoga.

Portanto, é uma visão que influencia toda a cultura indiana. E o Yoga, em essência, é um caminho de autoconhecimento (um pouco diferente do que se entende modernamente).

Fotografia: Jaume Escofet

No primeiro momento, o Yoga - como caminho de autoconhecimento integral - considera o ser humano de forma holística… íntegra. O Yoga (dentro dessas visões da Índia) é o conhecimento que nos ensina sobre o funcionamento da mente, os relacionamentos, a reduzir os nossos sofrimentos, perturbações e a chegar a um ponto de sabedoria.

Portanto, o Yoga é um caminho de autoconhecimento que visa a redução e a gradual eliminação das nossas perturbações, dos nossos obstáculos internos, em direção à sabedoria — e isso envolve muito o relacionamento.

Relacionamento com nós mesmos, com os demais e com a natureza.

(Pablo) - Como o Yoga é dividido?

(Iago) - O Yoga divide-se em duas grandes colunas:

Uma é conhecida como Ashtanga Yoga - as oito partes do Yoga, que mais se conhece no ocidente. É a parte prática formal do Yoga. É onde estão as práticas de Asanas (posturas), pranayamas (técnicas respiratórias) e todas as técnicas direcionadas à meditação, que são as práticas mais sensíveis no Yoga.

Mas isso é somente uma coluna do Yoga — que serve, essencialmente, ao desenvolvimento de qualidade mental.

Antes disso, temos os Yamas e Nyamas — que são os olhares sobre os relacionamentos com nós mesmos e com os demais — onde temos alguns preceitos do Yoga, como se fossem códigos de conduta.

Portanto, o foco principal do Yoga — mesmo na questão prática — é a mente.

Fotografia: Julie Ricard

O próprio corpo está em uma esfera secundária, dentro desses benefícios todos que o Yoga tem.

O foco principal é o desenvolvimento da qualidade mental — principalmente para apoiar a segunda coluna do Yoga, que é a coluna que predomina o caminho do Yoga: conhecido como Kriya Yoga (o Yoga do cotidiano, o Yoga da ação).

A segunda coluna é a parte do Yoga que nos ensina a lidar com as questões do dia a dia. É onde vemos todo o conhecimento sobre os obstáculos internos, como trabalhar na redução e eliminação desses obstáculos internos, muito mais sobre o relacionamento no cotidiano — o caminho prático do Yoga no dia a dia.

O alvo principal do Yoga está no Kriya Yoga, porque é dito que a partir dos relacionamentos e desse caminho que acontece no cotidiano que realmente nos conhecemos, temos a oportunidade de dissolver e reduzir os obstáculos internos para alcançarmos a sabedoria.

Também há a preocupação de que existam benefícios não somente para nós mesmos, senão para a humanidade. Isso é muito forte no caminho do Yoga também.

Essa busca de libertação dos obstáculos internos e de aquisição de sabedoria não vai apenas em direção de uma conquista individual, mas sim de algo que possa se tornar — em algum momento — serviço. Que possa sobrar e transbordar para as pessoas ao redor — aos demais.

Portanto, o caminho do Yoga é um caminho que se preocupa. Não é um caminho que vai em direção a um isolamento social. Ele vai numa direção de relacionamento, uma melhora a partir do relacionamento.

(Pablo) - E de que outras formas ela pode impactar positivamente nossas vidas? Quais são os outros benefícios de praticar Yoga?

(Iago) - Num primeiro momento, o Yoga tradicionalmente vê este caminho como individual. A abordagem tradicional do Yoga é feita a partir de um acompanhamento individual — entre professor e aluno.

A direção do Yoga é no sentido de mais saúde, equilíbrio e sabedoria. O caminho para que isso aconteça é muito diferente para cada indivíduo.

Lá na Índia, inclusive o Yoga é a psicologia tradicional, pois dentro do Yoga temos todos esses conhecimentos relacionados à psique.

Por outro lado, O Yoga como prática física — pois estes elementos também são fortes dentro da tradição do Yoga — entende-se que as dores físicas também geram perturbação para a mente. Então é dada uma atenção para esta esfera.

Nesse quesito, a prática do Yoga é considerada uma das melhores, senão (humildemente falando) a melhor atividade física que existe — por ser muito equilibrada e também levar na direção de redução da excitabilidade mental, das angústias, das perturbações mentais.

Deste ponto de vista, a prática/caminho/acompanhamento tem diversos benefícios e quem vai direcionar isso, que benefícios a prática terá, vai muito da necessidade do praticante/aluno.

São benefícios que vão desde a questão psicológica — por toda a completude que o Yoga tem nessa direção, de acolher e entender o indivíduo e suas estruturas internas…

Fotografia: Chelsea shapouri

Então os benefícios vão desde essa parte psicológica/acompanhamento psicológico (podemos enumerar diversas coisas: diga seu problema que colocaremos um benefício).

Numa abordagem psicológica, a pessoa, por exemplo, procura o Yoga por uma questão de ansiedade/ acompanhamento psicológico e o estudo pode trazer mais estrutura de sabedoria para que essa ansiedade seja combatida.

Por outro lado, temos a parte física. Este elemento físico também tem ferramentas para auxiliar na redução e eliminação dessa ansiedade — seja pelos pranayamas ou de asanas.

Se a dificuldade é num relacionamento familiar ou profissional, a partir da conversa, estudo, reflexão, o Yoga pode ajudar a desfazer esses nós, a trazer mais clareza dessas questões.

Se a questão é mais física (falta de força física, flexibilidade), a partir da prática física do Yoga isso também pode ser servido. É claro que dentro da visão do Yoga, isso precisa ser muito bem orientado para que siga na direção adequada.

Existe esta ferramenta. Mas sempre dentro do Yoga ela estará sendo apoiada por algo mais profundo, elevado. “Por que desenvolver força física? Para que eu devo tratar uma patologia, uma dor?”

Essas reflexões são acompanhadas junto com o processo terapêutico, mesmo quando físico.

O indiano T.K.V. Desikachar (filho de um dos maiores nomes do Yoga, Krishnamacharya) — um dos grandes professores de uma tradição que é viva até hoje de Yoga — dizia que:

“No caminho do Yoga é mais importante a gente aprender melhor com os nossos problemas do que corrigi-los”

E esta é uma das poucas tradições, linhas tradicionais de Yoga vivas até hoje. Falo poucas, pois conheço somente essas. Talvez haja outras assim.

(Pablo) - E como exatamente as posturas (Asanas) ajudam no trabalho interno da pessoa?

(Iago) - O que mais auxiliará o praticante/indivíduo numa gradual aquisição de maior clareza é a conversa.

Muito do processo do Yoga, do atendimento individualizado, se dá no relacionamento entre professor e aluno através de uma boa conversa, bom papo. E esse aspecto de relacionamento se desenvolve muito ali.

Fotografia: Cynthia Magana

Os Asanas,pranayamas e meditação entram nesta primeira coluna principalmente com o objetivo de desenvolver qualidade mental, melhorar a capacidade de atenção e sensibilidade mental.

O que acontece muitas vezes é a pessoa tem um problema na família ou problema de relacionamento e a mente está muito perturbada.

E no momento da dificuldade, a pessoa tem uma incapacidade de olhar para aquilo com um pouco mais de tranquilidade, um pouco mais de espaço psicológico — porque a mente está muito agitada, existe muito movimento mental.

Às vezes esse excesso de movimento mental impede até mesmo a compreensão de uma boa conversa, um conteúdo que está sendo apresentado.

Então a prática de asanas, pranayamas e meditação elas vêm numa direção de desenvolver mais qualidade de atenção, mais sensibilidade respiratória e mental para que haja capacidade de refletir sobre questões mais profundas, sensíveis.

Fotografia: Le Minh Phuong

Essas práticas criam um espaço psicológico maior para que — ao realizar um estudo, uma troca e a pessoa vai desenvolvendo qualidade mental — com isso, com essa sabedoria sendo estruturada pela conversa e estudo e a qualidade mental sendo desenvolvida através da prática no cotidiano a pessoa torna-se mais capaz de fazer escolhas/tomar ações mais conscientes.

Dá para entender o motivo disso — ela prepara a pessoa para lidar com as situações.

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(Pablo) - E qual é a diferença do Yoga e Pilates?

(Iago) - São coisas completamente diferentes. Yoga é um caminho de autoconhecimento que considera o ser humano de uma forma integral, então existem as práticas de posturas (asanas) dentro do Yoga, mas isso está dentro de um contexto muito bem amarrado, que nos leva a uma direção específica — já descritas.

O Yoga é muito antigo: o principal texto “Os Yoga Sutras de Patanjali data de 400, 500 AC. E os objetivos do Yoga são muito claros, assim como as práticas — de nos levar na direção que o Yoga prevê.

A própria manutenção da saúde tem um papel muito específico também, dentro da prática — que é o de reduzir perturbações, manter uma qualidade de vida e mental mais adequada para que os aspectos mais elevados do Yoga possam ser desenvolvidos.

Fotografia: Patrick Fore

O Pilates é totalmente voltado ao aspecto físico do indivíduo, aspecto corporal. Então, não existe essa outra preocupação em relação a essas esferas mais sensíveis do ser humano — a esfera mental, a esfera espiritual. Isso faz com que sejam metodologias completamente distintas.

Não saberia dizer ao certo se o Pilates sofreu influência do Yoga: talvez um bom fisioterapeuta, profissional de Pilates ou educador físico possa esclarecer melhor esta questão.

Mesmo que tenha alguma influência do Yoga, quando sai do contexto do Yoga, já não é mais Yoga (e está tudo bem). Porém, asana só é asana quando está inserido dentro desse contexto de integralidade entre corpo, respiração e mente.

Quando sai deste contexto, mesmo que seja parecido ou inspirado, já está muito distante do que de fato é o Yoga.

(Pablo) - Qual é a relação dos mantras e Chakras com a Yoga?

(Iago) - O Yoga considera outras anatomias, diferentes das físicas e modernas que conhecemos aqui no ocidente. O que estrutura a prática de Yoga é a reflexão sob outras abordagens anatômicas. Uma destas abordagens anatômicas é a abordagem das dimensões (mayas).

O Yoga descreve cinco dimensões pelas quais o indivíduo se expressa: temos a física, pranamaya (uma relação mais energética), manomaya (mental, intelectual e emocional), personalidade (causal, individualidade) e um último mais elevado, que está relacionado com as emoções mais profundas, superiores (algo mais profundo/elevado e sensível que a mente).

Quando se fala de mente no Yoga, consideramos tanto pensamentos quanto emoções e emoções estão ligadas.

Dentro desses conceitos — pranamaya e de manomaya — a partir de algumas fontes existem esses conceitos dos Chakras (pontos energéticos ou marmas), que são pontos que tem uma relação física, mas são pontos mais sensíveis, energéticos.

Fonte: Wikimedia Commons

Dentro do Yoga não se usa muito o conceito de Chakras. O conceito de Chakras é mais usado no sentido simbólico para que seja compreendido uma outra questão mais sensível.

O conceito de Chakras é usado muito no ocidente de forma moderna, mas acredito que — dentro dos estudos que realizo — isso acontece dessa forma porque não há um estudo muito tradicional e cuidadoso sobre o que é o Yoga.

Por exemplo: nos textos principais do Yoga você nem vê esse conceito de Chakra sendo falado. Existem outras linhas de conhecimento que falam muito mais disso e, quando vieram ao ocidente, essas coisas se misturaram muito.

Essa mescla de conceitos acaba confundindo um pouco as coisas.

É bem complexo esta relação dos Chakras. Quando o Yoga fala de Chakras em alguns livros, considera-se a existência desses pontos energéticos, em textos não tão importantes são falados sobre os Chakras em um nível de simbolismo para que tenha uma relação de reflexão e meditação.

Normalmente quando fala-se nesses textos de Yoga sobre os Chakras, é no sentido de fazer uma reflexão específica ou de colocar uma intenção específica para direcionar a mente a tal objetivo escolhido — vai muito mais nessa direção do que na direção que percebemos hoje em dia, que é a de fazer um estímulo através de uma postura ou através de um mantra.

Para o Yoga, da forma como venho estudando e entendendo dentro da abordagem tradicional, quando se fala em Chakras eles serão usados mais no contexto de meditação.

O ponto do coração (por exemplo) está muito relacionado com amorosidade, muita luminosidade.

É dito que mágoas profundas são guardadas nesse ponto. Então, ao meditar neste centro, posso entrar em contato com essas mágoas, com essa luz e capacidade de amorosidade — através da meditação vincular com a qualidade de tal centro.

Fotografia: Darius Bashar

No Yoga, tem uma relação mais simbólica e meditativa. Até onde eu conheço da parte tradicional e conversando com meu professor (aluno do Desikachar) que vem desta linhagem, não se usará uma postura ou uma prática para você estimular o Chakra — até porque o Yoga considera todas essas anatomias e todas elas estão integradas.

Então existe uma série de coisas para serem consideradas dentro de uma prática — quando você está movendo seu corpo, fazendo pranayama ou cantando, tem uma série de coisas envolvidas. Todas essas esferas, dimensões estão envolvidas nesse processo.

A prática não vai ter um estímulo específico em um chakra/centro. Podemos também fazer isso se temos um objetivo específico ou trabalhar uma reflexão específica numa direção, esse elemento pode ser inserido. Mas lembrando: ele vai mais numa direção de vínculo mental e a reflexão e a união das qualidades daquele objeto que foi escolhido do que o estímulo fisiológico (digamos assim).

(Pablo) - A prática da Yoga está ligada a uma dieta/alimentação em específico?

(Iago) - Dentro do conhecimento do Yoga não é abordada esta questão toda de alimentação específica ou estilo de rotina e tudo mais.

Mas o Yoga não é um conhecimento que anda sozinho — inclusive para que se estude Yoga de uma forma mais profunda, é até necessário que haja uma boa compreensão de Samkhya, que é um outro Darshna, uma outra grande visão da Índia — que é considerada uma das grandes filosofias da Índia. Fala sobre a criação, a estrutura do indivíduo.

É necessário o estudo de Samkhya para entender o Yoga de forma completa e a gente também o Ayurveda, que é o conhecimento médico tradicional da Índia — que também é estruturado pelo Samkhya — e uma essência irmã do Yoga.

São coisas que andam muito juntas, porque o Yoga pode não olhar diretamente para a questão da alimentação, mas ele entende que as perturbações físicas geram perturbações mentais e podem servir de obstáculo para o caminho de autoconhecimento.

Portanto, nessa consideração o yoga anda lado a lado com a Ayurveda para que sejam entendidos e adequados todos os aspectos relacionados à alimentação, hábitos diários e ao sono — esses três aspectos.

Fotografia: Chinh Le Duc

Quem traz esse olhar para dentro do processo do Yoga é o Ayurveda. Krishnamacharya — esse grande professor — falava muito sobre isso:

“O bom terapeuta/professor de Yoga precisa ter também um amplo conhecimento sobre a Ayurveda, porque muitas das perturbações/obstáculos estão em uma dessas três colunas/esferas que a Ayurveda traz como os pilares da saúde.”

Isso precisa ser incluído dentro desse caminho.

(Pablo) - Quem pode ou não praticar Yoga? Há restrições?

(Iago) - As únicas restrições que são descritas é quando a pessoa não consegue pensar ou respirar por conta própria.

A pessoa que tem um problema/doença mental muito agravada, que não consegue coordenar as próprias funções sensoriais e mentais acaba impossibilitado de seguir o caminho do Yoga.

Mesmo essas pessoas muitas vezes alguma coisa, alguma das esferas da prática podem ser realizadas. A impossibilidade acontecerá num nível bem agravado disso, onde a pessoa tem nenhum tipo de coordenação mental e sensorial — não consegue se mover, não consegue coordenar a respiração e tudo mais.

Fora isso, o Yoga é para todos.

Lembrando que o Yoga não são só posturas — é todo um caminho de autoconhecimento integral. Então, mesmo que a pessoa não consiga se mover/andar e tiver as faculdades mentais saudáveis, ela consegue praticar Yoga, estudar, refletir.

As grávidas, por exemplo, mesmo em situação de risco — que ela não possa fazer nenhum tipo de atividade física, elas poderão conversar, estudar e realizar pranayama.

Então, de uma forma geral, o Yoga é para todos. As limitações, impossibilidades são mínimas — são em casos muito extremos.

(Pablo) - Praticar Yoga é caro?

(Iago) - O Yoga (e todo o caminho de autoconhecimento) é algo que não está muito inserido em nossa cultura, não é algo totalmente difundido, que está dentro das questões sociais/públicas.

Fotografia: Wikimedia Commons

Existe, mas não está de uma forma ampla ainda. Então acaba que o acompanhamento com o Yoga hoje em dia se torna um pouco seletivo por esses fatores.

Os profissionais que optam por lidar com isso, acabam por cobrar para poder sobreviver disso e — por toda uma questão social — esse valor não é acessível a todos.

Inclusive a abordagem tradicional do Yoga é algo que nem vi muito por aí, incluído em contexto mais social — são movimentos que precisam se desenvolver muito mais.

Portanto, para realizar um acompanhamento individual com professor, estudo, curso, exige custo — e considero que este seja um pouco alto para classes mais baixas.

Claro que muitos professores, assim como eu me incluo neste grupo, tentamos trazer formas de incluir — através de preços módicos e compreensão — pessoas de todas as classes.

São esforços possíveis e que vejo que poderiam ser melhores dentro do contexto maior.

(Pablo) - Há diferenças entre Yoga online ou presencial?

(Iago) - Um ponto negativo é a falta de contato pessoal. Yoga é relacionamento entre professor e aluno. Essa falta de contato olho-olho, principalmente da parte prática, quando estamos trabalhando com o corpo, fica um pouco mais difícil no online.

Não é impossível, mas um obstáculo que dificulta um pouco o processo.

Outra dificuldade que eu percebo é que acabamos dependendo da tecnologia. Se a internet está funcionando mal, ela acaba atrapalhando um pouco o processo da aula, mas também não é nada que impeça o processo — é um pequeno obstáculo que surge, inclusive em detrimento a uma série de coisas que dificultavam o presencial.

O que facilitou muito aos alunos foi a possibilidade de fazer o acompanhamento em casa, fazer os encontros a partir de casa — não precisar sair, pegar trânsito. Então, tive muito mais procura que desistência, porque facilitou para as pessoas.

Pegar uma hora durante a semana para fazer um encontro, sem precisar sair de casa, trânsito, se preocupar com horário pois já está em casa…

Então tem essa facilidade — tanto para o aluno quanto ao professor, que não precisa se deslocar para um outro local.

(Pablo) - Quais seriam suas dicas para quem está iniciando a Yoga? Como começar?

(Iago) - A melhor forma para uma pessoa começar a praticar de uma forma segura e bem estruturada é pegar um professor, que seja confiável e que tenha um professor também.

Que esteja vinculado com uma linhagem, um estudo continuado. Esta seria a forma mais segura e proveitosa de uma pessoa começar a seguir o caminho do Yoga.

(Pablo) - Quais são suas recomendações de leituras, conteúdos etc?

(Iago) - O melhor livro, na minha opinião, é O Coração do Yoga do TKV Desikachar. É um livro muito bem estruturado, baseado no principal texto do Yoga — Yoga Sutras de Patanjali. Ao mesmo tempo que é simples, é muito profundo e completo.

Para os mais inquietos, sugiro os materiais do meu professor — Jorge Knak. Ele tem um blog (psicologiadoyoga.com.br) com uns textos muito bons sobre o Yoga.

É um professor que está há muitos anos vinculado à linhagem tradicional do Yoga e ele escreve muito bem. Ele também tem um canal no YouTube com conteúdos bem interessantes e estruturados sobre o Yoga.

Inclusive quem quiser estudar Yoga/se aprofundar, o curso que eu indico é o curso com ele, com uma abordagem tradicional do Yoga.

(Pablo) - Para encerrarmos nosso bate-papo, alguma mensagem final?

(Iago) - Uma coisa que eu sugiro é paciência e ir devagar com os estudos:

O Yoga não é uma coisa que funciona dentro desse movimento moderno que a gente tem, de excesso de consumo de conteúdo.

Minha sugestão seria consumir o conteúdo de forma adequada, com calma, e com bastante atenção.

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*Entre em contato com Iago Haddad para saber mais sobre Yoga e aulas individuais, através de seu Instagram @iagoyoga.

Abraços de Falcão,
Pablo Gauna

Escritor do blog O Chamado do Guerreiro.
O Falcão também está presente no facebook, Instagram e LinkedIn.

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Pablo Gauna
O Chamado do Guerreiro

“We are a circle within a circle, without a beginning and without an end”