O crente e o mês do orgulho LGBT

Como devemos nos comportar?

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readJun 25, 2024

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Photo by Carlos de Toro @carlosdetoro on Unsplash

Chegou o mês de junho, trazendo consigo o dia 28, o dia do Orgulho LGBTQPIAN+. E essa é mais uma data onde cristãos se vêem sem saber o que fazer, pois de um lado há pregações de seus principais pastores viralizando com mensagens que muitas vezes embarcam no trem do extremismo, enquanto do outro lado, sua empresa pinta desde cordões de crachá até as sobremesas do refeitório com as cores do arco íris.

Sem contar as escolas — as meninas dos olhos do mundo conservador . A cada tema de trabalho trazido pelas crianças, parece que a ameaça fake do “kit gay” escolar está mais perto de se tornar realidade.

O objetivo desse texto — e desse blog — é tentar traçar um caminho de moderação. Acredito que é possível ser moderado sem abdicar de princípios cristãos. Ou melhor: é necessário ser moderado. Pois neste mundo onde as posições ficam cada dia mais extremas, apenas a voz da moderação pode chamar a atenção e mostrar um caminho de paz. E “bem aventurado os pacificadores”, já dizia Cristo, não é?

Além das paradas gay

Para além das paradas gay que escandalizam crentes e de movimentos políticos que abandonaram o diálogo há tempos e tentam empurrar tudo goela abaixo de todos — exatamente como fazem os pastores que eles tanto reclamam — o assunto que deve ser tratado em junho é sério.

Vivemos em um mundo onde gays, lésbicas e afins são agredidos e morrem simplesmente por serem quem são. E não há versículo bíblico que nos mande concordar ou endossar isso. Pelo contrário, a recomendação bíblica vigente há pelo menos dois mil anos é chorar com os que choram, praticando a hospitalidade, procurando fazer o que é correto, conforme Romanos 12.

Penso que não tem como defendermos a nossa alcunha de cristão se, enquanto eles morrem, nós mostramos indiferença.

No mesmo corredor da morte

Aliás, nós cristãos também morremos. Muitos dos considerados piores países do mundo para ser gay, também o são para cristãos. Morreríamos lado a lado, sem interessar ao algoz quem é o santo ou o profano. Não faz sentido que nós, que somos as vítimas em uma ponta, ajamos com indiferença na outra, só porque não concordamos com a forma de viver de quem está com “pescoço na guilhotina”.

Logo, como cristãos, penso que temos o dever de nos sensibilizarmos com a causa. Podemos questionar decisões legislativas, como qualquer cidadão, mas não sem antes demonstrar empatia com quem está pagando com a vida.

Não é pecado chorar com os que choram. É bíblico

Se desfazendo do orgulho no “mês do orgulho”

Desta forma, para além das agendas políticas, deveríamos aproveitar este mês para colocar em prática a escuta ativa. Ouça uma pessoa LGBT. Procure entender o que ela já passou na vida e porque os dias do mês de junho significam tanto pra ela.

Repare que a questão não é concordar com nada. É ser humano, é dar ouvidos, é fazer como Cristo fez.

Cristo, aliás, é o nosso grande exemplo de como discordar do modo de vida das pessoas não é desculpa para não abraçar, não se comover e não estar junto.

E a militância?

É óbvio que para alguns esse texto parece inocente demais. Afinal, vivemos em um mundo de agendas, militâncias. Um mundo que, muita das vezes, quem está do lado de lá, por mais que aparente bondade, nos vê como inimigos.

Para esses tons mais escuros de cinza, Romanos 12 ainda clareia tudo com bons conselhos: abençoar os que nos perseguem, não retribuir o mal com o mal, fazendo o que él possível para viver em paz com todos.

Os primeiros versos de Romanos 12 nos falam sobre não tomarmos a forma deste mundo. Não é porque uma militância nos vê como inimigos, que devemos fazer o mesmo. Não é porque nós sentimos odiados e preteridos que devemos odiar e preterir. Não é porque nos esteriotipam que nós devemos esteriotipar.

Mas, por outro lado, o mesmo trecho nos ensina a não nos considerarmos melhores do que somos, não sermos orgulhosos e a alimentar e dar de beber até mesmo a quem consideramos inimigos, para que possamos “amontoar brasas vivas sobre as cabeças deles”.

E nisso, temos que confessar: temos falhado muito.

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