A Porta para os Sonhos.

Ruan Henrick
O Ouvido Entre As Paredes do Quarto
4 min readMay 25, 2020

Olá! Se você chegou aqui de propósito, bem vindo ao nosso blog! :)

Se você chegou aqui por acaso, esse é o nosso blog e você é bem vindo!

Hoje, estará a sua disposição a minha análise sobre o EP Vivemos Dentro de um Sonho, de Marwin Lima. Lembrando que, sexta feira, dia 22, entrevistei o artista. A entrevista foi postada aqui no blog um dia depois, e caso você ainda não tenha lido, eu sugiro que você leia ela antes de ler a análise que está diante de tua tela. Para encurtar seu caminho, você pode ir para a entrevista clicando aqui.

Esse é um procedimento padrão do blog, onde temos como objetivo dar um espaço para os artistas independentes poderem compartilhar suas vozes. Eu ouço o trabalho do artista, faço anotações, entrevisto o artista e por fim faço uma análise. Marwin nos deu informações sobre seu trabalho e até mesmo um pouco sobre sua vida fora da música durante a entrevista, e a partir dessas informações e da minha análise pessoal surgiu a análise que lhe aguarda no próximo parágrafo. Boa leitura :)

Uma viagem imersiva e delicada, uma obra linda.

Vivemos Dentro de um Sonho é um trabalho que me deixou de primeira em paz. Estava em uma viagem (viagem essa que era urgente, eu tentei, mas não pude deixar de furar a quarentena durante essa semana em questão) pessoal até um lugar que não me agrada, mas que é um lugar com muito contato com a natureza, além de ser o lugar onde parte da minha família mora, lugar onde passei pelo menos 5% da minha infância.

E então, com todos esses significados dentro deste lugar, o EP me encontrou. Jamais esquecerei a sensação de estar olhando o céu roxeado das 17h enquanto os violinos e o piano dançavam em sua orquestra surreal dentro de meus headphones. Isso deu mais vida ao momento, isso me fez respirar um pouco em meio a tanto caos.

Vivemos Dentro de um Sonho é uma viagem, não a que fura a quarentena, porque essa se faz dentro de casa. É um conto de memórias, uma porta com uma maçaneta livre de trancas, um bilhete delicado que te convida a entrar e viajar entre os sonhos. Quem sabe, a obra não é um mergulho? Um copo singelo de paz e nostalgia. Sinceramente, se não fosse carregado de tanto cuidado, tanta delicadeza e harmonia entre as teclas do piano e os violinos que parecem pedir permissão para se introduzir, eu me sentiria invadido. Invadido pela música, invadido pela obra, mas a obra não invade, ela não te afoga. A obra te abraça e te faz parte dela. Você mergulha na obra, e ela mergulha dentro de você.

Ouvindo essa obra tão única, me sinto cheio, quase transbordando. Cada instrumento se encontra em uma dança que conforta a alma do ouvinte, toca o coração. Foi perfeito para se ouvir tão próximo a natureza, à deriva comigo mesmo. Foi perfeito para me consolar em meio a tanto caos que há em volta do mundo agora e voltar a entrar em contato com a pessoa dona das memórias que residem em mim.

Uma Viagem de Quatro Passos, Que Não Sai do Lugar.

Ele dá passos leves nas primeiras duas faixas, fala de um passado que eu, pessoalmente, não vivi, mas que posso sentir em diversas linhas de instrumentos e pela produção impecável. Por sinal, quem é a Criança? Um personagem? Uma ideia? Uma lembrança? Não importa. Pois ela é sentida. E isso já basta para que sua existência seja concreta dentro da obra de Marwin.

Chegando na terceira faixa, “Sobre Aquele Carrossel Que Eu Nunca Fui”, o ambiente toma outra forma. Parece uma promessa distante, de alguém de confiança. Talvez uma decepção esperançosa, ou uma ânsia por experimentar algo específico e simbólico, que sobreviveu por anos. É algo paradoxal, é a memória da ida a um carrossel que nunca existiu. O carrossel pode ser concreto na vida real, mas o que existe dentro da memória, além da sensação de não ter ido? Apenas o que sentimos existe.

A quarta e última faixa, é uma dança, de volta ao ambiente das primeiras duas faixas, mas sem esquecer o que se passou. Um acordar lento e cuidadoso, um florescer de volta a realidade. Me sinto estasiado ao escrever sobre isso, pois apesar de ser uma viagem curta, é uma viagem profunda. Uma obra imersiva e singela, produzida por uma pessoa só, em seu quarto. Produzido pela criança, que agora já cresceu e vive dentro de seu sonho.

Esta é a minha análise completa do EP Vivemos Dentro de um Sonho. Eu queria poder escrever mais sobre o EP, mas não queria enrolar de mais falando de coisas iguais ou parecidas, e por isso peço desculpas. De qualquer forma, amei o trabalho do Marwin e espero poder ouvir mais trabalhos em breve :)

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-Ar,Tristo

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