Filosofia e Horror I: o Drácula de Bram é a representação dos medos do homem temente à Deus

Ricardo C. Thomé
O Conselho
Published in
2 min readOct 23, 2020

Horror e Filosofia se misturam em Bram Stoker para entendermos a mente do homem ocidental do passado recente.

Sempre fui fascinado pela literatura vampiresca, consumia de tudo, filmes, séries e até mesmo peças. Em muitas culturas há referências a bebedores de sangue mortos-vivos, cada canto do mundo tem uma lenda semelhante ao vampirismo.

Houve obras precursoras como “The Vampyre” (1819) e “Varney, The Vampyr” (1840), mas foi com o “Drácula” de Bram Stoker que algo mais próximo de um cânone foi estabelecido.

Esta mistura de história e ficção me levou a ler muito sobre a história de Vlad Tepes, o rei romeno empalador que inspirou o personagem Conde Drácula. A aversão a cruz e ao sol, a estaca, o caixão… Está tudo aqui, contado através de epistolas, o que torna tudo mais interessante e pouco intuitivo.

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Drácula é mais do que um horror vitoriano, é um retrato da mentalidade dos homens de sua época. Isso porque seus caçadores são homens cristãos com um senso moral de justiça aguçado, enquanto o Conde é a personificação dos medos do homem daquela época, isso porque naquele tempo as ideias da teoria da evolução de Darwin (de que nós seres humanos não somos tão distantes assim dos animais) ameaçava a lógica do ser humano como protagonista fruto direto da vontade divina.

A animalidade de Drácula está diretamente ligada a sua natureza herética, representado, portanto, de maneira inumana.

Como referência a esse medo, Drácula não só pode se transformar em animais, híbridos e escalar pelas paredes feito bicho como ataca a pureza e aos símbolos de Deus e se alimenta de jovens mulheres virgens (uma analogia a agressividade contra a pureza); como se a ideia do homem se aproximar da animalidade fosse o levar a ser um antagonista dos homens bons e civilizados que o caçam.

Curiosamente, Drácula é retratado como um entusiasta da ciência, caminha por exposições e amostras tecnológicas, maravilhado com o conhecimento humano ao mesmo tempo que se alimenta do sangue deles, sem distinção ou remorso.

Drácula então não seria um vilão, mas uma representação dos medos do homem vitoriano de que, ao se entender como um animal (como qualquer outro) perderia também sua humanidade.

O homem animal, que abraça seus instintos contra o homem culto, religioso e civilizado. Somos um pouco dos dois , afinal.

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Ricardo C. Thomé
O Conselho

Criador do projeto O Conselho. Professor e livre opinador sobre o homem, vida, morte e tradição | Instagram @ricardocthome