Coronafobia: os efeitos psicológicos causados pelo covid-19
Com o surto do coronavírus impactando todo o mundo, e com frequência de exibição sobre os seus impactos em noticiários, redes sociais e programas de TV, leva à ampliação do medo em relação a contaminação pela doença.
A prevenção da nova doença exige uma serie de protocolos sanitários a serem cumpridos: como lavar as mãos, usar mascaras, dedetizar as roupas e embalagens de alimentos. Por outro lado perdemos a nossa fé no sistema de saúde: hospitais de diversos países foram sobrecarregados, hospitais de campanhas foram construídos e recentemente foi possível assistir a pessoas morrendo por falta de recursos hospitalares no Amazonas.
Alguns artigos abordam o tema da coronafobia, em inglês coronaphobia, e mostram minimante alguns impactos percebidos na população em alguns países. No USA pesquisa realizada no início da pandemia pela National Public Radio com 880 adultos, mostrou que 66% dos entrevistados consideravam o vírus uma ameaça real e 56% estavam muito preocupados.
Impactos na saúde mental
A pandemia afetou à vida da maiorias das pessoas, conheço pessoas que estão há um ano isoladas, sem nenhum tipo de vínculo presencial, e que sentem cansadas, impotentes, tristes e com muito medo.
Embora ainda não seja possível mensurar efetivamente o impacto na saúde mental, há pistas em pesquisas existentes que podem nos ajudar a começar a entender o que esperar. Pesquisas sobre as reações psicológicas à epidemias e pandemias anteriores sugerem que vários fatores de vulnerabilidade psicológica podem desempenhar um papel na coronafobia, incluindo variáveis individuais de diferença, como a intolerância à incerteza, vulnerabilidade percebida à doença e tendência à ansiedade (preocupação) (Taylor, 2019).
A pesquisa de outros surtos de doenças infecciosas sugere que as variáveis individuais de diferença, como a vulnerabilidade percebida à doença, podem desempenhar um papel na coronafobia e na xenofobia relacionada ao coronavírus (Taylor, 2019). Da mesma forma, a falta de informação e desinformação, muitas vezes auxiliada por manchetes e focos sensacionais da mídia popular, tem demonstrado alimentar medos e fobias relacionados à saúde (Taylor & Asmundson, 2004). Vale lembrar que esses fatores também podem desempenhar um papel significativo na coronafobia.
O aumento de pacientes que buscam atendimento de emergência em hospitais são indicadores desse impacto. De acordo com Júlio Pereira, neurocirurgião do hospital Beneficência Portuguesa, em SP, falou em entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes, que vários pacientes apresentam sinais de estresse crônico que está intrinsicamente ligados ao isolamento social.
Veja aqui as diferenças entre o estresse normal e o estresse patológico.
Outro dado importante foi o aumento do uso de medicamento para ansiedade e depressão durante a pandemia, as farmácias brasileiras chegaram a venda cerca de 3,76 bilhões de comprimidos nas farmácias brasileiras, o que equivale a 5,75% de aumento em relação ao mesmo período do ano anterior.
A falta de esperança
A vacina é o símbolo da esperança para a população, ou ao menos seria. Com uma população com cerca de 210 milhões de pessoas, o Brasil iniciou o seu plano de imunização com 8 milhões de doses no dia 18 de janeiro de 2021. Serão necessárias mais de 420 milhões de doses para imunizar toda a população, porém ainda existe um cenário incerto quando aos recursos e investimentos necessários.
A falta de um plano oficial do Ministério da Saúde também colabora para o aumento da ansiedade dos brasileiros e a tão sonhada vacina ainda se torna um sonho distante para muitos.
O que resta é continuar com os cuidados sanitários, fazer terapia e aguardar tudo isso passar!
Referências:
Coronaphobia: Fear and the 2019-nCoV outbreak — https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7134790/
Pacientes procuram hospitais pensando ter Covid, mas estão com transtorno de ansiedade — https://pebmed.com.br/coronofobia-o-impacto-da-pandemia-de-covid-19-na-saude-mental/
Pandemia eleva uso de remédios para ansiedade e de vitaminas — https://valor.globo.com/empresas/noticia/2020/06/19/pandemia-eleva-uso-de-remedios-para-ansiedade-e-de-vitaminas.ghtml