Angola 2008

Maria Inácio Duarte
4 min readMay 20, 2018

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Luanda, capital de Angola, 2012

Lagos, 03 de Setembro 2008

Sobre Angola

No dia 30–08–2008 passou na RTP2 um documentário sobre Angola, agora que lá se está em vésperas de eleições. Lembrei-me do outro documentário de Agosto de 2006 e reparei que a sociedade angolana se está a desenvolver e muita coisa está a ser feita o que é sinal de satisfação, mesmo para estrangeiros como eu.

Os políticos parecem com vontade de abraçar a democracia e aceitar com normalidade o facto de terem obtido menos votos do que outros. Lá chegará a sua vez de serem maioria porque governar desgasta, pois é impossível atender às necessidades de todos quando as necessidades são muitas e os descontentes votam sempre na oposição para passarem a ser atendidos. Assim se faz a democracia; assim se vão satisfazendo todos; assim se acalmam os marginalizados na esperança de que um dia a sua força política será poder e assim deve ser.

No entanto, há coisas que eu gostaria que fossem tidas em consideração. A construção civil não pode existir de uma forma anárquica numa cidade. É sempre muito importante o trabalho em equipa, em equipas de técnicos especializados.

Assim a construção civil numa cidade precisa de um arquitecto paisagista. Ele é o elemento essencial na modelação de qualquer cidade porque a construção civil tem de obedecer a regras e a necessidades específicas dos habitantes dessa cidade e da potencialidade do lugar. Vi a inauguração de uma Escola Profissional de Construção Civil em Luanda e fiquei contente. De certeza que esta escola vai ter e formar técnicos conhecedores desta matéria e alerta para estas questões e assim o município de Luanda já tem técnicos para corrigir os erros que lá estão a acontecer.

Uma cidade precisa de ser habitada, mesmo com todos os serviços que tem e os preços dos terrenos devem ser controlados exactamente para evitar a desertificação; pois são os habitantes que, com a sua presença, evitam os assaltos e a cidade a saque como é característica das cidades de serviços e sem habitação. Para a cidade ser habitada, é necessário:

  • que os preços das habitações não fiquem insuportáveis;
  • que haja serviços onde os habitantes ganhem o seu sustento por conta própria ou por conta de outrém;
  • que seja uma cidade arborizada porque as árvores produzem oxigénio que os habitantes precisam para existir e os habitantes produzem dióxido de carbono que as árvores precisam para existir;
  • que haja uma distribuição equilibrada de parques dentro da cidade e nos limites da cidade que sejam os pulmões desta e locais de lazer e de prática de desporto das populações. Além disso, as árvores amenizam o microclima, evitando as secas e as chuvas torrenciais e também evitam a erosão do solo, plantando as árvores mais adequadas em lugares estratégicos;
  • que as áreas residenciais tenham parques infantis e espaço livre para as crianças brincarem após a escola. Não é criança, a criança que não brinca, desenvolvendo assim a sua criatividade e não será adulto feliz nem comunicativo;
  • que os musseques vão diminuindo de tamanho, retirando famílias de lá através de Programas de Inserção Social e distribuição de habitação social, principalmente famílias que recebam órfãos na sua família — famílias de acolhimento — e passados dois, três anos, se quiserem, podem fazer adopção plena destas crianças. As crianças estão tão carentes de afecto, de pai e mãe do coração! Os órfãos que não forem sociáveis e, portanto, ninguém os queira; precisam de instituições que os recolham e, com afecto, os socializem porque maus tratos já eles tiveram muito. Estas instituições precisam de dar a estas crianças tempo e espaço para também brincarem. Depois devem ser contactados por famílias de acolhimento que os queiram receber. Todo aquele que tem crianças ao seu cuidado, tem direito a receber os subsídios estatais adequados à idade da criança, subsídios criados para apoiá-los nas despesas que lhes são inerentes. O Governo português tem um bom Programa de Inserção Social que pode servir de ponto de partida e caso de estudo, fazendo depois as devidas alterações. As famílias de acolhimento inseridas em Programas de Inserção Social devem escolher a área profissional que querem para si nos ramos primário, secundário e terciário e receber formação adequada para que o seu negócio corra bem e formação a nível de higiene e manutenção da habitação e distribuição de tarefas na família de modo que as crianças recebidas se sintam integradas e saibam como agir. O acompanhamento por parte da Segurança Social deve prolongar-se no tempo até a família ficar completamente autónoma e funcional.
  • Que se trave a erosão provocada pelas chuvas e ventos,criando as suas margens naturais com o apoio de métodos naturais, evitando assim algumas das cheias, a destruição de habitações e bens e deslocamento das pessoas e morte de animais domésticos;
  • aprofundar a democracia, criando pontos de encontro como coretos (da música) onde quem quisesse expor as suas ideias, as suas críticas, as suas propostas poderia fazê-lo sem quaisquer represálias nem para quem os ouvisse, tipo Hyde Park em Londres. As liberdades democráticas como, por exemplo liberdade de opinião, têm de ser garantidas.
  • que nas áreas residenciais de habitação social, haja recintos com coretos para quem quiser tocar, cantar e espaço para os habitantes conviverem, dançarem, escutarem e os reformados possam jogar, conviver, …
  • que haja um Centro Cultural que também seja Centro de Conferências adequado a uma capital;

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meu artigo “Angola, 2008”

artigo “Angola, 2008”

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Maria Inácio Duarte

Licenciada em Economia e Master em Economia na especialidade de Planeamento licenciada em Gestão de Recursos Humanos sou professora, economista escritora. Gosto