Angola 2008
Lagos, 03 de Setembro 2008
Sobre Angola
No dia 30–08–2008 passou na RTP2 um documentário sobre Angola, agora que lá se está em vésperas de eleições. Lembrei-me do outro documentário de Agosto de 2006 e reparei que a sociedade angolana se está a desenvolver e muita coisa está a ser feita o que é sinal de satisfação, mesmo para estrangeiros como eu.
Os políticos parecem com vontade de abraçar a democracia e aceitar com normalidade o facto de terem obtido menos votos do que outros. Lá chegará a sua vez de serem maioria porque governar desgasta, pois é impossível atender às necessidades de todos quando as necessidades são muitas e os descontentes votam sempre na oposição para passarem a ser atendidos. Assim se faz a democracia; assim se vão satisfazendo todos; assim se acalmam os marginalizados na esperança de que um dia a sua força política será poder e assim deve ser.
No entanto, há coisas que eu gostaria que fossem tidas em consideração. A construção civil não pode existir de uma forma anárquica numa cidade. É sempre muito importante o trabalho em equipa, em equipas de técnicos especializados.
Assim a construção civil numa cidade precisa de um arquitecto paisagista. Ele é o elemento essencial na modelação de qualquer cidade porque a construção civil tem de obedecer a regras e a necessidades específicas dos habitantes dessa cidade e da potencialidade do lugar. Vi a inauguração de uma Escola Profissional de Construção Civil em Luanda e fiquei contente. De certeza que esta escola vai ter e formar técnicos conhecedores desta matéria e alerta para estas questões e assim o município de Luanda já tem técnicos para corrigir os erros que lá estão a acontecer.
Uma cidade precisa de ser habitada, mesmo com todos os serviços que tem e os preços dos terrenos devem ser controlados exactamente para evitar a desertificação; pois são os habitantes que, com a sua presença, evitam os assaltos e a cidade a saque como é característica das cidades de serviços e sem habitação. Para a cidade ser habitada, é necessário:
- que os preços das habitações não fiquem insuportáveis;
- que haja serviços onde os habitantes ganhem o seu sustento por conta própria ou por conta de outrém;
- que seja uma cidade arborizada porque as árvores produzem oxigénio que os habitantes precisam para existir e os habitantes produzem dióxido de carbono que as árvores precisam para existir;
- que haja uma distribuição equilibrada de parques dentro da cidade e nos limites da cidade que sejam os pulmões desta e locais de lazer e de prática de desporto das populações. Além disso, as árvores amenizam o microclima, evitando as secas e as chuvas torrenciais e também evitam a erosão do solo, plantando as árvores mais adequadas em lugares estratégicos;
- que as áreas residenciais tenham parques infantis e espaço livre para as crianças brincarem após a escola. Não é criança, a criança que não brinca, desenvolvendo assim a sua criatividade e não será adulto feliz nem comunicativo;
- que os musseques vão diminuindo de tamanho, retirando famílias de lá através de Programas de Inserção Social e distribuição de habitação social, principalmente famílias que recebam órfãos na sua família — famílias de acolhimento — e passados dois, três anos, se quiserem, podem fazer adopção plena destas crianças. As crianças estão tão carentes de afecto, de pai e mãe do coração! Os órfãos que não forem sociáveis e, portanto, ninguém os queira; precisam de instituições que os recolham e, com afecto, os socializem porque maus tratos já eles tiveram muito. Estas instituições precisam de dar a estas crianças tempo e espaço para também brincarem. Depois devem ser contactados por famílias de acolhimento que os queiram receber. Todo aquele que tem crianças ao seu cuidado, tem direito a receber os subsídios estatais adequados à idade da criança, subsídios criados para apoiá-los nas despesas que lhes são inerentes. O Governo português tem um bom Programa de Inserção Social que pode servir de ponto de partida e caso de estudo, fazendo depois as devidas alterações. As famílias de acolhimento inseridas em Programas de Inserção Social devem escolher a área profissional que querem para si nos ramos primário, secundário e terciário e receber formação adequada para que o seu negócio corra bem e formação a nível de higiene e manutenção da habitação e distribuição de tarefas na família de modo que as crianças recebidas se sintam integradas e saibam como agir. O acompanhamento por parte da Segurança Social deve prolongar-se no tempo até a família ficar completamente autónoma e funcional.
- Que se trave a erosão provocada pelas chuvas e ventos,criando as suas margens naturais com o apoio de métodos naturais, evitando assim algumas das cheias, a destruição de habitações e bens e deslocamento das pessoas e morte de animais domésticos;
- aprofundar a democracia, criando pontos de encontro como coretos (da música) onde quem quisesse expor as suas ideias, as suas críticas, as suas propostas poderia fazê-lo sem quaisquer represálias nem para quem os ouvisse, tipo Hyde Park em Londres. As liberdades democráticas como, por exemplo liberdade de opinião, têm de ser garantidas.
- que nas áreas residenciais de habitação social, haja recintos com coretos para quem quiser tocar, cantar e espaço para os habitantes conviverem, dançarem, escutarem e os reformados possam jogar, conviver, …
- que haja um Centro Cultural que também seja Centro de Conferências adequado a uma capital;
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