Naming no isolamento: como conduzir esse processo remotamente?

Flávia Carvalho
PALAVRÃO
4 min readDec 2, 2020

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Ah, a pandemia! A gente achou que não ia chegar aqui, depois achou que ia durar pouco e agora nem consegue lembrar como era a vida antes dela.

Se as coisas que eram fáceis antes do isolamento ficaram difíceis, as que já eram difíceis ficaram absurdas. É o caso dos projetos de naming, um tipo de job que costuma nublar o céu, fazer qualquer redator perder os cabelos e ser bastante frustrante para todas as partes envolvidas.

Ou pelo menos era assim, antes da gente encontrar uma metodologia e adaptar ela para a nossa realidade. Em outro texto, eu falei um pouco mais sobre como foi esse processo e como a teken conseguiu evoluir seus métodos de brifar, criar e selecionar nomes.

Ao longo dessa evolução, aprendemos muitas coisas, que podem ser resumidas em 3 tópicos básicos:

  • Envolver o cliente o máximo possível não só agiliza o trabalho como também torna ele muito mais eficiente;
  • Trabalhar sozinho nunca é o melhor caminho;
  • Metodologias são feitas para guiar, não para engessar: é preciso adaptar e improvisar conforme cada projeto se desenrola.

Esse último ponto se tornou ainda mais relevante quando a pandemia chegou e nos deparamos com o primeiro projeto de naming que teria que ser feito a distância.

Claro que a gente sabia que isso acabaria acontecendo mais cedo ou mais tarde, mesmo em um cenário em que o novo coronavírus nunca tivesse surgido (imagina que sonho). Isso porque já faz algum tempo que temos prospectado clientes de outros estados, usando chamadas por vídeo e outras ferramentas para tornar a cocriação possível.

É só que, por uma coincidência, isso ainda não tinha acontecido com um projeto de naming. E, quando aconteceu, tivemos que encontrar um jeito de fazer tudo acontecer.

Selecionando as ferramentas

Nosso principal aliado nessa história, além das chamadas por vídeo, foi o Miro, uma plataforma que funciona quase como um sprint online. Nela, as pessoas envolvidas no projeto conseguem interagir livremente, adicionando, alterando e removendo “post-its”, exatamente como aconteceria em uma reunião presencial.

Basicamente, temos o dinamismo do presencial com a praticidade do digital. E a segurança de cada um estar em sua própria casa, o que também é muito importante.

Outra vantagem é que as informações coletadas nas reuniões ficam salvas online e podem ser acessadas de qualquer lugar e a qualquer momento, coisa que não acontecia quando usávamos post-its de verdade e canvas impressos.

Muitos jobs que estavam sendo conduzidos antes da pandemia tiveram algumas informações perdidas porque a papelada acabou se perdendo no processo de adoção do home office. Com o Miro, não importa o que aconteça, tudo vai continuar salvo no mesmo lugar.

O trecho de um dos mapas de livre associação que fizemos no Miro.

Transformando tudo em canvas

Basicamente, um projeto de naming tem 4 etapas: briefing e imersão, definição de estratégia verbal, rodadas de criação e, por fim, a seleção de nomes.

No briefing e imersão, nós levantamos uma série de perguntas que irão ajudar na definição da estratégia verbal. Para adaptar isso para o Miro, transformamos todas essas perguntas em um canva, em que as respostas poderiam ser organizadas em post-its e consultadas sempre que necessário.

A mesma coisa precisou ser feita com as etapas de criação e seleção. Nas rodadas de criação, utilizamos uma das ferramentas da plataforma para encontrar palavras-chave por meio da técnica de livre associação. O cliente também pode participar do processo, nos permitindo ter um repertório mais amplo de termos que poderiam resultar em um bom nome mais tarde.

Nas rodadas de seleção, criamos um board com todos os nomes levantados e liberamos para que o cliente votasse, usando técnicas que avaliam aparência e sonoridade, para então terminar com uma short list.

Improvise, adapt, overcome

Como foi dito lá no início do texto, metodologias nunca podem ser usadas para engessar. Ao longo dos projetos de naming que desenvolvemos, tivemos clientes que amaram participar de todas as etapas, outros preferiram se envolver apenas no final do processo, quando apresentamos os nomes finalistas, suas defesas e análises de desempenho. Houve clientes que não entenderam as técnicas de criação e aqueles que não só entenderam como conseguiram tornar o trabalho muito mais rico.

Cada cliente é diferente, nosso papel é adaptar as metodologias de acordo com a realidade do projeto. É por isso que não podemos ter medo de mudar as coisas com o carro andando: se o que a gente tá fazendo não tá dando resultado, é porque é preciso encontrar um novo método.

A teken sempre foi uma empresa engajada na transformação digital e o isolamento potencializou isso ainda mais. Hoje, nos desprendemos da necessidade de ter um escritório físico, de fazer reuniões presenciais e da nossa caixa com 50 embalagens de post-it de cores variadas, que eu vou confessar que sinto até saudade.

É impressionante ver como até mesmo um projeto de naming pode ser conduzido com cada um em sua casa, o que elimina muitas barreiras e abre portas para trabalharmos com clientes de todo o Brasil. E de outros países também, por que não? Não é à toa que tô aprendendo japonês.

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