“Mobilidade colaborativa” reduz necessidade de carro próprio

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Para onde vamos?
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3 min readApr 17, 2018

Pesquisa indica que metade de usuários de serviços de compartilhamento de transporte não tem carro próprio

Dentre todos os setores da economia que se revolucionaram nos últimos anos, principalmente, a mobilidade urbana está em posição de destaque. A tecnologia permite que uma pessoa que está buscando uma opção de deslocamento encontre alguém disposto a levá-lo de um ponto a outro. É o transporte como serviço.

No cenário de economia colaborativa que vivemos há pelo menos três anos, produtores e compradores dão lugar a fornecedores e usuários e, além disso, usufruir de um serviço é mais interessante que adquirir um bem.

Avenida 23 de Maio, uma das principais vias expressas de SP (Foto: Shutterstock)

Muitas pessoas têm deixado de ter um carro próprio, porque perceberam que é mais barato e mais prático usar outros serviços de transporte, intermediados por empresas de tecnologia.

E estudos recentes corroboram que, de fato, as pessoas que usam serviços de comparti-lhamento de transporte estão sentindo menos necessidade de adquirir um carro.

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, de Berkeley, fizeram reuniões com grupos de foco e entrevistaram 1.115 usuários de aplicativos que intermedeiam o aluguel de carros enquanto não estão sendo usados pelos donos.

Os participantes do estudo afirmaram que passaram a gastar menos com transporte depois de usar os serviços de compartilhamento e contaram associar os aplicativos ao aumento de conexões com outras pessoas.

Os números da pesquisa são interessantes. Praticamente metade (46%) dos entrevistados disse não ter veículo próprio e 15% dos entrevistados afirmaram usar serviços de compartilhamento justamente para adiar a compra de um carro.

Além disso, quatorze por cento dos entrevistados disseram que seriam obrigados a comprar um carro caso não existissem serviços de compartilhamento. E, ainda, 3% afirmaram que venderam o carro depois de começar a usar transporte como serviço.

Os resultados indicam que, aparentemente, não houve impacto na rede pública de transportes. A maioria dos entrevistados não reportou nenhuma mudança substantiva no uso de transporte público. Entre os usuários mais frequentes de transporte par-a-par, 22% disseram ter passado a usar mais ônibus e 21% afirmaram ter usado menos.

A evidência da pesquisa da Universidade da Califórnia endossa um levantamento realizado pelo departamento de Políticas Públicas da 99, que sugere que serviços de compartilhamento de carros podem, sim, ser complementares às redes estruturais de transporte.

Dados das milhares de corridas da 99 mostram que 13,2% das corridas em São Paulo têm origem ou destino em estações de metrô e trem e terminais de ônibus; no Rio, esse número chega a 24,3% com origem ou destino em estações de metrô, trem, BRT e balsa e terminais de ônibus.

E como os números apontam que os padrões de desembarque perto de estações e terminais se dá no pico da manhã, horário em que se concentram as pessoas que estão chegando no transporte público para ir trabalhar, e que o maior percentual de corridas iniciadas no entorno do transporte público se concentra no pico da tarde, horários em que boa parte das pessoas está voltando pra casa do trabalho, pode-se dizer que paulistanos e cariocas têm utilizado aplicativos de mobilidade na integração com transporte público para percorrer a primeira e a última milha.

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