Roteiro por Cartagena de Indias: como foi, onde fui e quanto gastei

Aproveitei três dias e quatro noites na mais quente e mais colorida cidade caribenha.

Igor Mariano
Revista Passaporte
11 min readJun 8, 2018

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QUERIA SER CAPAZ de escrever sobre Cartagena sem falar do calor, mas creio não ser possível. Cartagena é quente. É quente de manhã, de tarde, de noite e até às quatro da manhã, quando eu acordei para ir pro aeroporto no último dia e o termômetro já estava de pé nos trinta e cinco graus.

Mas acredite em mim quando digo que o calor não é um problema. Se muito, é um convite para roupas mais leves, para aproveitar o tempo na sombra, para valorizar a brisa ou para tomar um sorvete. Lá pelas tantas eu já estava habituado à temperatura elevada e ao suor constante, afinal também não sou de nenhum país nórdico. Chegou um momento em que eu já não conseguia imaginar aquela cidade de outro modo que não fosse aquela febre constante.

Cartagena foi mais ou menos a primeira parada da minha volta ao mundo (como assim mais ou menos?) e posso afirmar que se mostrou uma ótima porta de entrada. Chegar em Cartagena de Indias foi voltar no tempo. Ela é uma cidade bonita, antiga e diferente das outras. Começar essa aventura por uma cidade comum seria uma pena.

Ao mesmo tempo, é difícil escrever esse texto falando da Colômbia, país pelo qual já passei, enquanto simultaneamente pesquiso sobre meu próximo destino, que é o Peru. É duro alinhar os sentimentos. No entanto, quanto mais tempo eu deixar passar, mais difícil será escrever sobre essa viagem. É melhor eu me acostumar à essa rotina, pois daqui pra frente é assim que será.

Esse post é pra ajudar quem vai para lá. Um manual. Um guia. É para quem quer saber o que fazer em Cartagena em 3 dias. É um post para os práticos e para os viajantes que precisam de informação atualizada, assim como eu tantas vezes sou e serei.

Como foi:

Saí do Brasil às 2:00 da manhã, fiz uma escala no Panamá e cheguei em Cartagena às 8:30. Fui pela companhia aérea Copa Airlines, que nunca foi a mais confortável, porém costuma ser a mais barata.

Ao todo, passei três dias inteiros em Cartagena, depois fui para Medellín e voltei para mais uma noite em Cartagena antes de ir embora da Colômbia.

O primeiro dia eu acabei passando sozinho, pois o Thiago não conseguiu embarcar e só chegou no fim da tarde do segundo dia. A dica que eu dou é: sempre preste atenção no itinerário do seu voo e confira se ele irá passar por algum país que exige passaporte ou visto, mesmo que o seu destino final não faça essa exigência (como é o caso da Colômbia, que permite a entrada de brasileiros apenas com o RG).

Com certeza recomendo que mais gente vá para Cartagena. Eu me apaixonei pela cidade. Não sei se foi porque eu estava lendo O Amor Nos Tempos de Cólera do Gabriel García Márquez durante a viagem (terminei de ler no avião, voltando para o Brasil), mas eu me senti muito em casa. Algo em mim se identificou com o ar colonial de Cartagena e suas varandas cheias de flores. Achei a cidade limpa e segura, com muitos policiais em todos os lugares, e me senti bem recebido pelos locais, apesar da insistência dos vendedores e o uso indiscriminado das buzinas.

Gostaria de ter ficado pelo menos um dia a mais para conseguir aproveitar o que não deu tempo, então acredito que quatro dias é a resposta ideal para a clássica pergunta “quanto tempo ficar em Cartagena”.

Onde fui:

Ciudad Amurallada — Esse é um passeio que merece um dia inteiro, ou até mais. É dentro dela que estão os principais pontos turístico de Cartagena, como a estátua La Gordita do Bottero, a Plaza de San Pedro Claver com as esculturas de sucata e a Catedral de Cartagena, sem falar que cada rua é uma atração. Permita-se perder e aproveite para tirar muitas fotos. Grátis.

Muralla de Cartagena — A própria muralha é também um ponto turístico, com seus 11 quilômetros de extensão. Ela é tão larga que se torna um calçadão e caminhar por cima dela é um programa imperdível, especialmente no fim de tarde. Grátis.

Torre Del Reloj — É o principal cartão postal de Cartagena e também o pórtico da cidade antiga. De noite acontecem algumas apresentações de dança e música na praça do lado de dentro. Sempre cheia de vendedores e pessoas oferecendo pacotes turísticos. Grátis.

Las Bovedas — Eram túneis onde os militares guardavam armamentos e munições, porém hoje em dia é uma feirinha de artesanato excelente para comprar lembrancinhas para os amigos e familiares. Entrada Grátis.

Café Del Mar — Debruçado na ponta da muralha e com vista privilegiada para o pôr-do-sol, essa atração disputadíssima é um lugar agradável para terminar o dia em um cenário belíssimo. Abre às 17h e se não chegar cedo é impossível conseguir uma mesa. É obrigatório o consumo de pelo menos uma bebida por pessoa (tenha em mente que a cerveja mais barata custa insensatos 15.000 pesos, mais ou menos 20 reais).

Época Café — Localizado atrás da Catedral de Cartagena, foi onde eu experimentei o melhor café da viagem e aprendi que em um bom café não se coloca açúcar nem adoçante. Bebi um Americano por 5.500 pesos (R$ 8,49).

Museo Historico de Cartagena — Também conhecido como Casa de La Inquisición. O primeiro andar conta a história da perseguição da igreja aos supostos bruxos durante a inquisição católica. O andar de cima fala da história da cidade de Cartagena, com seus inúmeros ataques e guerras que lhe renderam o título de “cidade heroica”. A entrada custa 20.000 pesos (R$ 28,57) e o áudio-guia opcional custa 3.000 pesos (R$ 4,29).

Museo de Arte Moderno — Localizado na Plaza de San Pedro Claver, esse museu merece uma visita curta se você se interessar por arte ou tiver tempo livre. Também é um bom programa se você precisar decidir o que fazer em Cartagena com chuva. A entrada custa 8.000 pesos (R$ 12,34).

Castillo de San Felipe de Barajas — Um ponto turístico imperdível que fica do lado de fora da Ciudad Amurallada. Esse castelo, que na verdade é um forte, era muito importante para a defesa de Cartagena. Não deixe de assistir o filminho na sala de projeção antes de fazer todo o passeio, pois isso irá te ajudar a entender melhor todo o contexto antes de ver com os próprios olhos. É perfeitamente possível ir a pé da muralha até lá. A entrada custa 25.000 pesos (R$ 35,71).

Getsemaní — É o bairro que fica ao lado da Ciudad Amurallada. Antigamente era onde viviam os escravos, mas hoje é uma região cheia de Grafittis e bares interessantes. O ponto principal é a Plaza de La Trinidad. Grátis.

*Todos os valores foram calculados de acordo com o câmbio da data que eu realizei a troca e já incluem os 10% do garçom (quando aplicável).

Ficou para a próxima vez:

Monasterio de La Popa — É um convento localizado no alto de um morro pouco atrás do Castillo de San Felipe. Como Cartagena tem a geografia muito plana, a vista lá de cima é considerada uma das melhores da cidade.

Islas Del Rosario —É um arquipélago perto de Cartagena, acessível apenas de barco, normalmente através de passeios turísticos fechados. É a melhor oportunidade para nadar no mar azul do Caribe, já que as praias locais reconhecidamente não são lá grande coisa. Pesquisamos muito sobre esse passeio antes da viagem, porém como o Thiago só chegou um dia depois e o tempo estava nublado, priorizamos outros passeios e abrimos mão desse.

Andar de bicicleta na Ciudad Amurallada — Eu adoro andar de bicicleta e o fato de Cartagena não ter muitas subidas nem descidas contribui para que seja o lugar ideal para pedalar. Não tem ciclovias, porém várias ruas da Ciudad Amurallada são praticamente vazias. Lá existem diversos lugares que alugam bicicletas por um preço justo, porém infelizmente faltou tempo.

Onde me hospedei:

Eu me hospedei dentro da Ciudad Amurallada nos primeiros dias e em Getsemaní na última noite. Nos dois casos, o tipo de hospedagem escolhido dessa vez foi AirBnb. Por serem duas pessoas, o valor da hospedagem era dividido por dois e decidimos alugar apartamentos. Eram pequenos, mas muito bem localizados e não nos arrependemos.

No geral, ainda considero que o apartamento da cidade murada era melhor do que o de Getsemaní, embora o de Getsemaní tenha sido mais caro. Pagamos R$ 266,28 por três noites no primeiro apê (tínhamos um voucher de desconto de R$ 100) e R$ 169,44 por uma noite no segundo (que foi fechado em cima da hora). Saiu super barato, considerando que esses valores foram divididos por dois.

Independente de qual for o seu estilo de hospedagem, recomendo ficar do lado de dentro da muralha. Isso faz com que você esteja perto de tudo, economizando em transporte e em tempo, sem falar que dormir e acordar dentro do centro histórico faz com que a imersão seja muito maior. Dentro da muralha existem hotéis de luxo, pousadas, hostels, apartamentos de aluguel e até couchshurfing. Ou seja, tem estadia para todos os gostos.

Minha única recomendação é se certificar de que o lugar onde você vai ficar tenha ar-condicionado, pois as altas temperaturas não dão trégua nem de madrugada. Dormir confortavelmente fez com que o calor durante o dia fosse uma experiência bacana e não um tormento sem fim. Nós já fomos com essa exigência em mente pois aprendemos a lição na cidade de Goiás, quando escolhemos uma pousada sem ar-condicionado e o Thiago passou duas noites suando e sem conseguir dormir.

Um outro aspecto que você deve considerar na hora de escolher onde ficar em Cartagena é se o lugar tem água quente. Por algum motivo, não sei se foi coincidência ou não, nenhum dos dois apartamentos que a gente alugou tinha chuveiro elétrico. Esse fato não nos incomodou, pois tomar banho na água em temperatura ambiente era quase um alívio — e olha que eu odeio banho frio. No entanto, se isso for um problema para você, tenha em mente que em nem todos os lugares o chuveiro é aquecido.

Quanto eu gastei:

Cartagena é uma cidade extremamente turística, portanto os preços praticados por lá são um pouco acima da média colombiana. A Ciudad Amurallada, sendo o ponto mais turístico de uma cidade turística, eleva ainda mais a média de preços. Ainda assim, é possível fazer economias e encontrar restaurantes baratos por lá.

No primeiro dia, ao invés de almoçar nos restaurantes chiques ao redor das praças, almocei na Refrequeria La Estrela e La India, um barzinho onde onde os funcionários dos hotéis e lojas comiam, e assim paguei 10.000 pesos (R$ 15,43) por um filé de frango à milanesa com suco de tomate de arbol incluído (seja lá o que for isso). A refeição mais barata, porém, foi no dia que jantei na pizzaria Chico e pedi um combo que incluía um refrigerante e uma fatia de pizza por 5.500 pesos (R$ 8,49). Mais barato que o Subway (6.800 pesos o barato do dia).

A refeição mais cara foi no Café Del Mar, onde duas cervejas e uma água, com os 10% do serviço, custaram absurdos 41.519 pesos (R$ 64,05!!!).

Já a segunda refeição mais cara foi o café da manhã no rooftop do hotel Town House, que custou 38.000 pesos por pessoa (R$ 54,28). Foi o pequeno luxo que tivemos em Cartagena, mas eu considero que valeu totalmente a pena. Além de ter sido um café da manhã muito farto e a comida estar excelente, a vista era fenomenal.

Somando todos os gastos dos três dias e uma noite e dividindo por 3,5 chegamos a uma média de R$ 182 por dia. Esse valor inclui ubers de ida e volta do aeroporto, entrada nos museus, todas as refeições, lembrancinhas e até o protetor solar que eu tive que comprar na farmácia (jogaram o meu fora no raio-X do aeroporto). Esse valor só não inclui as passagens aéreas e a hospedagem.

*Todos os valores foram calculados de acordo com o câmbio da data que eu realizei a troca e já incluem os 10% do garçom (quando aplicável).

Mais algumas dicas:

  • Conexão no Panamá precisa de passaporte e não tem santo nem demônio que faça você conseguir embarcar no avião sem um. Eu consegui fazer meu check-in porque sempre viajo com o meu, mas o Thiago não tinha renovado o dele e não conseguiu nem sair do Brasil.
  • No meu caso, valeu a pena trocar real por dólar no Brasil e depois trocar dólar por peso Colombiano em Cartagena. Na época, paguei R$ 3,85 no dólar e depois vendi por 2.700 pesos, em média. O real estava sendo comprado por 630 pesos. Fazendo a conta, compensou fazer o câmbio para dólar, embora o lucro tenha sido pequeno.
  • Em qualquer caso, não troque dinheiro no aeroporto. Por precaução, eu troquei um pequeno valor logo que cheguei para ter dinheiro vivo caso não conseguisse um Uber, porém não precisei e tive um pequeno prejuízo. Enquanto no aeroporto eles pagam 2.500 pesos ou menos por cada dólar, na cidade é possível conseguir câmbios de até mais que 2.700 pesos.
  • Não dê bola para os vendedores. O simples ato de responder “de donde és” já é uma abertura para que eles nunca mais saiam do seu pé, tentando continuar a conversa e insistindo ao máximo para que você compre o que quer que esteja vendendo. Também não aceite “presentes” como pulseiras e nem mesmo ofertas de ajuda para te levar até determinado lugar e mostrar onde fica, porque tudo isso será cobrado no final.

Enquanto estava na Colômbia, também visitei Medellín, outra cidade incrível e que me surpreendeu, porém de maneiras completamente diferentes. Esse é o assunto do próximo texto.

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Igor Mariano
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Brasileiro, gestor de marketing, apaixonado por viagens, café, cerveja, livros e tudo que nos distrai • www.instagram.com/igor_mariano