Como fazer a mala pra qualquer lugar do mundo em menos de 30 minutos

Se você se identifica com a frase “amo viajar, mas odeio fazer as malas”, esse texto é pra você.

Igor Mariano
Revista Passaporte
6 min readFeb 5, 2018

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Spoiler: não precisa de toda essa organização. (Foto: OVAN via Pexels)

Sei que muitas vezes fazer a mala com antecedência é quase um ritual. Pra muita gente é um processo que faz parte da primeira fase da viagem, envolve a psicologia da expectativa e tudo o mais. Ok, tudo bem. Para mim a mala aberta por uma semana no chão do meu quarto só me dá agonia. Não é que eu seja irresponsável (pelo menos não muito), mas já fazem uns bons anos que eu arrumo minha mala 30 minutos antes de chamar o Uber pro aeroporto. Independente de onde eu estou indo.

Não que eu seja algum tipo de guru das viagens nem nada disso — longe disso inclusive. A única prova da minha fluência no assunto é um apanhado de histórias e algumas fotos nas redes sociais. De todo modo, sinto que a experiência já me ensinou um pouquinho e hoje me permito uma certa dose de liberdade poética, tipo criar títulos com ar de tutorial como esse que você pode ler aí em cima. Mas juro que não é clickbait. Vem comigo.

Malas sempre fizeram parte da minha vida. Eu viajo basicamente desde que eu nasci e mudei de cidade praticamente a cada dois anos por causa do trabalho do meu pai. Até os 18 anos eu já tinha vivido em 9 cidades, e só parei (mais ou menos) de acompanhar as mudanças da minha família quando passei no vestibular.

Acredite em mim, se tem uma coisa que eu sei fazer, é colocar tudo que eu preciso em uma mala e me mandar.

Meus pais também sempre gostaram de viajar a turismo. Fim de semana, feriado, férias… Nenhuma oportunidade era desperdiçada, fosse indo pra casa de um parente ou indo conhecer um lugar novo. Como a gente se mudava muito, sempre existia uma cidadezinha do interior ainda desconhecida pra onde a gente pudesse ir de carro em uma sexta-feira.

A minha primeira grande viagem internacional foi aos 15 anos, para a Disney. Cada um de nós levou duas malas enormes, cheias de coisas que talvez fôssemos precisar. A gente não só chegou lá com muito mais coisa do que necessário, como estávamos indo diretamente para o útero do consumismo. Nem preciso falar que as oito malas não bastaram e ainda conseguimos voltar com mais duas.

Acho que foi nessa viagem que descobri o quanto eu odeio andar com malas, mochilas, bolsas de mão, almofadas de pescoço, bichos de pelúcia, sacolas e qualquer outra coisa que dê trabalho de carregar. Tem gente que é capaz de equilibrar todos os itens anteriores pelo aeroporto com um sorriso no rosto, mas é o tipo de coisa que me dá preguiça só de pensar.

Foi por isso que eu comecei a viajar sempre com uma mala pequena e uma mochila nas costas, mais nada. Pode ser uma viagem de carro pra casa dos meus pais, podem ser três semanas em um navio pra outro continente, não importa. Eu levo sempre a mesma mala e a mesma mochila. Às vezes ela vai mais cheia, às vezes vai com espaço sobrando, mas se algum objeto não couber na mala e na mochila, ele fica pra trás. O que nos leva pro próximo ponto.

Você não precisa levar tudo com você. Na verdade, esquecer alguma coisa nem é um problema. Acho que na viagem pra Disney, por ser a primeira vez no exterior, eu devo ter imaginado que os norte-americanos não conheciam as avançadas tecnologias que nós temos aqui no Brasil e quis levar tudo pra lá por conta própria. Pra quê isso? Primeiro que sempre vai faltar alguma coisa, é impossível prever tudo com antecedência, e segundo que sempre vai ter uma solução pro que ficou faltando.

Eu tenho mais fotos com essa mochila nas costas do que gostaria de admitir, mas é porque eu realmente levo ela pra todos os lugares.

A não ser que você esteja indo para um lugar muito inóspito em que a cultura do mundo globalizado milagrosamente ainda não teve a chance de colocar as garras, lá vai ter tudo que você eventualmente precisar. Se esquecer uma escova de dentes, na primeira farmácia vai ter uma pra vender. O mesmo vale pra chinelo, sungas, luvas, gorros, toalhas (contrariando o Guia do Mochileiro das Galáxias), bonés, óculos e praticamente qualquer uma dessas coisas que a gente costuma esquecer. Tem lá, confia em mim! Em Ottawa eu consegui até um par de patins de gelo emprestados no hostel, imagina se eu tivesse inventado de levar patins na mala? Perder o medo de esquecer algo pra trás é ganhar tempo nos preparativos pra viagem.

A única exceção são alguns remédios e seus documentos. Nesse caso, a dica é outra: já deixe kits sempre prontos. Meu passaporte, RG, carteira de vacinação e outros documentos que eu só uso em viagens ficam todos guardados dentro de uma carteira que só sai da gaveta pra mala e da mala pra gaveta. Não preciso ficar caçando essas coisas pela casa toda vez que vou viajar e reduz o risco de esquecer algum dos documentos.

Também tenho um kit de banheiro que foi montado clandestinamente com itens de banheiro de hotel e cortesias de avião. Ele tem desde máscara pra dormir, protetor de ouvido, até pente, shampoo e pasta de dente em tamanhos reduzidos. Só uso esse kit durante viagens e seus itens só são repostos no próximo voo ou hotel.

O último truque não é bem algo que você precisa levar, mas sim esquecer: a vaidade. É claro que eu quero sair bem nas fotos, não sou imune à vaidade, mas nunca vi necessidade em “montar looks” antes de ir. Que me desculpem algumas blogueiras de viagem por aí. Pra começar eu acredito que esse tipo de planejamento nem adianta: você pode escolher o vestido perfeito pra um passeio e acabar tendo que passar o dia de casaco por causa do frio. Pela lei de Murphy, as chances do seu planejamento dar certo são menores do que de dar errado, então esquece isso de uma vez.

Nas últimas viagens tenho pegado as primeiras camisetas do armário e jogado dentro da mala sem nem olhar quais são — se eu comprei, é porque gosto delas. Também não tem problema usar a mesma calça todos os dias. Não tem problema viajar com um casaco só. Não tem problema levar shorts de academia ao invés de bermudas que ocupam mais espaço, mesmo que seja fora de moda. Leve uma camiseta por dia e olhe lá. Se a viagem for mais longa, leve pouca coisa mesmo assim e lave sua roupa no meio da viagem. Se não der pra lavar não tem problema usar mais de uma vez também, vai.

Quando voltei de Buenos Aires meus amigos brincaram que eu usei o mesmo short de corrida em todas as fotos. Provavelmente é verdade mesmo, mas tinha um bom motivo.

O macete pra fazer a mala em pouco tempo é muito mais uma questão de desprendimento e visão de mundo do que estratégias elaboradas. Nem precisa assistir aqueles videos japoneses que ensinam a dobrar milimetricamente cada calça pra caber mais coisa. Se você é do tipo que faz listas com antecedência e gosta de colocar um item por dia dentro da mala, sem problemas, you do you. Mas se você é como eu, que prefere curtir a expectativa lendo sobre viagens na internet e pesquisando sobre o destino, não tem porque arrumar as malas demorar mais que meia hora.

Lembre-se que não existe mala pequena o suficiente. Quanto menor a mala, mais rápida de arrumar. Menos é mais, já dizia o velho ditado. Sem falar que ajuda a economizar nas novas taxas de bagagem das companhias aéreas ;)

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Igor Mariano
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Brasileiro, gestor de marketing, apaixonado por viagens, café, cerveja, livros e tudo que nos distrai • www.instagram.com/igor_mariano