Livre aqui dentro de mim

Reflexões de uma vida pandêmica

Regiane Folter
Revista Passaporte

--

Alguém mais também sente que nessa pandemia começou a filosofar mais do que antes? Eu sinto. Diminuí o ritmo das atividades, me acostumei a ficar mais em casa, e tudo isso me leva a um estado de reflexão exacerbado. Antes, o fazer ganhava do pensar. Agora, enquanto o movimento físico vai mais lento, o mental está com tudo. Até que tá sendo legal esse processo de redescobrir minha capacidade de inventar caraminholas.

Ultimamente, por exemplo, tenho pensado muito sobre a liberdade. Como a gente só aprende a valorizar as coisas depois que as perdemos, nessa situação de ter nossa liberdade de ir e vir limitada, comecei a me questionar algumas coisas:

Seremos livres, mesmo presos dentro de uma bolha?

Que tanta liberdade de decisão realmente temos neste momento?

Mas será a liberdade uma ação ou um estado?

Tanto pensar me deixou nostálgica. Lembrei de viagens que fiz, passeios, andanças tão simples como a caminhadinha na beira do mar no final da tarde. Que saudade de poder sair por aí sem medo, sem dúvida, sem me perguntar se estou fazendo algo mal ou se algo de ruim vai acontecer comigo… Ir na casa das amizades, receber visita na nossa, compartilhar momentos com aqueles que amamos. Vocês sabem.

Nem tudo é tão terrível, claro. Continuamos compartilhando momentos, de uma forma mais digital que física, mas tá valendo. É verdade que faz falta tocar, abraçar. Porém, prefiro pensar que na minha liberdade de ser, posso escolher ver essa situação com otimismo. Embora hoje não seja livre para estar com todas as minhas pessoas queridas, sou livre para dar o meu melhor e continuar caminhando ao invés de me afundar na tristeza e viver com aquela dor no coração que só a saudade excessiva causa.

Em março fez um ano desde que vi minha família pela última vez. Justamente foi um momento de festa e de encontro. Nessa oportunidade, consegui ver quase todas as pessoas que mais amo e celebramos juntos uma grande conquista. Essas e outras lembranças são meu combustível e a esperança de que logo vamos poder criar novas memórias todes bem juntinhes é o que move o meu motor.

Enquanto nossa liberdade não pode estirar as pernas e se espreguiçar com gosto, vamos aprendendo a ser livres em nossas mentes: sonhar os sonhos mais doidos, lembrar das memórias alegres, e encontrar conforto na liberdade de saber que podemos escolher viver com gratidão.

Obrigada por ler ❤ Se gostou, deixe seus aplausos 👏

Meu livro AmoreZ 📒|Newsletter ✉️|Instagram 📷

Mais histórias:

👀 Esqueci de ver o lado bom

🔚 Histórias inacabadas

--

--

Regiane Folter
Revista Passaporte

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros