A serenidade que existe no fazer, fazer, fazer…

Fazer… o que? Não é tanto sobre o que fazer, mas sim sobre porque fazer.

Regiane Folter
Revista Subjetiva

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Às vezes eu faço, faço, faço para não pensar, pensar, pensar. Uma ação bloqueia a outra, como num jogo de cartas em que ninguém tem coragem de pedir truco.

Acordo, tomo café, escrevo, me apronto, saio, leio no ônibus, trabalho, almoço, trabalho, converso, volto (lendo), abraços, brinco, merendo, mais trabalho, mais escrita, mais leitura, janto, deito. Durmo? Às vezes rápido, às vezes nem tanto.

Às vezes penso em tudo que fiz no dia e deixo o cansaço tomar conta do meu corpo, apagando nervo por nervo, cobrindo meu cérebro de uma suave névoa. Pronto, dormi! Mas em outras vezes nem o cansaço é capaz de frear a maquininha incessante de pensamentos. Não é tão ruim perder o sono se são pensamentos bons: expectativas por algo bacana que vai acontecer, lembranças felizes, ideias tão geniais quanto malucas, etc. Na maioria das noites em que o sono custa a chegar, porém, é devido a pensamentos ruins. Medos, culpas, uma auto-crítica devastadora, uma raiva escaldante. Uma mania de pensar no que poderia ter sido e não foi. Nada lindo, nada capaz de gerar coisas lindas. Somos só eu, o escuro do quarto, e esses pensamentos terríveis.

Para não deixar que eles me visitem durante o dia e para cansar meu corpo e mente o máximo que puder, eu faço, faço, faço. Me jogo naquilo que amo, me tiro de cabeça em planos, atividades, ideias. Crio, organizo, melhoro, edito, escrevo. E quando não há nada pra fazer, sempre há as timelines das redes sociais para olhar, olhar, olhar…

Sempre fui mais de fazer que de pensar, mais operativa que estratégica. Talvez porque desde pequena aprendi que tenho uma parte sombria dentro de mim que não gosto de visitar. Logo descobri que poderia afugentar a sombra se estivesse muito ocupada com outras coisas. Mantive minhas mãos ocupadas, não tive medo de caminhar pra onde fosse. Defini como meu propósito gerar coisas boas, coisas de luz, que afugentassem a sombra. E fiquei boa nisso. Sou uma fazedora e sei que posso fazer as coisas bem. Ainda não tão boa em fazer meu corpo se desligar e dormir um sono sem sonhos todas as noites. Mas um dia eu ainda chego lá.

Enquanto isso, encontro minha paz no dinamismo, me orgulho das minhas criações, respiro fundo quando um novo dia desperta e me preparo para fazer, fazer, fazer…

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros