Trânsito caótico de Hanoi

Perrengue no Vietnam: ônibus velho e inglês zero

26 horas de viagem atravessando a fronteira do Laos com o Vietnam

Eduardo Franco
Revista Passaporte
Published in
4 min readOct 20, 2017

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Após minha estadia de 11 dias no Laos chegara a hora de partir rumo ao Vietnam. A viagem começaria em Vientiane, capital do Laos e o destino final seria Hanoi, a tumultuada capital do Vietnam. Para percorrer cerca de 800 km levamos mais de 25 horas em um “sleeper bus”, modelo de ônibus com uma espécie de camas ao invés de poltronas.

sleeper bus

Ainda em Vientiane compramos as passagens de uma agência local e por volta das 18:00 horas um carro nos buscou no hostel, depois de pegar mais algumas pessoas chegamos na rodoviária da cidade.

Depois de acomodados em nossas “camas” percebemos que não havia banheiro no ônibus , ponto negativo para uma viagem tão longa. Os passageiros dividiam-se entre turistas e locais. Conhecemos um argentino muito gente boa que depois de descobrir que éramos brasileiros nos contou um pouco de como gostava da música brasileira, citando alguns artistas de samba e MPB.

Após 4 horas de estrada paramos cerca de 30 minutos em um restaurante de beira de asfalto para usar banheiro e jantar. A viagem seguiu e todos caíram no sono, especialmente os locais que possuem o incrível dom de dormir em qualquer lugar em qualquer ocasião.

O ônibus cruzava uma montanha extremamente íngreme quando depois de alguns solavancos todas as luzes se apagaram e o motor desligou, imediatamente todos os passageiros acordaram assustados sem saber o que estava acontecendo. O motorista deu uma marcha ré e tentou fazer a subida novamente, sem nenhum sucesso. Após mais algumas tentativas mandaram todos descer para tentar fazer o trajeto com o ônibus vazio, sem sucesso novamente.

Todos estavam no acostamento e na estrada não passava absolutamente ninguém. Após uns 10 minutos um outro ônibus que fazia o mesmo trajeto parou no topo da montanha, o motorista e alguns locais fizeram sinais para entrarmos no ônibus, tentamos conversar mas ninguém falava inglês, faziam apenas gestos e falavam a língua local.

Todos começaram a ficar preocupados pois queriam nos colocar no outro ônibus e ninguém explicava o porque, qual seria o plano. Ninguém queria embarcar deixando sua mochila para trás pois ainda estavam no outro ônibus que frustadamente tentava fazer a subida.

Depois de mais de uma hora nosso ônibus conseguiu subir, porém não parou aonde estávamos e continuou viagem. Ficamos todos com cara de espanto sem saber o que fazer, rapidamente todos entraram no outro ônibus pois era a única alternativa disponível.

Imagine passageiros de 2 ônibus dentro de apenas um, pois é, foi assim que continuamos a viagem por mais alguns quilômetros até deixarmos para trás a região montanhosa. Mudamos de ônibus novamente e seguimos, agora sem nenhum imprevisto.

O relógio marcava algo como 04:00 da manhã quando acordei todo suado, o ônibus estava parado e o ar condicionado desligado. Estávamos na imigração do Laos e foi preciso descer para dar saída do país. Pouco mais de 1 hora depois caminhamos uns 10 minutos até a imigração do Vietnam e apresentamos o visto que tiramos em Vientiane com o custo de U$$ 45,00. Apenas o visto não foi suficiente para entrar no país e precisamos pagar uma “propina” de U$$ 1,00 pelo carimbo no passaporte.

Ficamos parados na imigração mais de 3 horas e ninguém explicava o motivo novamente. Policiais entraram no nosso ônibus para fazer uma revista e as 10:00 da manhã fomos liberados para seguir viagem.

Passamos o dia na estrada, uma viagem estressante com algumas poucas paradas. No final do dia depois de umas 4 horas sem parar pedimos para ir ao banheiro e comprar algo para comer porém o motorista se fez de desentendido e não parou. Após mais algumas reclamações nossos pedidos foram atendidos e fizemos uma rápida parada para ir ao banheiro.

Finalmente aquela turbulenta viagem estava chegando ao fim e por volta das 20:00 chegamos na caótica Hanoi, totalizando mais de 25 horas de viagem. Pegamos nossas mochilas, pedimos algumas informações na rua para pegar um ônibus da cidade que nos deixou relativamente perto do nosso hostel.

Perrengues acontecem em toda viagem, eu poderia ter feito este trajeto de avião em apenas uma hora, porém não estaria compartilhando esse texto com vocês agora.

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Eduardo Franco
Revista Passaporte

Desenvolvedor web lavando pratos para sobreviver na Irlanda. Relatos sobre viagens e boas experiências.