Receitas para viajar

Usando a culinária para dar uns rolês por aí

Regiane Folter
Revista Passaporte

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Nem só a imaginação nos permite passear pelo mundo em questão de segundos, sem precisar sair do lugar. Vocês já usaram a culinária para viajar no tempo e no espaço? Pode ser receita de doce ou salgado, café da manhã ou da tarde, feito em casa ou delivery… O caminho que a comida faz desde a preparação até virar explosão de sabores em nossa boca é uma poderosa ferramenta para voltar aos lugares e momentos que mais amamos.

Quando improviso um prato de arroz e feijão aqui na minha cozinha em Montevidéu, parece que estou mais perto da minha família lá no Brasil. Em minha mente, estou de volta na casa da vó, compartilhando a mesa e as risadas com pessoas amadas num almoço de domingo.

Quando faço aquela receitinha marota de maionese de cenoura, sinto que estou lá na casa da minha cunhada-irmã em Buenos Aires, conversando sobre a vida e provando receitinhas veganas.

Quando mordo um croissant bem crocante, automaticamente sou levada até aqueles dias sonhados em Paris. E se sinto o cheiro de queijo, lembro da noite que nos matamos de rir experimentando queijos franceses que havíamos comprado sem muito critério num mercadinho local.

Quando provo um húmus bem feitinho e fecho os olhos, me visualizo no Egito, naquele intercâmbio que durou seis semanas e resultou em uns bons quilinhos a mais!

Quando estou inspirada, salpico um punhadinho a mais de curry no molho do macarrão e só com o cheirinho desse tempero me teletransporto pra Índia, onde 90% do que comi tinha esse sabor.

Quando tenho a sorte de encontrar algum docinho que leva frambuesa, faço questão de comprar só pra me lembrar de todas as viagens que fiz a países mais frios, lá do outro lado do hemisfério, onde senhores em caminhonetas vendiam pilhas e pilhas de frambuesas na rua. Por aqui, não é tão fácil encontrar a fruta fresca, só congelada.

Na verdade, aqui no Uruguai às vezes é difícil encontrar várias coisas que adoro, como couve, pastel, batata palha, e outras brasileirices assim! Mas aqui também descobri alguns tesouros culinários que nunca tive oportunidade de provar antes, como limão siciliano, erva-mate da boa, doce de leite dos deuses, e tantas “uruguaices” mais!

Ainda bem que o turismo culinário sempre foi parte de todas as minhas viagens. Foi assim, conhecendo restaurantes e provando tudo que me despertava curiosidade, que comecei a colecionar gostos, texturas e sabores de cada lugar que conheci, tão marcantes quanto as experiências que vivi e que me transformaram nesses destinos.

Claro, a maior saudade sempre é o Brasil, onde nasci, cresci e aprendi o que é a arte do bom comer. Felizmente, tenho uma boa máquina de teletransporte, também conhecida como Cópia do Livro de Receitas da Mamãe: quando a saudade aperta, pego esse livrinho e encontro em suas páginas e no fogão um caminho de volta pra casa.

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Regiane Folter
Revista Passaporte

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros