Três vezes na Fontana di Trevi

Dois dias rápidos em Roma e três passagens nem tão rápidas na fonte mais famosa do mundo

Regiane Folter
Revista Passaporte
5 min readSep 4, 2019

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Quando viajei à Europa em março, estive exatamente dois dias em Roma. Dentro de uma viagem de 15 dias e um planejamento rigoroso, Roma foi o destino onde estivemos por menos tempo. Mesmo assim, foi o lugar que mais gostei de todos que visitamos. E boa parte da razão cabe à lindíssima Fontana Di Trevi.

Nessas 48 horas de Itália estivemos três vezes na fonte que é uma das mais famosas do mundo. Pode soar clichê, mas não sei explicar bem o fascínio que Trevi causou em mim. Bom, em mim e nas milhares de pessoas que visitam esse ponto turístico diariamente. Pode ser por causa de seu tamanho majestoso, ou os significados de cada parte de sua escultura, ou simplesmente a beleza singela que todas as suas fontes têm. Ou talvez tenha sido o resultado de tudo isso junto!

Em nossa primeira manhã em Roma, caminhamos até a fonte bem cedinho. Ainda não havia uma multidão ao seu redor e inclusive estava fechado o acesso para chegar perto dela, justamente porque naquele momento funcionários do governo estavam drenando a água para recolher moedas. Se estima que todos os dias 3 mil euros em moedas são jogados na Fontana Di Trevi e o dinheiro resgatado aí é destinado a organizações sociais.

Nosso principal guia durante essa viagem pela Europa foi o senhor Google, e para chegar até a fonte seguimos o caminho traçado pelo Maps. Fomos andando, já que nosso apartamento era bastante próximo. Lembro de caminhar pela última ruela que nos levaria à fonte e em como minha ansiedade aumentava a medida que o barulho de água ficava mais alto. A Fontana Di Trevi está localizada no cruzamento de três ruas que, como a maioria delas nessa parte turística de Roma, são pequenas e repletas de restaurantes e comércios em edifícios com arquiteturas belíssimas. De repente, a ruinha simpática por onde caminhávamos chegou até essa praça não muito grande que está totalmente tomada pela Fontana e sua escultura majestosa. Tenho que confessar que nas três vezes em que passamos pela fonte senti a mesma surpresa ao vê-la, tão grandiosa e bela, no meio do caos da cidade.

Aproveitando que o local estava vazio àquela hora, acompanhamos por alguns minutos o processo de recuperação das moedas, que é feito através de um tubo conectado a um pequeno caminhão. A água é sugada pelo tubo, que a filtra e envia as moedas recuperadas a um reservatório.

Depois de alguns minutos, decidimos continuar o passeio e visitar outros lugares da lista. Mas como não havíamos podido nos aproximar da fonte e jogar nossa própria moedinha, resolvemos voltar durante a tarde. Aparentemente, atirar uma moeda nessa fonte tem função dupla. Primeiro, você pode fazer um pedido que a boa sorte da fonte deveria ajudar a realizar. Além disso, dizem que quem não joga uma moeda na Fontana Di Trevi não retorna a Roma — e ninguém quer correr esse risco!

Mais tarde nesse mesmo dia regressamos e o cenário que vimos foi bastante diferente. O silêncio e a tranquilidade daquela manhã haviam desaparecido. Todo o entorno da Fontana estava preenchido por pessoas, e para chegar perto tivemos que infiltrar-nos na massa. A quantidade de flashes e poses para as câmeras era infinita, e demoramos alguns minutos até conseguir chegar ao borde da fonte. Embora apertados no meio de tanta gente, ao menos estávamos ali, pertinho do lugar onde tantos filmes e histórias se passaram. E com uma alegria quase infantil, cada um de nós jogou uma moeda e fez seu pedido.

No dia seguinte tínhamos outros planos para Roma, mas como meu irmão ainda não havia jogado a sua moedinha, decidimos dar uma última passada. Fomos num horário mais razoável, nem tão cedo, mas tampouco no meio da tarde, e conseguimos acertar: não havia tanta gente àquela hora e até conseguimos sentar-nos por um tempinho para admirar a fonte com mais tranquilidade. Nessa terceira e última visita à Fontana Di Trevi me dediquei a observar os traços da escultura gigantesca, enquanto lia uma passagem em um guia turístico para entender melhor seus significados. Na escultura é possível identificar o deus Netuno, parado no meio da fonte em cima de uma concha enorme. De ambos lados de Netuno estão tritões, que tentam domar seus cavalos, um deles dócil e o outro arisco. Cada cavalo representa uma faceta do oceano, e a escultura como um todo simboliza Netuno domando as águas.

Para mim, estar na Fontana Di Trevi foi um dos momentos mais mágicos de nossa passagem por Roma. Os detalhes da escultura, a suavidade da água que jorra de distintos pontos, a felicidade que nos gerou essa brincadeira de jogar a moeda e desejar coisas lindas, tudo isso fez com que me apaixonasse por Roma, pela fonte e por essa experiência de ser turista em uma das cidades mais lindas do mundo. Mesmo assim, ficou faltando conhecer Trevi durante a noite. Imagino que com todas as luzes acesas deve ser uma paisagem espetacular! Mas tudo bem, ainda tenho tempo. Afinal joguei a moeda, ou seja, algum dia voltarei a passar por lá.

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Regiane Folter
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