Macroeconomia Básica

Thiago Baisch
Pinheiros Investment Group
7 min readApr 19, 2021

A macroeconomia é uma área de economia política e muitos de seus conceitos são apresentados na mídia diariamente. Mas poucos sabem o que significam seus conceitos, que influenciam praticamente todos tipos de investimento

O que é a Macroeconomia?

Fonte : Redação Onze

A macroeconomia acadêmica envolve a área da economia que estuda as forças que influenciam a economia como um todo. Isso envolve, por exemplo, o estudo de como os preços sobem (a inflação), das recessões e depressões econômicas, dos períodos de queda e aumento do desemprego, entre outros.

Entretanto, muitos dos conceitos dessa área acadêmica são extremamente úteis para todos, pois possibilitam entender o rumo da economia do país e como isso pode afetar tudo, desde as grandes empresas aos pequenos investidores. Alguns desses conceitos, por exemplo, são as Taxas de Juros, o PIB e a Inflação, que aparecem muito nos meios de comunicação.

Deixaremos nesse artigo a explicação básica dos principais conceitos de macroeconomia que são essenciais para todo investidor, e será referenciado material caso o leitor se interesse em se aprofundar nesses conceitos. A macroeconomia vai, porém, muito além desses conceitos, e pode ajudar a entender muitos dos problemas político-econômicos do mundo atual.

A Inflação

Fonte: U.S. Department of Commerce e Economic History Services, livro Macroeconomia, 8a Edição, MANKIW, N. Gregory

A inflação é um dos conceitos mais falados na mídia, e também um dos mais simples. A taxa de inflação mede a variação percentual no nível médio de preços. Ou seja, quando a taxa é superior a zero, os preços estão aumentando, e abaixo de zero, diminuindo (nesse caso é chamada de deflação). É importante entender que um declínio da taxa de inflação, mas com a taxa ainda positiva, significa que os preços continuam aumentando, mas em ritmo menor.

No Brasil, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) produz dois principais índices de inflação:

  • IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo)
  • INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor).

Ambos medem a variação de preços de uma cesta de produtos consumidos pela população brasileira, definida por uma pesquisa do IBGE (para saber mais sobre a pesquisa: POF ). A diferença entre eles é que o IPCA engloba a população em um modo mais geral e amplo, enquanto que o INPC é direcionado aos preços e aumento do custo de vida das famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, mais sensíveis às mudanças de preços.

A inflação influencia no Poder de Compra do indivíduo, que diminui quando a variação do salário, de um ano para o outro, é menor do que o IPCA.

O índice IPCA também é muito utilizado para calcular os rendimentos de um investimento, conhecido com os cálculos de rendimento bruto e real (para saber mais, veja o artigo sobre matemática financeira). Além disso, é utilizado como base de cálculo no rendimento de alguns investimentos, como por exemplo em alguns títulos do tesouro direto, o que pode proteger o investidor desse título de grandes mudanças inflacionárias. Veja a tabela a seguir, por exemplo:

Exemplo de alguns títulos de tesouro direto indexados ao índice IPCA, em que o rendimento é em parte pré-fixado pelas taxas exibidas na tabela e em parte pós-fixado pelas variações do IPCA. Fonte: TopInvest

Para saber mais sobre inflação:

As Taxas de Juros

Muito se fala na mídia sobre um aumento da “taxa de juros” ou sobre sua diminuição, mas o que exatamente são as taxas de juros e esse juros é aplicado sobre o que? e como elas afetam seu dinheiro?

Fonte: G1

No Brasil, quando se fala de taxa de juros num modo geral, normalmente está se referindo sobre a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia. Essa taxa, definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), influencia todas as demais taxas de juros do país. Em teoria, é a taxa de juros que o governo paga aos cotistas do tesouro nacional (a maioria são instituições financeiras), sendo que ao aumentar ou diminuir essa taxa, o governo pode estimular as pessoas a comprarem títulos de renda fixa do governo (aumentando a taxa) e assim arrecadar dinheiro, ou estimular as pessoas a investirem em seu próprio negócio ou na economia, como na bolsa de valores (diminuindo a taxa).

A taxa Selic é um importante instrumento do governo de controle da inflação, sendo que ao aumentar a taxa, tem o objetivo de desacelerar a economia, e ao diminuí-la, de aquecer a economia.

Essa taxa também influencia os investimentos da população:

  • Quando a taxa está baixa, o crédito fica mais acessível e a inflação tende a subir
  • Quando está alta, os preços tendem a baixar e os juros de crédito, parcelamento e cheque especial ficam altos.

Assim a rentabilidade de alguns investimentos variam junto com a Selic, como:

  • A caderneta de Poupança
  • Os títulos do tesouro direto
  • Outros investimentos de Renda Fixa

Um exemplo dessa influência na rentabilidade é que quando a taxa Selic está abaixo de 8,5% a poupança pode render muito pouco, até mesmo menos que a inflação no período, chegando a obter um rendimento real negativo.

A taxa Selic também influencia, como explicado, muitas outras taxas de juros, como por exemplo a taxa CDI, que é utilizada como base de cálculo do rendimento dos CDBs, um tipo de investimento em título de renda fixa feita em bancos.

Para saber mais sobre a taxa Selic e outras taxas de juros:

O que exatamente é o PIB e o que ele mede?

Você já deve ter ouvido falar sobre o PIB, mas o que exatamente é ele e o que ele significa?

Fonte: G1, Guilherme Luiz Pinheiro

O PIB ou Produto interno Bruto, é a soma de todos os bens e serviços produzidos em uma economia durante um certo período, ou seja, pode nos ajudar a avaliar se a economia no geral está crescendo e como foi a produção anual de um local. Como é medido o produto bruto, não é levado em conta a depreciação, isto é, os efeitos da inflação e do tempo que diminuem o valor das máquinas, produtos, etc.. Quando se estima a depreciação, fala-se sobre um produto líquido.
Pode ser calculado de duas maneiras:

  • PIB nominal: considera a variação dos preços da economia (como a inflação e deflação), pode causar distorção no cálculo da quantidade de bens e serviços produzida.
  • PIB real: calculado através da variação da produção em um período, desconsiderando a inflação.

Normalmente, um aumento do PIB significa crescimento econômico, podendo levar a melhores condições de vida e geração de empregos, o que permite que poupanças e investimentos sejam maiores, que haja mais segurança financeira e permite que bancos e o governo financiem mais investimentos. Entretanto, sozinho o PIB nem sempre significa todas essas melhoras, pois depende muito também da distribuição da renda, que se não for bem administrada, pode significar até mesmo uma piora nas condições de vida das pessoas e das condições apresentadas acima, mesmo com aumento do PIB.

Outros conceitos relacionados que são também importantes:

  • PIB per capita: o PIB do local dividido pela sua população, também não leva em conta a distribuição da renda, mas pode dar uma noção diferente sobre o que o valor do PIB significa naquele local.
  • Distribuição de Renda: geralmente analisada pelo índice de Gini, permite entender melhor o PIB.
  • Recessão econômica: período em que o PIB do local diminui. Em nível moderado é chamada de estagnação, e quando dura muito tempo de depressão econômica.
  • Estagflação: Quando o período é marcado por diminuição do PIB e grande aumento da inflação.

Para saber mais:

O estudo da macroeconomia

Para finalizar, o leitor deve saber que a macroeconomia é uma ciência muito ampla e que vai muito além desses conceitos, e assim como o estudo da história, permite identificar padrões que se repetem ao longo do tempo, possibilitando fazer previsões econômicas sobre o futuro.

Para um investidor de longo prazo, esse conhecimento pode ser importante e balizar suas decisões ao realizar os investimentos, gerando muitos ganhos. Assim, para quem tiver interesse nessa área, recomendamos alguns livros a seguir:

Fontes

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Thiago Baisch
Pinheiros Investment Group

Estudante da Faculdade de Medicina da USP e membro do grupo de capacitação do grupo PIG.