Black Mirror — 5ª Temporada (2019)

Cainan Silva
pipocainan
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2 min readJun 11, 2019
Netflix

Após o episódio interativo Bandersnatch, minhas expectativas estavam altas e quando vi que seriam menos episódios, como nos primeiros anos da série, imaginei que a preocupação com o roteiro seria ainda maior. No entanto, fui lembrado, mais uma vez, sobre o perigo de criar expectativas com algo. Os três novos episódios de Black Mirror bebem muito pouco da fonte da essência da série. O uso da tecnologia na quinta temporada é artificial e dá a sensação de que está ali só por estar, já as críticas sociais tão características não causam impacto.

O episódio “Rachel, Jack e Ashley Too’’ funciona como a epítome da temporada. É uma comédia que critica a indústria da música e das celebridades, algo que os espectadores não conseguem se relacionar diretamente. Ele diverte, mas não causa aquele efeito de “explosão da mente”. Se não fosse por Miley Cyrus, que interpreta a cantora Ashley O, eu me pergunto qual relevância esse episódio teria.

“Striking Vipers” é o episódio mais interessante dessa nova leva. A trama gira em torno de dois amigos que desenvolvem uma relação sexual dentro de um jogo de videogame. Somos levados à reflexão sobre o quanto as relações virtuais afetam o nosso cotidiano e relacionamentos “presenciais”. A tecnologia não é vista como inimiga nesse episódio e sim como uma extensão das capacidades humanas.

Em “Smithereens” acompanhamos a história de um motorista de aplicativo que sequestra um passageiro acreditando ser alguém de alto escalão numa empresa. O episódio é centrado nas problemáticas de obsessão por redes sociais e coleta de dados por parte das empresas. Mais um episódio que acaba atingindo abaixo do potencial das séries, apesar das boas atuações.

O fato é que Black Mirror não choca mais como antes. A culpa disso seria somente dos roteiristas ou da nossa sociedade, que está cada vez mais caótica? Fica aí a reflexão e a esperança de dias melhores para a série.

Nota 2 (Regular)

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Cainan Silva
pipocainan

Há muito tempo eu já sabia que nem tudo é céu azul, que há também melancolia na vida de cada um