Como obter uma xícara de “Chá”? Infusão, decocção ou maceração.
Para obtermos uma xícara de “Chá” é necessário antes realizarmos um processo de extração, deste modo conseguimos extrair das plantas seu sabor, aroma e seus fitoconstituintes. São diversos os métodos de extração, vamos abordar neste texto os métodos de infusão, decocção e maceração, além de algumas características que podem alterar no processo.
Abordamos no texto anterior (Chá ou infusão: Qual a diferença?), a diferença de nomenclatura utilizada no universo dos Chás. Para obtermos um “Chá” é muito comum utilizarmos o método que chamamos de Infusão, porém existem outros métodos de extração que utilizamos no nosso cotidiano que também são utilizados para a obtenção dos “Chás”. Abaixo abordaremos os conceitos dos métodos extrativos segundo a Farmacopeia Brasileira para Fitoterápicos sempre utilizando como líquido extrator a água, porém ressaltamos que estes métodos também podem ser realizados utilizando outros solventes.
Infusão é a preparação que consiste em verter água quente (geralmente fervente) sobre a droga vegetal (planta seca e rasurada) e, em seguida, se aplicável, tampar ou abafar o recipiente por tempo determinado. Método indicado para drogas vegetais de consistência menos rígida tais como folhas, flores, inflorescências e frutos, ou que contenham substâncias ativas voláteis.
Decocção é a preparação que consiste na ebulição da droga vegetal em água potável por tempo determinado. Método indicado para drogas vegetais com consistência rígida, tais como cascas, raízes, rizomas, caules, sementes e folhas coriáceas.
Maceração é o processo que consiste em manter a planta fresca ou droga vegetal, convenientemente rasurada, triturada ou pulverizada em contato com a água potável, por tempo determinado para cada vegetal, e, em temperatura ambiente. Deverá ser utilizado recipiente âmbar ou qualquer outro que elimina o contato com a luz.
Além dos métodos extrativos, alguns fatores influenciam diretamente na extração, como a parte do material vegetal utilizada, a origem deste, o grau de processamento, o tamanho da partícula, o solvente utilizado, o tempo de extração, temperatura, polaridade e concentração do solvente. Neste texto iremos abordar apenas três fatores: tamanho da partícula, tempo e temperatura.
Tamanho de partícula: quanto menor o tamanho da partícula maior a facilidade do solvente penetrar dentro da célula e realizar a extração. Em contrapartida, quanto menor o tamanho de partícula, mais acelerados os processos de decomposição (processos oxidativos), maior a absorção de umidade e maior a perda de substâncias voláteis. Vamos utilizar como exemplo o café, se fossemos obter uma xícara de café a partir dos grãos, provavelmente teríamos um café bem fraco, deste modo, trituramos os grãos para obter o pó e assim temos um café muito mais saboroso.
Tempo: o tempo é essencial no processo de extração, de modo geral quanto maior o tempo de extração, maior o rendimento. Em contrapartida, dependendo do solvente utilizado podemos ter a proliferação de microorganismos e pensando em uma xícara de “Chá” provavelmente teríamos uma bebida com gosto muito forte ou fria. Exemplificando, para obtermos uma xícara de Chá branco o recomendado é esperar em infusão por 2:30 minutos, deste modo teremos a bebida com todas as suas características organolépticas (cor, odor e o sabor).
Temperatura: de modo geral quanto maior a temperatura, maior a solubilidade dos compostos, deste modo aumentaríamos o rendimento de extração. Pensando em “Chás”, se fizermos uma infusão com a mesma planta utilizando temperaturas diferentes, teremos bebidas com características diferentes. Um exemplo são estas águas saborizadas com limão e hortelã, o gosto destes ingredientes acaba ficando bem sutis, porém se esquentarmos a água e colocar os mesmos ingredientes, provavelmente o limão ficará com gosto amargo e o gosto e aroma de hortelã ficarão mais evidentes.
Se levarmos em consideração estes três fatores (tamanho da partícula, tempo e temperatura) teremos bebidas com gostos e aromas bem diferentes.
Estes dias li em um blog especializado em Chás que dependendo da qualidade da planta utilizada no Chá a mesma poderia ser utilizada para 2 ou até 3 infusões da mesma planta. Quando pensamos em Chá isso é recomendado pois estamos pensando na experiência sensorial, ou seja, no gosto e no aroma desta bebida, e estas extrações posteriores podem trazer ainda novas experiências. Porém quando pensamos em processos extrativos para fins farmacêuticos o ideal é realizar a extração total.
De modo geral para obtermos uma xícara de “Chá” de qualidade, quanto maior o tamanho da partícula maior o tempo necessário de extração, sempre respeitando a temperatura de acordo com a planta que esta utilizando. O ideal antes do preparo é sempre procurar em sites especializados qual a melhor temperatura e o tempo necessário de preparo, além de ter o material necessário para fazer a infusão, decocção ou maceração.
Dica: para plantas com óleos essenciais (capim limão, camomila, casca de laranja, etc) recomenda-se sempre o método de infusão (conteúdo para outro post).
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Referências: