De Contadora a Produteira: Thaís Ingrid

Ela começou a carreira como auxiliar de escritório, chegou a estudar Pedagogia, mas veio para o lado Produto da força

Rafael Louzada
Product Arena
9 min readJul 10, 2020

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Olá! Estamos de volta com mais uma edição da Série “Como Virei Produteira”. E dessa vez, vamos contar a história da Thaís Ingrid, que tem algumas pivotadas pelo caminho até a primeira ocupação como Product Owner. Vem comigo pra conhecer essa história?

Confira a Série “Como Virei Produteiro” completa clicando aqui.

A carreira da Thaís começou bem cedo, ainda com 16, 17 anos. Ela trabalhava como auxiliar de escritório em uma empresa de contabilidade. Na época, com o objetivo de pagar a Faculdade de Pedagogia. Só que, a cada aula, o interesse pelo assunto ia diminuindo. Além disso, a perspectiva de uma carreira bem sucedida em Contabilidade parecia mais promissora, inclusive financeiramente.

A essa altura, Thaís já tinha mudado de emprego e trabalhava em uma Metalúrgica. Lá, entrou no programa de Trainee enquanto mudava o curso da faculdade para… Contabilidade.

Mudança de planos…

E aí, as coisas ainda não aconteceram bem como o esperado. Thaís trabalhava na área fiscal da Metalúrgica e não estava conseguindo se envolver diretamente com a Contabilidade da empresa. Terminado o curso, era hora de entender quais eram as perspectivas na companhia. Ela chamou o gestor para uma conversa e…

- Eu me formei em Contabilidade e gostaria de exercitar o que eu estudei. Queria saber se vou poder exercer de fato o que eu aprendi na Faculdade.

A resposta foi, digamos, não muito animadora. A perspectiva era continuar envolvida com a área fiscal, lidando com burocracia, notas fiscais e demais documentos. Mal sabia ela que esse conhecimento seria útil lá na frente. Mas fica comigo. Eu já te explico.

- Naquele momento, eu sentia que eu tinha “quebrado a profissão” porque me formei e não trabalhava com contabilidade — conta a futura Product Manager.

Thaís ainda tentou “praticar” o que tanto estudou através de freelas. Pegou alguns serviços pontuais, para pelo menos sentir um gostinho. Mas a frustração ainda incomodava.

Discovery do próximo passo

Na busca por alternativas, rolou uma espécie de brainstorming, que passou por “Gosto de ajudar pessoas, logo quero trabalhar com Fisioterapia”. Até que veio uma ideia de quem estava ali pertinho, acompanhando a saga de perto.

- Você deveria trabalhar com Tecnologia — sugeriu o namorado, Kaio Graco.

A resposta foi rápida, direta e objetiva.

- De jeito nenhum!

Mas a sugestão foi parecendo menos louca a cada dia e ela se abriu mais para ouvir, já que insistiam tanto que ela tinha essa sementinha de Product Manager.

- Você quer comprar a dor de todo mundo, gosta de ouvir, tem um perfil que se daria muito bem com os clientes — insistia o namorado, pra alegria da área de produtos.

Thaís, então, topou pagar para ver. Começou a trocar mais ideias com o namorado sobre gestão ágil, gestão de produto, entendimento dos usuários, acompanhamento de métricas, terminando quase um curso particular informal, em casa. Ela queria se aprofundar e ele montou um case de estudos, que eu achei tão curioso que resolvi contar aqui:

Ele seria o dono de um restaurante fictício chamado “Boteco do Porco”. Ela seria a responsável por definir a estratégia desse “produto”. Só que tinha um detalhe. Como dono do restaurante, apesar do nome falar em Porco, o Kaio queria vender apenas aves.

A consultoria era uma pegadinha. O objetivo era a Thaís exercitar a ideia de que ela não precisa fazer exatamente o que o cliente pede. E que ela poderia entender as motivações, propor soluções diferentes daquilo desejado.

As conversas evoluíram, e a Thaís foi se interessando sobre o negócio de produto. Traçou um plano. Abandonou a ideia de fazer um MBA e resolveu fazer pequenos cursos na área. Começou com alguns mais curtinhos e mais baratos, online. E foi se envolvendo com coisas mais pesadas.

Um dia descobriu uma tal de Product Arena. Fez o primeiro curso, de Product Manager (Jabá: Inscrições abertas aqui). Àquela altura, ela ainda tinha dúvidas sobre a sua capacidade de mergulhar naquele mundo com tantos aspectos diferentes do que ela estava acostumada. E lá, rolou aquele momento de inspiração.

- Tinha uma menina na turma que era enfermeira e tinha virado Product Manager. Enfermeira! Uma área tão distante de produto quanto contabilidade, talvez até mais. Aí, eu pensei “Dane-se o mundo, que eu vou seguir nisso.” Foi ali onde eu virei a chave.

Spoiler Alert: A Enfermeira era a Ju, uma amiga querida que estará aqui na Série “Como Virei Produteira” em breve. Aguardem!

A cartinha do primeiro emprego

Decisão tomada, era hora de agir: Thaís fez as contas, pediu demissão da empresa em que trabalhou por quase 7 anos. Ela se programou para ficar 5 meses estudando de casa. Livros, Meetups, Cursos… Até que o “prazo” que ela havia se dado estava chegando ao fim. Era hora de começar a se candidatar a vagas.

E aí, bateu aquele problema que você já deve imaginar, né? Cadê a experiência?

Estava difícil se destacar em qualquer processo seletivo só na base do estudo. Então, Thaís teve a ideia de destacar o seu ponto forte até então: a sua história. Preparou uma cartinha básica de apresentação contando que era formada em contabilidade, com 11 anos de experiência na área fiscal. Mas que queria mudar de área e estava focada nisso. Queria apenas uma oportunidade. E ela achou essa cartinha. Dá uma olhada aí na imagem

Muita gente recebeu essa carta aí do lado. Teve quem ignorasse e quem desse respostas de todo tipo. Uns desencorajaram, alegando que “não é assim, não basta fazer meia dúzia de cursos e virar PO” e outros deram força: “Arrasa, você vai conseguir. É assim mesmo”. Mas essa resposta aqui embaixo foi a que provou que a estratégia tinha dado certo.

“Oi, Thais! Você está com sorte! Temos uma vaga de PO para um produto fiscal/financeiro”.

Lembra quando eu falei láááá em cima que aquele período trabalhando com questões fiscais iria ajudar? Então…

Era só uma conversa, mas lá foi a Thaís cheia de esperança. A empresa era a CargoX, que lidava com transporte e logística. Uma espécie de Uber de caminhões, com um time de produto que lidava com a parte de notas fiscais para esse tipo de serviço. Só tinha um problema: a vaga era de profissional Pleno, não de júnior. E a Thaís resolveu traduzir o dilema do CPO daquele momento:

- Então, agora, você tem a escolha de contratar um pleno sem experiência ou uma júnior com experiência.

Não precisa de legenda

O processo seguiu, mas o caminho já estava pavimentado. Ainda rolaram etapas com o RH e com outros Product Managers da empresa. Em uma delas, houve um desafio. Ela tinha que analisar o aplicativo do iFood e propor alguma melhoria.

- Na época, pensei “Logo o iFood, que tem tudo?” Eu não era usuária regular do app, não conhecia a fundo.

Resolveu, então, partir pra onde se sentia mais familiarizada: pelo seu histórico, as partes de cadastro e pagamentos. Fez considerações sobre o carrinho, propôs mudanças. Levantou alguns outros pontos do app como um todo.

Não tinha certo e errado. O objetivo, provavelmente, era entender a linha de raciocínio. O papo rendeu e, na saída do desafio, ela foi convidada a conhecer a área de produto da CargoX. Viu onde ficavam as equipes, quem era o CEO. Ela já estava sendo apresentada para a empresa inteira.

Acabando o tour, Thaís saiu de lá esperançosa naquela sexta-feira. E quando chegou no metrô, tocou o telefone.

- Era o RH. Me ligaram pra perguntar se podiam mandar uma proposta! Mandaram e eu já tinha decidido ali, na hora. No metrô! Eu iria de qualquer jeito, até por uma cesta básica. Queria aprender. hahaha Mas deixei a resposta pra segunda, pra dar uma valorizada.

Enfim, Product Owner

Na semana seguinte, Thaís partia para o seu primeiro emprego como Product Owner. Foram 5 meses de estudos e 20 dias de busca. Deu certo e o pé estava fincado em produtos.

Na CargoX, Thaís aprendeu muito. No início, o trabalho era ser “sombra” de uma outra Product Manager. Ver de perto como funcionava aquela dinâmica, como se organiza o backlog, como priorizava, como tocava cada cerimônia… Mas depois de dois meses, essa gerente saiu.

E aí, tinham dois lados dessa história: ao mesmo tempo em que era assustador assumir algumas daquelas tarefas sozinhas, era empolgante poder ter autonomia para ocupar aquele espaço: “já estava ansiosa para colocar a mão na massa”.

O produto tinha uma particularidade que ajudava naquele momento: o usuário era interno. Então, ver alguém utilizando cada funcionalidade lançada era muito fácil.

- Eu montava um teste e ia até a Operação testar os protótipos e o produto. E a partir dali, eu ia priorizando os próximos passos. Fazia muita pesquisa interna, pescava designers dos outros times pra me ajudar… Depois, marcava uma reunião, mostrava aos Devs e perguntava se dava certo.

Na informalidade daquele processo, a Thaís foi encontrando o seu jeito, o seu estilo e os seus processos. Foi nesse período que nos conhecemos, no curso de Product Discovery da Arena. (Jabá de novo: inscrições abertas aqui).

Novos caminhos

A CargoX passou por muitas mudanças. Diretores, gerentes, designers… E chegou a hora em que a Thais sentiu que precisava ir para outro lugar para continuar o seu crescimento e se candidatou em alguns processos. Foi chamada para a primeira entrevista. E ela tinha passado mesmo, de primeira.

Hoje, Thaís é Product Manager na Bionexo. Sente que conseguiu fazer a transição e agora é uma questão de aperfeiçoar as suas habilidades.

Como sempre, no final dessa história, eu perguntei o que ela faria diferente.

- Considerando o que eu sabia na época, não mudaria nada na minha preparação. Mas teria tentado a transição antes.

Thais e a sua equipe na Bionexo (Foto: APT — Arquivo Pessoal da Thaís)

Sobre dicas para pessoas que estejam nesse momento de transição de carreira ou dando os primeiros passos em gestão de produto, ela tocou em um assunto que vira e mexe a gente comenta nos eventos na Arena.

- Uma coisa que eu ouvi de um gestor na CargoX, quando eu comentei que estava pensando em fazer certificação para PO: “Pega esse dinheiro e vai fazer um monte de cursinhos em vez de certificado”.

E complementa com uma sugestão para esses (às vezes) tão assustadores primeiros passos. Conta aí, Thais:

- Acho que o melhor é fazer as coisas gradualmente. Você acha que se identifica? Faz um cursinho curto. Experimenta e vai aumentando. Para não correr esse risco de se perder no meio do caminho, começa a estudar um pouquinho de cada coisa na área. E depois se aprofunda.

Thaís vestindo a camisa até no Home Office :) (Foto: APT)

Quer conhecer outras histórias de pessoas que migraram de carreira para virar Produteiros? Corre nesse link.

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Quer fazer essa transição para Produteiro(a) ou ainda se aperfeiçoar? Dá só uma olhada na lista dos cursos da Product Arena:

Product Manager, com Horácio Soares e Arthur Castro (20, 22, 27 e 29 de julho)

Módulo 2: Arquitetura de Informação e Usabilidade, com Guilhermo Reis (20, 21 e 23 de julho)

Product Discovery, comigo e com o Rafael Xavier (27, 29 e 31 de julho)

Métricas de Produto (Online — Ao vivo) com Horacio Soares e Gustavo Esteves (10, 11, 12 e 13 de agosto)

UX Writting, com Bruno Rodrigues (17, 18, 19 e 20 de agosto)

UX Strategy, com Denise Pilar (1, 2 e 3 de setembro)

Detalhes e calendário completo nesse link.

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