E AGORA PM #4

O que analisar na hora de mudar de emprego?

Arthur Castro
Product Arena
10 min readFeb 8, 2022

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E ai galerinha de produto! Estamos de volta com a série E AGORA PM?

Funciona assim: levantamos várias perguntas e desafios comuns ao dia a dia da gestão de produto e convidamos alguns profissionais para responder com suas experiências. Se você quiser saber como foram os anteriores, é só clicar aqui nos links abaixo:

  1. Como alinhar atrasos no Roadmap com stakeholders?
  2. Como conquistar mais autonomia de decisões dentro da sua organização?
  3. Como é ser PM em mais de uma squad?

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Agora vamos ao que interessa. O tópico do E AGORA PM? #4 é:

O que analisar na hora de mudar de emprego?

Trouxemos profissionais de produto que fizeram movimentações de emprego há menos de um ano para empresas como daki, iFood, QuintoAndar e LEGITI para contarem um pouco os fatores que analisaram na hora de mudar. Bora ler?

Felipe Lopes — GPM @ QuintoAndar

“Como profissional, quais são os pontos que eu quero evoluir ou ter na minha vida? É dinheiro? É tranquilidade? É conhecimento?”

Para mim, qualquer mudança de emprego passa muito por autoconhecimento. Acho que toda pessoa precisa entender o que motiva ela, quais são os gatilhos que fariam ela pensar numa movimentação, quais são os possíveis gaps que ela tem como profissional… ter algum tipo de ferramenta/estrutura que ajude a pensar “Como profissional, quais são os pontos que eu quero evoluir ou ter na minha vida? É dinheiro? É tranquilidade? É conhecimento?”. Se auto-conhecer e saber que a posição que você está ocupando, no momento, não te dá perspectiva de evolução nos pontos que você está buscando, abre uma porta gigantesca para buscar caminhos, seja dentro da própria empresa (mudança de área ou contexto ou negociação por uma promoção com maiores desafios, por exemplo), seja fora da empresa.

É importante dizer que se autoconhecer e ter uma noção do que te faria movimentar, é um processo que, de tempos em tempos, gera resultados diferentes. O que motivou minhas últimas mudanças de trabalho, foram pontos relacionados a desafios… entretanto, já houveram momentos na minha carreira que as motivações eram relacionadas a questão financeira — e não é demérito nenhum ter isso como um dos principais pontos na hora de fazer a mudança, desde que não seja por isso. Já vi muita gente que fez mudanças por conta de dinheiro e esse estado de conforto financeiro não é a única coisa que motiva, a longo prazo, normalmente.

Para finalizar, acho que tem um ponto que passou a ser mais frequente nos últimos anos, em toda movimentação que eu faço, que é: “Essa empresa realmente respeita o colaborador? Eu vou ter segurança psicológica para realizar meu trabalho?”. Acho que todo mundo está, em algum nível, passando por situações mais complexas quanto ao psicológico, por conta da pandemia, e isso colocou ainda mais a lupa sobre a importância do ambiente e da cultura da empresa. Para isso, o que eu faço é conversar com pessoas que estão na empresa (abordar pelo linkedin mesmo, não tem problema!), procurar mais por mais informações sobre esse ponto em glassdoor ou linkedin, ver como as pessoas reagem sobre esse tipo de pergunta durante a entrevista… é importante se atentar aos sinais e as respostas para não entrar numa empresa motivada pelo desafio e pelo pacote financeiro, e flertar com burnout de mês em mês.

Gabriela Fraga — GPM @ iFood

"Costumo dizer que se eu estou muito confortável com o que estou fazendo no trabalho e não me sinto mais desafiada, está na hora de mudar."

Quando iniciamos a jornada profissional, colocamos os nossos sonhos e realizações como parte do plano de trabalho, sendo o trabalho em si o esforço necessário para alcançá-los e tudo o que vier ao longo desse caminho (as empresas, oportunidades, frustrações, aprendizados e resultados), servem de combustível para que o caminho até a conquista do objetivo seja cada vez mais curto.

Eu acredito que a maioria das nossas vivências estão ligadas diretamente a forma que nos relacionamos e tudo aquilo que o indivíduo constrói a partir das suas relações.
Por isso, costumo dizer que se eu estou muito confortável com o que estou fazendo no trabalho e não me sinto mais desafiada, está na hora de mudar.
Se você parou para pensar e se perguntou se precisa tomar uma decisão diferente sobre o seu trabalho atual, considere sempre o momento que você está com esse desafio e aqui já é o primeiro passo para chegar ao próximo.

Eu sempre me faço perguntas do tipo: “como está minha energia?”, “esse é o desafio que ainda se conecta com o meu momento e propósito pessoal?”, “como anda o equilíbrio entre esforço e a recompensa?”, “eu me orgulho do que estou entregando?”, “me sinto desafiada e desenvolvida?” e procuro sempre relacionar ao meu bem estar, ao que busco de próximos passos pra minha carreira.
Fazendo uma analogia breve ao que tange as relações mencionadas anteriormente: é importante medir se estamos em sintonia ou se de fato precisamos iniciar um novo ciclo.

O que eu sempre levo comigo e não abro mão: eu preciso acordar todos os dias curtindo muito o que eu faço, aprender sempre com as pessoas com quem eu trabalho e me orgulhar dos meus resultados.
Os ambientes são feitos pelas pessoas e os resultados são frutos de times competentes e com grande sintonia de trabalho, então escolher estar com estas pessoas também é escolher o melhor pacote de desafios para você.

#JABÁ

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Nana Menezes — Acquisition Manager @ Daki

"Além das entrevistas, sempre gosto conversar com pessoas que trabalham no lugar, elas vão contar o behind the scenes, o que funciona e o que não"

Tomar a decisão de trocar de trabalho nunca é uma tarefa fácil, normalmente passa por um processo de muita reflexão e conversas. Toda vez que você quer fazer uma mudança, você está buscando algo. Então a primeira coisa que me pergunto é “porque quero fazer essa mudança?” É difícil resolver um problema se não sei qual realmente ele é.

Essa é a hora que sou mais sincera comigo, algumas vezes que me fiz essa pergunta vi que estava querendo mudar para me auto sabotar, porque estava com medo do desafio a minha frente ou fora da minha zona de conforto, em outras estava buscando algo que não me faria feliz.

O segundo passo é rever minha listinha de prioridades, basicamente o que é importante para mim. Dependendo do momento de vida, algumas prioridades ganham um peso maior. Algumas vezes o que motivou minha troca de emprego foi o desafio, em outras a cultura da empresa, a flexibilidade, o salário, o equilíbrio entre pessoal e profissional. Poucas vezes foi um único motivo, mas ter isso claro me ajuda a escolher a próxima empresa de forma mais assertiva.

Gosto de analisar também alguns pontos da empresa (como gestor, recursos para fazer meu trabalho bem, escopo de trabalho, time e cultura) e de auto desenvolvimento (como comunicação, liderança, pensamento estratégico e execução), para buscar um lugar em que consiga me desenvolver.

E aí começo a etapa das conversas para descobrir se vou encontrar o que estou buscando nessa nova empresa. Alguns dos pontos até dá para descobrir nas entrevistas, mas sempre gosto conversar com pessoas que trabalham no lugar, elas vão contar como a empresa realmente é, o que funciona e o que não. Isso me ajuda a entrar preparado e até mapear algumas dificuldades antes de entrar. Converso também com alguns amigos para ver se estou deixando de enxergar algum ponto. Gosto de conversar com pessoas que pensam de forma bem diferente da minha, eles sempre me trazem perguntas que não haviam passado na minha cabeça, isso enriquece meu processo.

Acho que o principal é tomar uma decisão de forma consciente, cuidado para não acreditar no sonho que te venderam em uma entrevista, ir para um lugar porque dizem que trabalhar lá é legal, porque seus amigos trabalham lá, ou porque é a empresa hype do momento. Sempre precisamos buscar o que é melhor para nós, e tomar a decisão de forma consciente te ajuda a evitar frustrações futuras.

Vini Diascanio — Sr.Product Manager @ iFood

"Para definir o que está buscando, além do que você gosta, é super importante saber o que NÃO gosta"

Se você iniciou esse pensamento ativo de troca de emprego ou ficou “aberto para conversas”, houve algum ponto de partida.

Você pode estar insatisfeito/com pulga atrás da orelha há algum tempo no atual trabalho, ou como nosso mercado e pessoas de produto superaquecido, foi abordado por uma “oportunidade”. E aí é importante criar uma bússola para se localizar.

Se for o primeiro caso, onde está incomodado com seu momento atual, você já identificou o que é? Pode ser o seu dia a dia e o escopo em que atua, sua (falta de) liderança, não desenvolvimento e evolução por algum motivo, estrutura organizacional ou o ambiente que está envolvido. E é aí que se conecta com o outro lado de novos ares. Afinal, o que garante que na sua próxima empreitada não terá as mesmas dores?

Quando você tem isso mapeado, você se localiza e a visão de onde quer ir, fica mais clara.

Então você pode se preparar melhor para o próximo passo que é: a direção. Se você sabe o que gosta, não se esqueça o quão importante é saber o que NÃO gosta, defina o que está buscando. Pode ser desde a indústria e segmento, qual momento e tamanho da empresa, quem é o time atual (afinal é com eles que você vai passar o dia e se desenvolver), qual papel você procura, o que quer desenvolver e até a longo prazo o que planeja da sua carreira e o impacto dela na sua vida. Essa parte é difícil pois haverão trade-offs e aí é o seu “roadmap” de como você faria a sequência e a cadência dos próximos passos.

Vitória Jacarandá — Product Lead @ LEGITI

"Processos seletivos servem para avaliar a empresa também"

Quando a gente pensa na escolha de onde trabalhar, é importante entender que não existe a empresa ou papel ideal para todo mundo ou mesmo que um lugar que hoje é bom para você não possa deixar de ser. As empresas mudam e nós, junto às nossas prioridades, mudamos também. Então é muito importante que cada escolha e movimentação seja feita olhando para nós mesmos e nossas prioridades, pois é uma escolha muito particular e importante, já que grande parte da nossa energia será dedicada a esse ambiente.

Gosto de dividir nossa busca pela mudança de duas formas: com origem interna: algo onde estamos não nos serve mais ou com origem externa: podemos até gostar de onde estamos, mas estamos buscando algo que esse lugar não pode nos oferecer. A origem interna geralmente vem com gatilhos mais fortes e fáceis de identificar, pois algo dentro da organização está te expelindo, como a cultura, o excesso de trabalho, a relação entre as pessoas… Já a origem externa costuma ser uma busca um pouco mais lenta e construída, como uma remuneração melhor, um conhecimento novo, um desafio diferente e por aí vai.

Independente da origem (ou das origens) por essa sede de mudança, o que tem me ajudado bastante a tomar boas decisões ao longo dos anos é o autoconhecimento. Sempre tomo um tempo para entender o porquê algo me incomoda ou estou buscando algo novo. Por diversas vezes me veio o impulso de simplesmente buscar um novo desafio diante de uma situação incômoda e após um melhor entendimento consegui tomar aquilo como desafio e aprendizado e me mantive muito bem onde estava. Tudo isso, claramente, só foi possível com apoio de terapia profissional me apoiando no caminho desse autoconhecimento!

Em outras situações, foi de fato necessário mudar pois aquela empresa em que eu estava não mais oferecia o que eu estava buscando. Esses momentos de mudança sempre foram um misto de angústia e euforia para mim, mas uma vez a decisão tomada, nunca me arrependi!

Para tomar a decisão de escolha do próximo desafio, eu primeiro identifico o que estou buscando e em seguida o que eu estou ou não disposta a abrir mão por isso, afinal dificilmente iremos encontrar a empresa que preencha todos os requisitos, então em algum momento teremos que fazer escolhas. Eu já busquei por exemplo por uma forma de trabalho específica dentro da cultura de produtos e para isso topei um business que não estava entre os meus preferidos, já busquei também por um desafio maior e para isso abri mão (pelo menos inicialmente) da remuneração que eu esperava, já busquei por cultura… Em cada momento das nossas vidas vamos estar tentando otimizar uma coisa diferente, o importante é tentar buscar sempre essa clareza antes de tomar as decisões.

É importante lembrar que os processos de entrevista não são só para nos avaliar, eu aproveito bastante esses processos para avaliar cuidadosamente a empresa com a qual estou flertando. Então uma vez que tenho meus critérios bem estabelecidos, faço todas as perguntas inclusive mais de uma vez para pessoas diferentes durante o processo e não hesito a pedir papos a mais caso ainda tenha alguma dúvida não esclarecida.

E se tiver algum feedback ou alguma sugestão para o próximo E AGORA PM?, me manda um alô e se inscreve na nossa newsletter.

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Arthur Castro
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Founder @ProductArena. Previously led products for millions of users at tembici, Yellow, InstaCarro, Youse, Movile, Dafiti, Turner and Meitu