Amanda Carneiro
SHIFT
Published in
3 min readJun 1, 2016

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foto por Christian Koch

A gente nasce lagartinha, mas chega hora que vira borboleta e tem que voar. Mas será que tem uma data determinada pra isso? Será que precisamos mesmo sair da casa dos pais, deixando conforto e carinho pra se arriscar numa vida lá fora? Será que não dá pra estender esse tempo só mais um pouquinho?

O relógio desperta cedinho e você já levanta com o cheiro de café posto à mesa. Tem pão novo, às vezes presunto e mortadela, mas a manteiga é de lei. A primeira refeição do dia é ao lado daqueles que sempre estiveram do seu lado: seus pais. Isso pode ser positivo ou não, tudo depende do dia.

“Moro com os meus pais, é uma maravilha poder sentir o aconchego e o carinho deles comigo todos os dias, faz com que a gente se sinta mais segura e confiante durante o dia todo. Mas mesmo morando com eles pude perceber que me dão asas para voar e que me mostram a cada dia como é a vida lá fora sem o aconchego da vida que levo hoje.”

Beatriz Antunes, 18 anos

Você vai pro trabalho, pra faculdade ou pra escola e dá o melhor de si, sabendo que chegando em casa terá todo o amor do mundo de braços abertos pra ouvir e te receber de volta. O conforto de morar com os pais é inegável: é roupa lavada, comida na mesa e contas pagas. É não se preocupar tanto com os “problemas de gente grande”. Mas também é receber um grande “não” quando quer dinheiro pra sair naquele final de semana, é ter que dormir cedo na sexta à noite, é viver sob os constantes e protetores olhos dos pais. É ter que dar satisfação de todo o lugar que vai, é participá-los da maior parte de sua vida. É discordar e dormir com o coração apertadinho de dor querendo ter opinião mas sem machucá-los.

“Mas nem tudo são flores, não mesmo. Nesse jardim, conhecido também como casa, há espinhos. Há cobranças constantes, prestações de contas e satisfações na maioria das vezes em que saímos e com o que gastamos dinheiro. Sempre as mesmas recomendações e precauções ao irmos para festas, isso quando não impõem limites dizendo que está saindo muito.”

Paula Dias, 19 anos.

Crescer na casa dos pais é um ninho de amor. Você tem praticamente tudo o que deseja, quando deseja. Tem amor, carinho, atenção, sossego. Mas às vezes a gente também quer um pouco de espaço; quer dar o próximo passo de olhos vendados mas eles estão sempre ali pra segurar sua mão ou advertir do perigo. Também pode ser sufocante.

“Morar com os pais é como viver para sempre num ensino médio, porém com mais responsabilidades. Tudo tem os seus pros e contras. Não sei se enxergo tudo isso como uma vantagem por ter sempre quem eu mais preciso comigo, ou uma desvantagem por não ter o meu shift. As coisas podem ir de sonho para pesadelo o tempo todo. Você se vê lutando por uma liberdade todos os dias, liberdade essa que só irá conseguir quando realmente for morar fora (o que só vai acontecer depois que eu me formar, trabalhar e ganhar meu dinheiro para comprar minha própria casa — isso se eles não me ajudarem a comprar também). Mas ao mesmo tempo, se vê confortável diante de tantos mimos.”

Nicolle Bertoluci, 18 anos

— Já tá na hora de ir pra cama — sua mãe anuncia — não vou ficar te chamando mil vezes pra acordar amanhã. Desliga logo esse computador, menina.

MORAR é a primeira série do SHIFT.
A primeira postagem, sobre morar sozinho, você pode conferir
aqui e a segunda, sobre morar com amigos ou em repúblicas, você confere aqui.
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