Não existe Inovação sem Design

Luciana Lindoso
_Pulse.Oficial
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4 min readNov 23, 2017

Sou uma profissional apaixonada pela minha profissão e sempre me posicionei claramente contra a banalização do exercício da atividade atrelado unicamente ao apelo estético, pode parecer um desabafo, mas ser Designer não é pintar um botão de vermelho, tampouco fazer aquele banner supimpa da loja da esquina, Ser Designer é projetar soluções… Soluções que podem proporcionar experiências inesquecíveis a alguém que dirige o primeiro carro, ou mesmo soluções que ajudarão uma pessoa maior de 70 anos a sentir-se incluída na era digital por meio de uma interface fácil.

Ser Designer é projetar soluções… Soluções que podem proporcionar experiências inesquecíveis a alguém

Tô lendo um livro que espanta pela atualidade do seu conteúdo, O Dilema da Inovação — 1997 — de Clayton Christensen, e desde lá vejo que a disrupção já emite uma ressonância que rompe barreiras em curto espaços de tempo e em ambientes gigantescos.

Vou me apropriar de dois termos muito citados no livro: inovação tecnológica e inovação de design, estes dois alicerces sustentam a maior parte dos ambientes disruptivos, as startups estão aí para confirmar o que digo e nesse cenário de inovação, o Design se reinventa com metodologias e abordagens para possibilitar a criação de experiências aperfeiçoadas usando as tecnologias disponíveis, então meus queridos e minhas queridas padawans, se vocês desejam inovar e quebrar paradigmas, é preciso mudar o foco e se apropriar dos métodos do Design.

Para não parecer que estou puxando sardinha pro meu time, vou parafrasear Daniel Cabral — membro do time contábil — no dia do Feedback da nossa corrida de startups:

“… Na universidade a gente aprende a não escutar os clientes, a gente é ensinado que o cliente não sabe o que quer e nesses últimos dias participando da corrida e validando um problema, eu constatei que os clientes sabem sim o que querem…”

Diferente do Daniel e de muitos Devs, nós designers, passamos os anos na universidade aprendendo a desenvolver soluções centradas no cliente, porque ele é a última ponta do nosso trabalho, é ele quem valida — valide! valide! — se o que foi desenvolvido está aquém ou além do que ele esperava.

Mas vamos aos exemplos pra não parecer que é falácia:

Ford 1900

Quando Henry Ford iniciou a produção do Modelo T, em 1908, já fazia 23 anos que os primeiros carros haviam sido lançados e eles não intimidaram o uso de carroças, assim que saiu no mercado, o Modelo T — que usava a mesma tecnologia inovadora dos seus antecessores — fez tanto sucesso que em 10 anos ele já tinha revolucionado a indústria automobilística.

Branca de Neve e os Sete Anões — 1937

Como segundo exemplo, Walt Disney produziu A Branca de Neve e os Sete Anões usando uma tecnologia inovadora que já estava no mercado há 25 anos, repetindo o exemplo anterior, com um sucesso estrondoso, os filmes animados se tornaram uma força reconhecida. Vejam esse link pra entender melhor o que estou falando.

Esses são casos isolados, escolhidos a dedo? Como um experimento de reflexão, vou deixar uma lista de várias outras inovações disruptivas no final do post, mas e se agora como meu terceiro exemplo eu descrevesse uma empresa que transgrediu as barreiras e ofereceu disrupção repetida com uma frequência fora do comum nos últimos anos?

Mais um caso… Quer uma dica antes? Fruta…

Sim, a Apple, ela consegue demonstrar com muita força o meu argumento de que não existe inovação sem Design, a própria Apple nos afirma, a Apple faz design.

Apresentação do Iphone

A Apple, assim como Henry Ford e Walt Disney, não entregam tecnologia aos clientes; mas sim, projetam experiências imersivas que, na verdade transcendem tecnologias. Fazendo isso, essas empresas causam disrupção, de novo. E de novo. E de novo.

Contudo, não estou descartando a tecnologia, tampouco afirmando que ela é desnecessária, mas para projetar uma experiência imersiva em particular, é necessário quebrar muitos paradigmas, tenho plena consciência que desenvolvedores em geral estão mais familiarizados com a tecnologia do que com o cliente, mas doutrinar a mente para que ela tenha um foco no cliente é um exercício que deve ser praticado se queremos inovar.

Como afirmei no início desse post, o Design não está focado apenas em fazer as coisas parecerem atrativas ou atuais, Mas sim focado na compreensão da experiência humana em uma determinada área e, apenas depois, no desenvolvimento de um produto, serviço ou processo. A estética é apenas a camada mais superficial desta experiência.
Costumo dizer que não adianta nada desenvolver um produto com a mais nova tecnologia se ele não dialoga com o cliente, se não cria empatia para que seja possível ver naquela solução algo que vai tornar o cotidiano mais fácil e prazeroso.

Até mais!

Dica: leiam esse artigo sobre disrupção e inovação

Inovação em Design

  • Parques de diversão — Disneyland (1955)
  • Computadores — Apple II (1977)
  • Vendas de livros usados e colecionáveis — eBay (1995)
  • Venda de livros — Amazon (1995)
  • Filmes animados — Animação 3D da Pixar, começando com o Toy Story(1995)
  • Música — iPod (2001), loja de músicas da iTunes e downloads de $0.99 (2003)
  • Aluguel de filmes — streaming da Netflix (2007)
  • Publicação de mapas — navegação ponto a ponto do Google Maps abastecida por GPS em celulares (2012)

Fonte: Google

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Luciana Lindoso
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Produto l Design l Tecnologia. Construo produtos que as pessoas usam e trabalho com gente envolvida em fazer isso.