Uma coisa é viajar, outra coisa é tirar férias
Maratona de séries, voltar sem lembrar a senha do e-mail corporativo e comer bolo de fubá sem pressa — não é para qualquer um
Alerta: este texto pode ser um gatilho para quem está longe do período de folga!
Sabe aquela meta ‘viajar mais’ que a gente coloca a cada final de ano nas resoluções para o próximo? Pois sou feliz e privilegiada em afirmar que desde 2015 ela já não entra mais na lista. Venho cumprindo ano a ano. Não importa se foi morando em São Paulo ou Barcelona.
Fato é que aprendi a otimizar tempo para fazer roteiros minúsculos ou maiores em destinos que podem estar a um voo barato de distância ou na sua própria cidade. Ao mesmo tempo, fui entrando no mundo do jornalismo de viagens, de uma maneira em que cada destino era uma oportunidade de pauta e um bloquinho nunca mais foi um objeto dispensável nos meus roteiros.
Esclareço: eu viajava pensando sempre em trabalho.
Nesse rolo todo vieram outros trampos que fui agarrando e uma rotina cada vez mais pesada. Barcelona, a cidade onde vivo, deixou de ser o sonho e agora era sinônimo de correria, estresse. É rotina que fala, né?!
Vamos direto ao ponto em que finalmente chegou minha vez de tirar férias e dessa vez percebi que os 30 dias livres que seriam perfeitos para aquela viagem sonhada a Turquia, seriam mais bem aproveitados para fazer algo que eu precisava super mais do que conhecer qualquer destino novo: ficar em casa.
Eu quero mesmo é tomar sorvete às 16h da tarde no centro da cidade, um cafezinho com bolo de fubá em um horário em que talvez a cafeína nem fosse mais boa ideia. Mas tudo bem, eu não dormirei antes da 1h mesmo, assim fica mais fácil para matatonar a tabela de indicados ao Oscar.
Eu tô falando de acordar perdida no meio da manhã até quase me sentir mal por saber que estão todos trabalhando e ter zero preocupações em não estar conhecendo um lugar novo naquele momento. Ver o sol brilhando lá fora e não me sentir mal pelas séries que ocupam nosso precioso tempo que poderia ser usado para destrinchar uma aventura.
Uma coisa é viajar, outra coisa é tirar férias — viajar de férias é outra, maravilhosa.
É que acordar em um lugar novo sem se preocupar tanto com a programação que vêm pela frente ainda é para poucos. Tem um pouco a ver com aquela história sobre as diferenças entre ser turista e viajante.
Talvez o que defina uma viagem de férias seja realmente voltar relaxado e não precisando de umas férias das férias.
Cara de férias descansado em casa é diferente de cara de viagem. E quem sabe da cara que precisa é você. Se tem uma história que não é balela é a de que precisamos escutar nosso corpo e coração sintonizados.
Das suas necessidades quem sabe é você, e de como prefere viajar também. Em caso de férias, faça o que for preciso para voltar ao escritório e não se lembrar da senha do e-mail corporativo.
