Como encarei meu primeiro ano como UX Research Designer.

Rayssa Araújo
rayssaraujo

--

👉 Relatos de como aconteceu a minha transição de designer de produto para pessoa de pesquisa em design, dando alguns detalhes da minha experiência e rotina.

💡Em Agosto de 2020 completei um ano como User Research Designer e quis compartilhar e documentar o meu processo. Inspirada pelo post da Laís Lara Vacco onde ela conta a transição dela de uma área fora do design, eu fiz o meu post.

A decisão

Eu comecei a atuar na área do design formalmente em 2015. No final de 2019, decidi que queria me especializar e sempre tive grande interesse pela área estratégica do design, mais do que a de desenvolvimento de interface. E pude saber disso atuando como Designer de produto em quase todas as empresas que trabalhei. O designer de produto é responsável tanto por UX quanto por UI em um produto digital, pude atuar em vários projetos com temas diferentes e me vi bem mais interessada quando tinha contato com pessoas, entendia o porquê eu estava fazendo o que estava fazendo — e inclusive isso era motivo pra ser vista como questionadora por algumas empresas — do que quando me pediam pra desenhar telas. O mercado pede um profissional super completo e eu tinha muito medo da especialização e o que isso faria com as minhas oportunidades de trabalho. Sem contar que eu não possuía no meu currículo um grande título de "UX Research Designer". Eu tinha uma certeza: não estava mais feliz aonde eu estava e tentar ser muito boa em tudo o que eu precisava ser no meu cargo estava me criando vários conflitos pessoais.

Primeiros passos

Mapeei o meu cenário. Eu sou formada em Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda. Atuei como diretora de arte, como designer gráfico, ilustradora, de interface e de produto. Basicamente visual, note. Tentei entender como eu me via e o que eu precisaria para ser muito boa no que eu queria, no caso: a pesquisa. Comecei a estudar mais e aí alguns livros foram lidos, várias abas de textos com experiências de outros designers na área foram abertas, bate-papos foram marcados. Um MBA na área estratégica de UX foi iniciada, enquanto eu tava atuando como Designer de produto mesmo. Eu tava decidida a abrir mão do UI e frequentemente me perguntavam quando eu falava sobre ser da área de pesquisa sobre o assunto: "Mas você vai conseguir não abrir um Sketch, um Photoshop?". Eu sentia receio porque necessidade criativa em cima de coisas visuais e o título de designer já é vinculado a uma ferramenta de interface, mas ainda assim, eu pensava comigo que se eu sentisse falta de desenhar, eu faria freelas.

🧠 Posicionamento e a mentalidade

Tem aquela frase do "Finja até realmente ser", né? Foi quase isso. Eu comecei a me posicionar e tentar aparecer em meus projetos mais na área de UX do que na de UI. Me envolvi mais nas questões de negócio dos produtos, apresentei e me aprofundei em entender análise de dados, da onde vinham os dados e como apresentá-los pra área de negócios usando a minha bagagem como designer visual pra que os insights fossem realmente absorvidos e utilizados. Eu foquei em chamar atenção aos problemas e resultados de forma mais visual quando meu papel era de product designer. Era como eu podia atuar com os dados. Eu me meti também em projetos na empresa onde o foco era conhecer mais sobre o usuário, onde claramente haveriam mais pesquisas. Graças a uma pessoa muito querida e minha gestora na época, a Ana Carol Kozlowski, que reconheceu lá no meu processo seletivo que eu era muito mais inclinada a lidar com pessoas e processos do que com a área de negócio — vendas ativas, processos de inovação agressiva etc — eu pude ter a oportunidade de ter mais acesso a dados e a como lidar com a organização e consumo deles. Eu fui a única designer da primeira leva de designers da empresa que foi pra área de Gente e Gestão e não pra área de Tecnologia como todos os outros, o que me rendeu uma bagagem incrível de métodos de pesquisa, de lidar com pessoas, de conhecer processos e como otimizá-los com olhar de designer, que mais tarde ia ser conhecido como employee experience. Algumas experiências sobre esse projeto em específico eu mostro nesse texto que eu escrevi.

Uma etapa importante aqui nesse momento pra alinhar com o meu objetivo foi mudar como eu me posicionava pro mercado também. Meu linkedin teve uma limpa — de pessoas, publicações, de informações fornecidas por mim — não desprezando a carreira de produto que eu havia traçado anteriormente, mas de gratidão ao que eu fui e me mostrando como o que eu queria ser como designer. Não mais como Designer de produto, nem como Designer de interface. Percebi também que tava com informações não tão claras e configurando meu linkedin de forma errada para recrutadores ou colegas da área.

Visão de SSI do meu linkedin atualmente. Obrigada Luísa Quadros por me mostrar a como me posicionar melhor por lá. Quer saber o seu? clica aqui.

Hoje em dia, eu uso a minha bagagem visual como um extra, uma forma de entender que existe mais do que eu vou atuar e que se precisar tenho essas habilidades, mas não mais me definiria daquela forma e não aceitaria mais oportunidades em que eu atuasse dessa forma. Quando me perguntavam no que eu era boa, eu já respondia UX. É o que eu queria ter mais experiências, então era o que eu buscava. Me coloquei também disponível para um grupo de designers incríveis — Gabriel Pedruco, Tavo Borges, Danilo Oliveira e Renato Souza — em uma espécie de pool de designers para pegar freelas onde eu seria a pessoa responsável pela etapa de pesquisas e descobertas. Se precisasse, eu faria interfaces, mas foi lá que eu comecei a experimentar meus processos de pesquisa. Eu não pegava há anos, foi inclusive um ponto pra entrar na empresa que eu estava, a Somos Wiz: eu buscava um bom emprego em design que me fizesse sentir a necessidade de que eu precisava de freelas. Foi assim durante todo meu processo de trabalho na Wiz até essa decisão.

✍️ Comecei a escrever

Relatar e documentar meus processos fez com que eu pudesse enxergar melhor os meus pontos de melhoria e onde eu podia aprender com a comunidade. Sem contar que acabei criando meus casos de estudo — um portfólio indireto- e influenciando pessoas a virem trocar experiências comigo também. Nesse processo, eu criava mais contatos com pessoas que tinham cargos que eu gostaria de ter. Conheci os desafios e o que eu poderia acrescentar nas minhas habilidades para chegar lá também. Alguns dos meus textos ganharam apoio de projetos e coletivos como Coletivo UX, UX Collective e me deu visibilidade.

Criei também uma espécie de portfólio inicial em pesquisa e local pra compartilhar minhas experiências aqui no Medium.

🎉 Frequentei mais eventos sobre a área

Eu tive a oportunidade de participar de alguns eventos de design promovidos pela Flama, pela Startaê… fui parar também em São Paulo, no DEX 2019 como relatei nesse texto aqui. Ali pude ter contato com outros profissionais na área, saber o que tava acontecendo e o que eu precisava saber na área de UX e de pesquisa.

🎯 O que saiu dessa etapa:
• Formação oficial na área de UX.
• Linkedin atualizado com novo posicionamento.
• Experimentar a especialização em freelas.
• Mapeei pessoas que me influenciariam e que eu gostaria de ter cargos parecidos para trocar experiências, ter feedbacks.
• Criação de cases especializados em UX.

Meu primeiro ano como UXR.

⚡️ O processo seletivo

Recebi o contato da Capgemini pra atuar como UX especializada. Um modelo de atuação de consultoria em um cliente conhecido, o Banco do Brasil. Entendi um pouco mais da vaga com a recrutadora e ela disse que eu atuaria bem mais como UX do que como UI, mas que essa atuação anterior minha contaria pontos. Eu senti receio por ainda ter a possibilidade de atuar como UI, mas topei o desafio por conta do novo desafio e do cliente. Eu ficaria com um único foco ao menos.

Na entrevista com o cliente foi que eu tive uma visão melhor de como eu estava mais próxima de atingir meu objetivo. Era necessário ser aprovada por eles também para alinhar objetivos com o projeto que eu atuaria. Andando nos corredores do Banco do Brasil a caminho da entrevista com o cliente, depois de já ter conhecido a minha gerente de projetos da Capgemini, me deparei com a incrível Suzi Sarmento, que na época atuava no Banco do Brasil pela IBM. Suzi era uma pessoa que eu lia constantemente o que publicava no linkedin e no medium e querendo ou não me influenciava como designer indiretamente. Conheci ela por acaso em um almoço ainda quando atuava na Wiz por meio de outra designer incrível, a Amanda Elyss. Esse foi o outro ponto que me ajudou muito na transição: ter alguém como inspiração, buscar mentoria. Troquei algumas palavras com ela e o mais engraçado é que ela mais tarde se tornaria Lead Design da minha antiga empresa. A Suzi me deu uma boa visão do que seria meu trabalho e ela vai aparecer mais vezes durante esse ano de forma marcante também — aguardem. Eu tenho uma lista de designers — meus ídolos acessíveis haha! — que já tive contato, admiro como profissionais e que quando preciso eu troco ideias sobre tudo.

💞 O início de um sonho/ deu tudo certo

A entrevista com o cliente me deu uma perspectiva de como seria minha atuação. Diferente de como eu vinha trabalhando, eu não estaria mais dentro de uma equipe multidisciplinar e sim, em uma equipe de pesquisa, atuando do lado de fora do processo de design de outras equipes. Lembra que eu disse que achava que ia ficar focada em um projeto só? A mudança aqui foi que eu descobri que atuaria em vários projetos, mas com um único foco: pesquisa.

Ah, outro ponto interessante aqui! Vale dizer que fui pra entrevista sem um portfólio focado em pesquisa. Recomendo? Não. Mas olhando pelo lado que é bem incomum nessa área por conta de sigilo de dados, proibição de postar sobre cases por conta de ser parte estratégica de uma empresa, vários profissionais vem de outras áreas, não necessariamente do design… enfim, mil motivos. Existem outras formas de avaliar um bom profissional de pesquisa: tempo de carreira, tempo de casa dentro de uma empresa, atuação de UX dentro de cases de UI, recomendações de outros profissionais… eu gosto de acreditar que mostrar o que você sabe nem que seja por meio dos seus processos, de objetivos e outros tópicos sem expor dados, seja um ponto a mais no processo, mas isso é outro assunto pra se tratar! (eu inclusive, recentemente penei com esse tema).

🎯 O que saiu dessa etapa:
• Aprendi a me vender sem me apoiar no visual.
• Contato com designers da área.
• Receber uma mentoria informal.

💼 Na prática

Eu já comecei o meu primeiro dia de cara num treinamento focado em pesquisa com a galera da minha equipe, mas como participante. Por sorte, eu entrei junto com um colega da minha antiga equipe de design na empresa e aí me senti mais incluída e sem aquele frio na barriga tão grande de primeiro dia de trabalho novo num lugar diferente. Valeu, Gabriel Pedruco.

Workshop de treinamento em pesquisa no Banco do Brasil.

E tudo mudou. A minha rotina foi atualizada em questão de horários, de ferramentas, de metodologias aplicadas, as pessoas com quem eu lidava. Os bancários começam a atuar às 7h. Eu acordava às 7h antigamente. Eu senti a necessidade de aprender e fazer cursos mais voltados pra área por conta do nível de aplicação de pesquisa que existia no Banco do Brasil uma vez que os designers eram dedicados pra isso. Por sorte, a Capgemini tem parceria com Coursera e tive acesso a cursos mais focados também. Participei de eventos como UXConf BB, fiz cursos internos com outros assuntos pra entender o contexto dos produtos do meu cliente como o de bot que relatei o que aprendi aqui também.

Atuando com credenciamento e experiência dos participantes da UXCONF BB 2019.

Mas antes de focar nas melhorias para começar a atuar, novamente mapeei meu cenário atual. Qual é o produto que eu vou lidar? Quem toma decisões e cujas opiniões são importantes? Como é meu processo lidando com as duas empresas? Que ferramentas estão disponíveis pra mim? Quem são meus colegas de trabalho? Quais são as restrições que a minha equipe enfrenta?

Além de entender o contexto em que me inseri, tentei também entender o que era esperado de mim e quais habilidades eu precisava ter para desempenhar bem a minha nova função. Acho que nunca abri tanta planilha de excel. Nunca mexi tanto com relatórios. Nunca falei com tanta gente. Falei tanto "visão de negócio" na vida. Nunca vi tantas coisas darem errado porque agora, eu tava testando de fato com processo, métodos corretos, com pessoas adequadas, com tempo hábil. Vi muitas coisas darem certo também porque havia embasamento.

Tive projetos de arquitetura de informação, teste de usabilidade, grupo focal, workshops, facilitações, design sprints.. todo tipo de processo de pesquisa que você imaginar. Aprendi também a documentar e compartilhar os achados das minhas pesquisas de forma mais acessível. O que me deu uma bagagem incrível e diferente do que eu vinha tendo. Bem mais estruturada e focada uma vez que eu olhava o processo como todo, mas com outra lente.

Comecei a definir meu processo de design em pesquisa e a compartilhar a minha visão sobre atuação dentro da área, vai que alguém como meu eu antigo precisa disso.

Feedback recebido pelos compartilhamentos no Medium.

Nesse meio tempo, também teve momentos de reflexão sobre quem eu era, que impacto eu queria ter e percebi que eu precisava melhorar em me colocar na frente de públicos e queria ver mais mulheres ao meu redor, a nossa área vem muito da direção de arte onde a dominância é masculina. Isso ia me ajudar seja pra apresentar dados, seja pra facilitar workshops, seja pra recrutar usuários para as minhas pesquisas, aplicar testes… e por aí vai. Por tá acostumada a ficar no computador, atrás da telinha, a gente como designer é tomado pela rotina e deixa de lado levantar da cadeira várias vezes, coisa que é muito importante. E dependendo do cenário que você está inserido, você abre mão de pesquisas aprofundadas, infelizmente. Era o que me deixava triste como designer de produto e o que me trouxe até aqui.

Foi aí que Suzi Sarmento apareceu na minha carreira de novo! ❤ Agora, não como mentora, mas como parceira em um projeto social. Já ouviram falar do Imersão UX? É um projeto em parceria com o COMEQUETALÁ para inserir mais mulheres de baixa renda no mercado do design. Eu tive a oportunidade de poder doar meu tempo, conhecimento e coração pra uma causa que eu acredito e vivenciei durante a carreira: falta de mulheres ao meu redor no trabalho. Me disponibilizei no projeto para ser facilitadora, auxiliar e tudo o que aparecesse em que eu tivesse que subir em um palco e mentorar pessoas. Meu ganho seria ajudar na inserção dessas mulheres no mercado e de tabela, melhorar minhas conduções, minha ansiedade ao ter o foco em mim.

Imagens da fase de prototipação do Imersão UX.

🗂 Precisei me organizar também

Eu tava atuando, aprendendo, trabalhando em muitos locais ao mesmo tempo (e cuidando da vida pessoal, não é mesmo?). Eu sou tipo a louca do Notion (ferramenta para organizar tudo) para as atividades pessoais e aí acabei aproveitando pra me organizar profissionalmente também. É a minha abinha ali "Sprint da semana".

minha barra de favoritos.
uma espiadinha no meu Notion

Mas além disso, me organizei em questão de estudos, atuações — Banco e Capgemini, projetos pessoais criando pastas e salvando o que eu achava interessante de ler mais tarde, referências de projetos que eu posso aplicar na minha realidade, organizar minhas próprias tarefas — tô inclusive testando o monday.com pra isso (minha aba “tarefas” ali).

Visão do monday para gerenciar tarefas.

Ainda tem a documentação de toda a minha atuação nos projetos.

Busquei verificar com uma frequência semanal meus objetivos, assumir desafios diferentes na minha empresa e pessoalmente como publicar esses artigos que faço, me adaptar ao remoto por conta da pandemia buscando novas ferramentas, testando novos processos. Eu usava o app Remente pra mapear tudo isso, mas acabou sendo um processo massante checar várias ferramentas e simplifiquei pra uma agenda mesmo com um lembrete no final do mês.

🤘 Auto-avaliação em ux.

Pra completar e até metrificar meu processo de auto-aprendizagem, também fiz uma auto-avaliação de UX pra que eu voltasse a me olhar com mais carinho e me desenvolver pra que ano que vem eu avalie meu crescimento novamente. Tem a planilha da própria Laís Lara Vacco, mas eu usei a do Todd Zaki Warfel adaptada com base no artigo da Carolina Tod, a planilha foi essa. Ela vai me ajudar a decidir meus próximos passos na carreira e saber o que precisa do meu foco no próximo ano pra ser uma profissional melhor.

Minha auto-avaliação de Setembro 2020.

🎯 O que saiu dessa etapa:
• Contato com designers da minha área em específico.
• Conhecimento do processo focado em pesquisa e melhor estruturado.
• Compartilhamento de experiências e modelos de atuação na área.
• Participação de eventos já posicionada como pesquisadora de design.
• Auto-conhecimento aprofundado.
• Melhoria em habilidades de pesquisa: apresentação de dados e facilitações, sugerir soluções baseadas em dados.

🚀 O futuro à deusa da pesquisa pertence.

Nesse momento eu tô aprendendo mais sobre DesignOps e estudando coisas específicas dentro da área de pesquisa pra melhorar minha atuação além de planejar novas edições do Imersão UX nesse cenário remoto. E finalmente estruturando meu porfólio de pesquisa, olha só.

Rascunho inicial do meu portfólio no Webflow.

👌 Já comprei também meu ingresso pro próximo evento que é a primeira conferência de uxr design que vai rolar aqui no Brasil, a Observe2020 pra entender mais dos processos, profissionais na área atualmente e ver cases interessantes.

Vivo papeando com a galera sobre outros assuntos complementares também.

🖋 Conclusão

Pra finalizar, agradeço de coração todo mundo que teve dedinho nesse meu processo de carreira seja incentivando, me dando oportunidades pra crescer ou até mesmo me dizendo não.

Confirmei pra mim mesma que design é muito mais do que as telas e ter os processos desenhados visualmente. É importante? É. Mas não é tudo. O mercado dentro de pesquisa tá crescendo, apesar de ainda não estar super maduro no Brasil, o que abre um leque de oportunidades e tira aquele meu medo inicial de que eu vou ser chutada do mercado se eu me especializasse e me tornasse boa no ponto que eu realmente sou apaixonada.

💬
Por fim, me disponibilizo pra bater papo, trocar experiências e quem sabe dar uma esperança se você que está lendo também quer fazer essa transição.

Se você chegou até aqui, obrigada por ter lido!
e se puder , clica em 👏 pra eu saber que você curtiu!

--

--

Rayssa Araújo
rayssaraujo

user experience research designer at @IPSY and crazy lady plants, moccha addicted ☕ 🐹 https://www.linkedin.com/in/rayssaaraujo/