O TDC! E como acompanhamos a evolução de suas trilhas na Resultados Digitais!

Isaac Felisberto de Souza
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7 min readJun 5, 2019

Bom, já antecipo que o artigo está grande :-P , afinal estou trazendo um “resumo” de 1 ano de TDC, mas se você gosta de tecnologia e de eventos, acredito que vá gostar!

Bem, o TDC (The Developers Conference) atualmente é um dos maiores eventos Tech no Brasil, ocorrendo em várias edições por ano em diversas capitais. Participo dele desde 2009, palestro desde 2017, em 2018 tive a oportunidade de palestrar em todas edições (Floria, SP, POA) e mais recentemente na edição Floripa/2019. Essa participação mais intensa no último ano trouxe algumas reflexões sobre como o evento tem crescido, como tem sido a evolução de algumas trilhas e como na Resultados Digitais estamos acompanhando essa evolução.

Olhando para trilhas de linguagens percebe-se que o público presente reflete o próprio movimento do mercado e comunidades. Um exemplo é a trilha de Ruby que já foi forte em outros anos e em 2018 teve um público tímido nas edições Floripa e POA, ficando a cargo da edição SP manter ativa a comunidade, nada mais justo ao considerarmos o tamanho da “cidade que nunca dorme”. Aqui na RD claro fica um ponto de atenção, afinal ainda usamos muito o Ruby e para nós é importante ter um mercado de devs ativos nessa linguagem. Por outro lado, a linguagem GO ganhou bastante espaço, e nesse ponto estamos bem, já que estamos intensificando o uso dela, inclusive já tivemos um evento interno (confira aqui).

Indo além das linguagens!

É notável como as trilhas relacionadas a temas gerais de engenharia de software tem tomado cada vez mais espaço. Temas como Arquitetura, Cloud, Microservices, Testes, DevOps, Containers, BigData, dentre tantos outros lotam as salas. Isso mostra que embora ainda tenhamos as velhas disputas entre linguagens, cada vez mais os devs percebem que mais importante que a linguagem é a qualidade do software e as estratégias que usamos para desenvolvê-lo.

Dentre os temas citados, há alguns que destaco já que participei ativamente das trilhas, são eles :

  • Cloud: Lembro bem da primeira vez que fui nessa trilha no TDC Floripa 2010, quando ela ainda era compartilhada com o tema SOA. Naquela época as palestras ainda eram voltadas para explicar o que era Cloud. Com o passar do tempo Cloud já não era “uma novidade” e o foco era a evolução dos providers, estratégias e ferramentas usadas para estar na Cloud. No último ano o que ficou claro é que quanto maior a estrutura na Cloud mais pesado tem ficado o custo, principalmente para aqueles que estão amarrados a um único provider. Os providers tem buscado ser mais competitivos e oferecer melhores serviços e preços e é fácil perceber que as palestras geralmente focam em ajudar os participantes a não ficarem “presos” em uma única Cloud. Essa questão é importante aqui na RD, que nasceu rodando na Cloud e já passou por vários providers como Heroku/AWS, Azure e agora Google Cloud. Isso é possível porque nossas aplicações estão constantemente sendo construídas e adaptadas para podermos fazer essa troca, principalmente quando o custo é impactado.
  • Microservices: Fragmentar o monólito em várias pequenas apps! Essa de fato parecia uma ótima ideia, e de fato é em vários momentos. Só que nesse último ano se reforçou o discurso de que ao fragmentar o monólito também se gerou vários outros problemas que no começo não enxergávamos. Isso não quer dizer que micro-serviços não sejam uma boa escolha, apenas destaca a importância de se compreender bem o porquê e como fazer isso. Então aquela “onda de emoção” ao adotar micro-serviços tem sido substituída por “é bom, mas vamos com calma!”. E para não perdemos o hábito de buscar algo novo, o conceito de FaaS tem tomado espaço na trilha e indicado que micro-serviços ainda são “pedaços grande demais”. O que faz sentido em alguns casos, mas também precisa ser avaliado com atenção para não entrarmos mais uma vez na “onda de emoção” e fragmentar e dificultar ainda mais a gestão de todos esses serviços. Aqui na RD estamos caminhando na linha do “vamos com calma”, sabemos que micro-serviços são válidos, já usamos e usaremos ainda mais, mas ao mesmo tempo temos a ponderação para não “ganhar os problemas” que muitos ganharam quando fragmentaram seus monólitos.
  • Testes: O bom aqui é que o foco no último ano não é mais em “deve ou não ter testes”, e sim em ferramentas e estratégias que tornam a implementação e execução de testes mais fáceis e rápidas. Isso indica que a grande maioria entende o valor desse tema, tanto que hoje um dos problemas para muitos tem sido a grande quantidade de testes que implementaram. Nesse tema ainda estamos remando bastante aqui na RD, temos muitos testes mas ainda estamos evoluindo com relação a qualidade deles e o quão fácil e rápido é executá-los. A velocidade de execução é tão relevante que é apontada como um dos motivos de sermos lentos ao desenvolver, e olha que já fazemos mais de 20 atualizações em produção por dia! Enfim já passamos a primeira etapa, agora assim como o restante do mercado e comunidade estamos buscando a maturidade.
  • DevOps: Esse tema também já venceu a barreira do “explicar o que é”. Hoje vemos inclusive a trilha ser dividida entre DevOps e DevOpsTools, mostrando como o tema é importante e tem conteúdo. Felizmente no último ano temos visto como as dezenas de ferramentas existentes podem nos ajudar e como a barreira da cultura entre os Devs e Ops tem sido superada. Percebe-se ainda que algumas empresas têm dificuldade em adotar isso, mas o bom é que as palestras confirmam que quem adotou está obtendo sucesso. Aqui na RD é quase covardia falar nesse tema, já que sendo uma Startup a adoção veio de nascença. Hoje o desafio é estruturar e escalar a aplicação da cultura e uso de tantas ferramentas para vários times.
  • Containers: Talvez esse tema seja um dos mais fáceis de dizer que “houve adoção”, porque embora ainda exista melhorias no como trabalhar com containers, não vejo mais nas palestras a necessidade de dizer que é válido. Praticamente todos já aceitam que é uma boa opção e no último ano o que mais vemos são os cases de sucesso daqueles que já obtiveram grandes vantagens na adoção. Aqui na RD isso não foi diferente e faz um bom tempo que o uso de containers facilita o dia a dia do dev e no uso em produção.
  • BigData: Confesso que nos últimos anos já não consigo mais acompanhar os detalhes relacionados a esse tema, mas é fácil perceber como ele também é uma realidade e a discussão hoje é como estruturar os dados, quais ferramentas utilizar e como trabalhar essas informações depois. O último ano só confirmou que esse tema é a chave para vários negócios e que quem não se preocupar com ele ficará para trás. Na RD é claro, estamos caminhando, e bem! Possuímos nosso DataLake, já coletamos muitos dados e hoje o desafio é justamente o como aproveitar melhor toda essa informação.

Retornando o foco ao evento podemos afirmar que tais temas já ultrapassaram as barreiras da paixão das linguagens e sempre que um novo tema surge há uma “enxurrada” de informação aos participantes e nesse quesito o evento tem se fortalecido abrindo espaço cada vez mais para novas trilhas, coordenadores e palestrantes. Isso fomenta todo o ecossistema nas regiões onde o evento ocorre, cito como exemplo a edição Floripa onde grande parte das empresas do estado enviam seus colaboradores (geralmente vestindo a camiseta da empresa!). Claro que com tantos temas vem depois o desafio das empresas/participantes adotarem (ou não) todos os assuntos que são trazidos pelo TDC.

Como o TDC nos influência?

Na RD boa parte destes temas já são adotados, alguns inclusive já nos consideramos maduros, o que nos trouxe algumas análises, dentre elas destaco:

  • Estamos na vanguarda, isso é bom! Mas se já temos experiência e estamos no caminho certo precisamos estar mais vezes nos palcos do evento compartilhando nossa experiência. Já fazemos isso, é verdade, temos RDoers coordenando e palestrando nas mais diversas trilhas, mas nosso desafio está em ampliar esse alcance e mostrar aquilo que sabemos fazer!
  • Alguns temas já estão batidos e isso as vezes gera a sensação de “não preciso mais ver isso”. Porém se ainda não aplicamos de forma total ou correta isso quer dizer que a cada ano que escutamos sobre um tema “repetido” e não estamos aplicado-o corretamente é um ano que se passou e não evoluímos da forma adequada.
  • Podemos usar o evento não só para aprender e ensinar, mas para nos posicionar em comparação com outras empresas Tech, pois durante o evento temos oportunidades de trocar experiências e entender como outras empresas pensam e trabalham.

Em resumo o evento tem crescido, ganha mais público a cada ano e expandiu para mais cidades. O formato do evento, embora muitas vezes não traga os maiores nomes de alguns temas, possibilita o crescimento dos participantes, palestrantes e organizadores locais. Se todos estes crescem e amadurecem, as empresas por consequência também tem esse efeito até se tornarem referência dentro da área de tecnologia. Então na RD mais que a sensação de que estamos acompanhando bem todas evoluções trazidas em cada trilha fica o desafio para que possamos nos engajar cada vez mais e mostrar o que temos de bom sendo desenvolvido aqui dentro!

Quer compartilhar alguma experiência ou tema que viu no TDC, é só comentar!

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Isaac Felisberto de Souza
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Engenheiro de Software na Resultados Digitais. Buscando aplicar o equilíbrio entre entrega de valor e uso das melhores práticas de desenvolvimento de software.