Minha Opinião…

O que as cebolas, as Matrioshkas e a opinião de um especialista têm em comum?

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Antes de pedir a opinião de um especialista, leia este artigo e reflita!

Opinião de Especialista não é “palpite”. Opinião de Especialista não é “achismo”. Opinião de Especialista é muito mais do que uma “Simples Opinião”.

Leva muito tempo para você ser REALMENTE especialista em alguma coisa!

Segundo Malcolm Gladwell, leva 10.000 horas para você se tornar realmente bom em alguma coisa. 10.000 horas de estudo, leitura, prática, testes, erros, alternativas… 10.000 horas! Existem alguns ESPECIALISTAS que discutem se a Teoria das 10.000 horas é realmente válida. Mas estes ESPECIALISTAS realizaram PESQUISAS CIENTÍFICAS, — alguns estudos bem interessantes sobre o tema — e não deram uma “opinião”

Sabe o que isso significa, na prática?

960 horas por ano, se você se dedicar a algo 4 horas por dia, de Segunda à Sexta.
Ou seja: É preciso mais de 10 anos para poder se tornar especialista em alguma coisa, se você dedicar 4 horas por dia da sua vida a isso, durante a semana.

Ou, na “melhor” das hipóteses, 5 anos de trabalho integral, 8 horas por dia, 5 dias por semana! 10.000 horas, baby! É muito tempo, muito esforço, muito suor, muitas lágrimas e muito trabalho!

É bastante tempo. Exige muito empenho. Muito trabalho. Muita entrega.

Muitas situações onde o “Trade-Off” foi duro e exigiu seu comprometimento máximo. Ser um especialista não é pra qualquer um. Qualquer um com menos de 5 anos de experiência em determinada área NÃO PODE ser considerado um especialista. Simples.

"Especialista Júnior": O cara que terminou um MBA e ACHA que um certificado o torna especialista em alguma coisa.

Não se engane: Se você acabou de se formar, acabou de sair da Pós-Graduação ou do MBA você NÃO É UM ESPECIALISTA na área. Mas, se continuar estudando, lendo e trabalhando duro, poderá ser…

Lembre-se das 10.000 horas!

Eu sou um especialista, e me orgulho disso!

No meu caso, sou um especialista em Tecnologia, Estratégia e Marketing (eu gostaria de me tornar um Especialista em Comportamento Humano, mas isso seria IMPOSSÍVEL, já que poucas coisas mudam tanto como o nosso comportamento). Trabalho há mais de 5 anos com Marketing, como profissional, e passei 18 anos na área de T.I. Quando eu comecei a trabalhar com T.I., era CRIME importar qualquer coisa relativa à informática no Brasil. Época negra da “Reserva de Mercado”.

Sim, eu já fui um "marginal"… Mas como era “di menó”, não tinha problema 😜

A questão é que eu tenho milhares de horas de cursos de Graduação, Pós, MBA, Cursos de Especialização e Cursos Livres. Além disso, tenho milhares de páginas lidas, de livros de diversas áreas relacionadas, mais ou menos, à minha área de expertise: As pessoas e o mercado (que nada mais é do que as pessoas em seu contexto de consumo, incluindo aí, oferta e demanda, como pessoas físicas ou jurídicas).

Eu sou um Professor. Sou um Cientista.

Toda as vezes que preparo uma aula para meus alunos, sejam de Graduação, Pós Graduação, MBA, Cursos Livres, ou qualquer outro contexto de troca e transmissão de conhecimento, eu me esforço ao máximo para levar bibliografias, links, fontes saudáveis do ponto de vista acadêmico para que aqueles que ali estão possam dar continuidade aos seus estudos sobre os assuntos apresentados.

Mas o que me frustra, de verdade, é quando eu apresento fontes confiáveis, pesquisas sérias, que fundamentam e dão fulcro às informações que eu transmito, e sou interpelado por alunos (ou clientes) com a seguinte objeção:

“Ah, mas NA MINHA OPINIÃO, isso não é assim”, ou;
“Ah, mas EU NÃO CONCORDO com isso, não”, ou ainda;
“Ah, mas no MEU CASO, EU FAÇO/PENSO de outro jeito”, ou, o pior de todos;
“Ah, mas EU NÃO ACREDITO nos dados dessa pesquisa, não”…

Bem, como diz uma amiga minha:

“Não concordar com evidências científicas é estúpido
Evidências [científicas] não são para concordar ou não. Evidência é fato, pesquisado e apurado.”

Quero deixar claro que estamos falando de pesquisas CIENTÍFICAS, não pesquisas de mercado, feitas por empresas que podem moldar os dados para “criar resultado” (que são carinhosamente conhecidas como “torturar os números”) ou em pesquisas políticas, com CLAROS objetivos de manipulação social, ideológica ou política.

Opinião requer experiência e pluralidade

Cara, deixa eu dizer uma coisa para você: Minha opinião é composta de MUITOS ANOS de experiência REAL, de lágrimas, suor, decepções, dores, de inúmeras horas de trabalho gratuito, em busca de oportunidades, de milhares de horas ajudando pessoas em troca de NADA além de um “Muito Obrigado” (e às vezes, nem isso)…

Quando você é ESPECIALISTA em um assunto, seu conhecimento é composto por um núcleo bastante sólido sobre um tema, e inúmeras camadas de conhecimentos acessórios, que fazem com que o resultado seja MUITO MAIOR do que a soma das partes. Ser especialista é saber que seu conhecimento deve ser muito mais amplo do que APENAS saber muito sobre sua área de especialização!

Mas, afinal, o que as cebolas, as Matrioshkas e a opinião de um especialista têm em comum?

Uma das coisas mais importantes em ser um especialista é que, para você ter uma opinião que REALMENTE ajude na tomada de uma decisão de negócios com um índice aceitável de precisão, você precisa ter conhecimentos em áreas relacionadas à sua área de especialização, que irão proporcionar uma visão mais ampla, mais equilibrada e mais “saudável”. Tomar decisões com base em “opiniões” unilaterais ou “míopes”, como diria Theodore Levitt, só podem resultar em catástrofes empresariais.

Eu sou um especialista em MARKETING, mas tenho que ler e estudar MUITO sobre Psicologia, Comportamento, Economia, Política, Sociedade, Tecnologia, Tendências, Mercado de Trabalho, Globalização,

Sendo assim, ser um especialista e ter opiniões capazes de fazer a diferença numa situação de tomada de decisão, por exemplo, requer que você — Especialista — tenha camadas e mais camadas de conhecimentos sobrepostos, interdependentes e semanticamente complementares. Se eu vou dar uma opinião sobre uma campanha publicitária, tenho que compreender o contexto social, histórico, político, ideológico e comercial daquela campanha. E não apenas ficar de mimimi porque eu não concordo com o que eu vi.

Um grande exemplo disso foi a campanha do Boticário para o Dia dos Namorados…

Assista:

E aí? Qual é a sua opinião sobre este comercial?

Eu costumo dizer em minhas aulas que Profissionais de Marketing não podem ter religião, PRINCIPALMENTE as religiões Judaico-Cristãs. Não vou entrar em detalhes sobre isso, mas o fato é que este comercial fala de AMOR, de AFETIVIDADE e CARINHO, não de sexualidade. Mas, infelizmente, um monte de “especialistas” se pronunciaram, dizendo que o comercial era um incentivo a homossexualidade.

Eu não sei o que você achou, mas eu achei o comercial PERFEITO, do ponto de vista comercial, social, histórico e publicitário! Ele tem a dose certa de bom gosto, de surpresa, de envolvimento… Para mim, uma peça publicitária fabulosa e sensível.

Porém, um monte de gente, baseada apenas em suas preferências pessoais, ideologias religiosas, ou apenas para pagar de “engajado” criticou duramente a peça publicitária. Mesmo sem entender NADA do que a peça estava falando!

Eu também tenho minhas preferências pessoais, mesmo sendo especialista…

… não obstante, por mais que minha opinião tenha o “colorido” da minha “preferência pessoal”, em geral, minha opinião é profundamente fundamentada em milhares de horas de estudo sobre as áreas onde eu me disponho a ministrar aulas. Minha opinião não é “ACHISMO”. Minha opinião é uma observação fundamentada acerca de um assunto, que tem um background de muito mais do que parece aos olhos críticos e mimizentos de uma geração de pessoas que SEQUER LÊ!

Ou seja: assim como as cebolas e as Matrioshkas, o conhecimento dos especialistas é composto de camadas e mais camadas de informações, coletadas das mais diversas fontes, e relacionadas das mais diversas formas. Nós buscamos nossos embasamentos em livros, filmes, músicas, artigos científicos, discussões de botequim, nas nossas redes sociais e em qualquer outro lugar onde a informações possa estar e onde nós possamos ter acesso a ela. Seja na internet ou fora dela.

Eu posso não ter o link que comprova meu argumento na ponta da língua, posso não lembrar o nome do livro onde li esta ou aquela informação, mas acredite: Se eu estou dizendo, eu certamente tenho fundamento para sustentar a minha afirmação. Acredite.

Boas ideias, assim como “opiniões” não são frutos do mero acaso ou da vontade alienante de parecer engajado e socialmente atuante.

Um exemplo de como a falta de “camadas” pode prejudicar indiscutivelmente uma “opinião”: vejo, frequentemente, pessoas que NUNCA LERAM UMA PÁGINA sobre o feminismo querendo defender ações midiáticas completamente despropositais, que não ajudam em NADA o feminismo. Por não entender NADA sobre os contextos que antecedem a discussão do tema, assim como não compreender NADA sobre Manipulação Midiática, Marxismo Cultural e Discurso Midiático Subjacente, essas pessoas prestam um DESSERVIÇO à causa Feminista, fazendo com que esta caia na antipatia da população, inclusive ENTRE AS PRÓPRIAS MULHERES!

Não raro, presencio indivíduos que NUNCA LERAM NADA sobre o Capitalismo, criticando o “Capitalismo Opressor”, mas sem nunca abrir mão do seu carro, iphone, notebook e roupas de marca, e que, em nenhuma hipótese, compartilham a senha do seu Wifi, mas usam camisa do “Tchê Guevara” (Um dos maiores facínoras homicidas da história) e se dizem “Comunistas” (quando são, no máximo, “Cocômunistas”). Alunos que NUNCA FIZERAM UM TCC com mais de 100 páginas, mas que se acham no direito de criticar e “não concordar” com estudos científicos de centenas de páginas, de pesquisadores respeitados, às vezes, ganhadores de prêmios importantes em suas áreas. Escritores renomados, muitos deles, PhD’s ou Doutores, que são CIENTISTAS e ESPECIALISTAS em suas respectivas áreas.

Como alguém que não leu as 3 principais obras sobre QUALQUER TEMA opinar acerca dele, apenas com base no que vê na mídia hegemônica ou na timeline do Facebook? (E nem se dá ao trabalho de clicar no link e ler a notícia por completo, contentando-se com a headline…)

Façam um favor para o mundo, alunos: Especializem-se, façam um Mestrado, um Doutorado, um Pós-Doutorado, escrevam uma tese que possa desconstruir aqueles conhecimentos, pesquisas e teorias com as quais você não concorda, e aí, SOMENTE AÍ, sua opinião poderá valer alguma coisa. Até lá, sua opinião NÃO VALE NADA, objetivamente falando. Lamento. Este é o mundo real e seu papai ou sua mamãe não podem comprar a razão para você.

Para ter razão é preciso ser competente e isso, seus papais não podem lhe dar.

Não é um diploma que faz um especialista. Não é a grife da PUC, da FGV, do IBMEC ou de qualquer outra “boutique acadêmica” que te faz um especialista. Não é o seu lindo certificado de Pós Graduação ou MBA que te faz um especialista. O que te faz um especialista é o quanto você abriu mão de noites de sono, finais de semana com seus familiares, festas em família, cervejinha com os amigos, e todas aquelas outras coisas que as “pessoas normais” fazem, porque enquanto as “pessoas normais” estão vivendo suas carreiras de Segunda à Sexta, das 9h às 18h, nós, ESPECIALISTAS, estamos acordando às 6h da manhã e indo dormir (dormir, o que é dormir?) às 2 ou 3h da manhã, sem saber o que é final de semana, feriado ou férias. Sim, nós temos uma vida cruel. Sim, às vezes, perdemos nossas famílias no processo. Mas este é o preço que pagamos para ter uma “opinião”…

E você? Do que você abriu mão para ter a sua “opinião”?

FONTE: http://www.renatosiqueira.com.br/2015/06/minha-opiniao.html (acesso em 01/12/2016)

Gostaria de agradecer a você que chegou até aqui. Este é um texto duro, crítico, ácido e — para alguns — desagradável. Portanto, se você dedicou seu tempo a ler este texto, é porque de alguma forma eu consegui te fazer refletir sobre a importância do esforço para quem quer realmente se tornar um especialista. E fico feliz por isso.

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É fácil, e vai ajudar MUITO, tanto a mim quanto às pessoas que precisam ler sobre o tema que discutimos aqui! 😍

Novamente, OBRIGADO!

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Renatho Siqueira

Consultor de Marketing e Comunicação em Meios Digitais, Professor de Pós Graduação e MBA

CRA-RJ: 03–01398 / SinproRJ: 61.884–5

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(21) 99959–0800 / (21) 98231–5231

“Marketing é satisfazer as necessidades do cliente.” — Kotler

“Marketing é tão básico que não pode ser considerado uma função isolada. É o negócio inteiro, cujo resultado final depende do ponto de vista do cliente.” — Drucker

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🎯 Renatho Siqueira MBA™®🎓
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