O Paradoxo da Escolha

Ter mais muitas opções nem sempre é uma boa opção!

Capa do livro “O Paradoxo da Escolha”, de Barry Schwartz
No livro “O Paradoxo da Escolha”, Barry Schwartz nos mostra que nem sempre ter opções é um bom negócio.

Você já se viu diante de uma situação onde não tinha opções, tendo que se contentar com a única oferta disponível, mesmo que ela não deixasse você feliz? É péssimo, não é verdade? A gente fica com um sentimento ruim de que “empurraram” na gente aquilo que era conveniente para quem fez a oferta. Essa sensação é bem ruim… Mas há uma MUITO PIOR: O Paradoxo da Escolha.

Neste texto, vamos entender o que é o Paradoxo da Escolha e porque ele é tão prejudicial à nossa vida!

Eu decidi trazer alguns pontos importantes sobre essa “armadilha da mente”, relacioná-la com duas outras armadilhas chamadas “Falácia do Custo Irrecuperável” e “Efeito Dunning-Krugger-Soulez” e mostrar, através de texto e vídeos, que nem sempre mais escolhas significam mais felicidade.

Não importa se você está tentando decidir sobre em quem votar nas próximas eleições[1], ou sobre a compra de uma nova calça jeans, pedir um café na Starbucks, escolher uma operadora de telefonia celular, uma universidade, um pediatra para seus filhos, ou quaisquer outras decisões do cotidiano — grandes ou pequenas — tornaram-se cada vez mais complexas devido à abundância esmagadora de escolhas disponíveis em nossa sociedade altamente conectada nos dias atuais.

Notas:

[1]: Neste caso, entra em ação uma OUTRA armadilha da mente: “Pressão da Influência Social”, área de pesquisa de vários nomes das Ciências de Psicologia Social, como Solomon Asch, Steve Milgram, Jonah Berger, entre outros)

Como seres humanos “racionais” (sugiro a leitura de Dan Ariely para aqueles que acreditam nisso), acreditamos que ter mais opções significa tomar decisões melhores e obter maior satisfação. Mas, infelizmente, não é assim que funciona: a sobrecarga de opções pode fazer com que você questione as decisões que você toma antes mesmo de fazê-las (falácia do custo irrecuperável), criando expectativas exageradamente altas que podem fazer com que você se sinta frustrado e se culpe por qualquer fracassos ou problema oriundo da escolha feita.

Isso pode causar um problema em sua vida, — um problemão , eu diria — chamado de “paralisia decisória”: a incapacidade de tomar decisões simples ou complexas em função do medo, ansiedade e estresse perpétuo, preventivo, em relação às possíveis implicações de suas escolhas. E, em uma cultura que nos diz que não há desculpa para ficar aquém da perfeição quando suas opções são ilimitadas, muita escolha pode levar à depressão clínica.

Mas, vamos começar pelo começo:

O que é um Paradoxo?

Segundo a definição da Wikipedia:

“Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é “o oposto do que alguém pensa ser a verdade.”

Um viajante no tempo volta ao passado para um momento em que seus avós ainda não se conheciam, mata seu avô e, como consequência, impede o próprio nascimento. O problema é que, sem ter nascido, o viajante não pode voltar no tempo para matar seu avô, o que significa que ele nasceu.
- 5 Paradoxos da Lógica e da Matemática (Superinteressante)

E aí? Tem exceção ou não?

Em nossas vidas cotidianas, nós não nos damos conta, mas lidamos com um paradoxo que nos atormenta diariamente, às vezes de forma silenciosa e subconsciente e às vezes de forma explícita e desesperadora: O Paradoxo da Escolha:

“Quanto mais opções ou escolhas eu tenho, mais complicado fica o meu processo decisório e menos satisfeito eu fico com QUALQUER ESCOLHA que eu faça!”

O Paradoxo da Escolha — livro de Barry Schwartz

O Paradoxo da Escolha é um daqueles livros que desafia o senso comum com argumentos imbatíveis, transformando o jeito tradicional de pensar, mas por outro lado vem confirmar certas desconfianças que surgem nos mais variados momentos da vida.

Em “O paradoxo da escolha”, Barry Schwartz explica em que ponto a escolha — a marca da liberdade individual e da autodeterminação que tanto prezamos — se torna prejudicial ao nosso bem-estar psicológico e emocional. Em um tom acessível e de fácil leitura, envolvente e anedótico, Schwartz mostra como a dramática explosão na nossa “liberdade de escolha” — dos escolhas mais “mundanas” e corriqueiras até os profundos desafios de equilibrar carreira, família e necessidades individuais — se tornou, paradoxalmente, um problema em vez de uma solução.

Se você prefere entender o conceito através de vídeos, assista esse TED!

Ao sintetizar pesquisas atuais nas ciências sociais, Schwartz defende o argumento intuitivo de que a eliminação de escolhas pode reduzir muito o estresse, a ansiedade e a ocupação de nossas vidas. Ele oferece onze passos práticos sobre como limitar as escolhas a um número gerenciável, ter a disciplina para se concentrar naquelas que são importantes e ignorar o resto e, finalmente, obter maior satisfação das escolhas que você já fez ou ainda tem que fazer. (Eu, particularmente, acredito que a GRATIDÃO é o MELHOR ANTÍDOTO contra a sensação de “perda” associada ao Paradoxo da Escolha)

Neste livro, o professor Schwartz, argumenta que o excesso de escolhas nos leva a ter grandes problemas mentais e um gasto de energia vital gigantesco para fazer escolhas do que pensamos. Barry Schwartz é professor de Teoria Social e de Ação Social na Faculdade Swarthmore, na Pennsylvania. Além dos próprios estudos, recorre também às consagradas pesquisas da dupla Amos Tversky e Daniel Kahneman sobre ciência cognitiva e a capacidade humana de fazer escolhas (ir)racionais, mas aparentemente lógicas. Quem leu Blink, do Malcolm Gladwell, talvez se lembre de Tversky e Kahneman.

O professor Schwartz começa o livro confidenciando os problemas que teve ao escolher uma calça jeans, tendo de escolher entre diversas combinações possíveis de modelo, corte, lavagem e botões, o que tomou um tempo razoável e não o fez se sentir mais feliz com a escolha do que anos antes, quando só podia escolher um modelo e ir embora da loja em poucos minutos.

O argumento de Schwartz não se concentra exatamente no tempo que uma escolha leva, mas na satisfação que ela proporciona depois de feita.

Como psicólogo, o professor Schwartz procura demonstrar como nosso mecanismo psicológico nos leva a avaliar todas as escolhas possíveis e então tentar chegar à melhor escolha possível, o que acaba se tornando muitas vezes impossível. Isso quando não queremos combinar aspectos de uma e de outra escolha e elaborar uma nova opção, às vezes impossível de existir no mundo real, mas que causa ansiedade e insatisfação com as escolhas possíveis.

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O subtítulo do livro em português, “Por que mais é menos” alude à célebre frase de Mies Van Der Rohe “Less is more” (menos é mais), que mais do que nunca se mostra verdadeira. Alguns trechos do livro ajudam a comprovar esta tese:

“À medida que aumenta o número de opções, o esforço exigido para tomar uma decisão acertada também aumenta; esse é um dos motivos pelos quais a escolha pode deixar de ser uma vantagem para se transformar em um ônus.“ (pg. 68)

“A multiplicidade de opções parece conduzir, inevitavelmente, ao aumento de expectativas. (…) Isso favorece à tendência à maximização [das opções a se escolher]. (…) A lição a ser tirada é que expectativas exageradas podem ser contraproducentes. Provavelmente não existe uma maneira melhor de influenciar nossa vida do que controlando as expectativas.“ (pg. 217)

“A existência de um grande numero de alternativas faz que seja fácil imaginar alternativas que não existem (…) Mais uma vez, portanto, a maior variedade de opções nos faz sentir pior.“ (pg. 149)

“… é muito mais fácil se culpar por resultados decepcionantes em um mundo em que a escolha é ilimitada que em um mundo em que existe um número limitado de opções.“ (pg. 241)

Sobre decisões reversíveis: “Assim, parece que manter as opções em aberto reduz o custo psicológico. Aparentemente, quando podemos mudar de opinião fazemos um esforço psicológico menor para justificar as decisões tomadas, reforçando a alternativa escolhida e menosprezando as que foram descartadas. Talvez seja mais fácil não levar em conta os custos de oportunidade das alternativas descartadas.“ (pg. 173)

Falando em custos de oportunidade, este é um dos conceitos-chave do livro.

O segredo para a felicidade é manter as expectativas baixas
- Barry Schwartz

Ingratidão, Expectativas, Falta de Referências, Sobrecarga cognitiva: todos estes fatores tornam a experiência da escolha algo cada vez mais complexo e cada vez mais cansativo e decepcionante em nossos dias!

Quando comparamos diferentes opções, cada escolha significa abrir mão das outras opções, portanto, quanto mais opções, maiores os custos para abraçar uma oportunidade. Se reduzirmos as opções a serem comparadas, teremos custos psicológicos menores ao optar por alguma opção.

É um livro fundamental para profissionais de marketing e experiência do usuário, que precisam entender melhor como as pessoas pensam e como tomam suas decisões.

É tão útil quanto para qualquer pessoa que queira diminuir a ansiedade frente ao mundo do consumo exagerado e viver com mais tranquilidade.

É interessante ressaltar que não é um livro de auto-ajuda, é um livro sobre comportamento humano, mas que ajuda e muito a entender porque é incômodo tomar certas decisões enquanto outras nos parecem tão fáceis.

Ao final do livro, o professor Schwartz dá 11 dicas sobre como remediar o paradoxo da escolha, mas estas são só para quem se deu ao trabalho de ler o livro todo!

Referências:

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🎯 Renatho Siqueira MBA™®🎓
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Estuda, então. Mas estuda, em primeiro lugar, aquilo que te habilite melhor a auxiliar os outros! http://t.me/renatho