Receitas da Revista Salsaparrilha — Edição de Abril 2016

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5 min readMay 4, 2016
Bolos, de Wayne Thibaud (1963).

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Saudações a todos.

Depois de uma Páscoa gorda, este foi um mês para apertar os cintos. Estivemos de dieta, mas caprichamos nas opções de prato principal, de várias partes do mundo e até das profundezas da terra. Além disso, como ninguém é de ferro, oferecemos alguns quitutes para você beliscar com moderação. Recomendamos acompanhar com uma lager inglesa ou um clássico gim tônica.

Mundo vazio — Enfrentando a realidade através de Dark Souls: Os jogos da série Dark Souls, cujo terceiro e (supostamente) último capítulo foi lançado esse mês no ocidente, ganharam notoriedade pela sua dificuldade. Tornaram-se, assim, um enorme sucesso de crítica e vendas. Mas o que motiva o jogador a atravessar dezenas de horas de sofrimento e a morrer centenas de vezes no caminho para realizar o destino de seus personagens? Masoquismo? Ou uma sensação de vitória e realização raras de serem experimentadas, nos games ou fora deles? Por Tiago Ramos.

Criaturas sem rumo — Os filmes (e a série) de Cary Fukunaga: O nome pode ainda não ser tão conhecido do grande público, mas muitos certamente viram ou ouviram falar da primeira temporada de True Detective. Antes da consagração na série de HBO, porém, esse jovem diretor norte-americano já havia feito um filme sobre gangues do México e outro sobre uma clássica governanta britânica. E ainda, depois da TV, voltou ao cinema para contar a história de um garoto-soldado num país da África. O que eles têm em comum além do cineasta? A necessidade de encontrar um caminho num mundo que não lhes dá chance. Por Maurício Sellmann.

Baratinho e de mau gosto: Com a estreia da terceira temporada de Penny Dreadful na HBO, uma boa oportunidade para descobrir o significado do título da série. Mais do que só o nome, as próprias tramas criadas para a TV se inspiram nos truques de publicações mirabolantes que faziam sucesso na Inglaterra vitoriana. Por Maurício Sellmann.

Marvel’s Agent Carter (1ª temporada): Finalmente disponível no Netflix, o seriado da namorada do Capitão América parece espelhar a história de sua personagem-título: ambos são invisíveis em mundos que esperam muito pouco deles. Mas, como a própria agente Peggy Carter (Hayley Atwell), ele é cheio de surpresas. Ao narrar as aventuras da protagonista na machista sociedade norte-americana pós-Segunda Guerra Mundial, a série entrega excelentes atuações, ambientação impecável, ação e humor. Além de uma inesperada sensação de que ninguém está seguro, em uma trama de espionagem repleta de reviravoltas. E não precisa nem ser versado nos filmes e séries da Marvel para acompanhar. (TR)

Não Há Nada Lá (Companhia das Letras): William Burroughs, Jimmi Hendrix, Torquato Neto, Fernando Pessoa, Aleister Crowley, Billy the Kid, Raymond Roussel, Isidore Ducasse, Arthur Rimbaud e a menina Lúcia da cidade de Fátima, todos cabem neste livrinho breve, enquanto interagem no espaço e no tempo com um misterioso objeto transdimensional, o Tesseract (que, ao contrário do que você pensava, não é marca registrada da Marvel). Usando truques gráficos e até o aportuguesamento de nomes para desorientar o leitor, Joca Reiners Terron criou, neste romance de 2001, o mash-up psicodélico definitivo. (MS)

Spider: The Curse of Bryce Manor (2009): Você, no papel de uma aranha esfomeada, tece teias por todos os cômodos de uma mansão abandonada, tentando devorar os insetos do local. Se a premissa faz parecer que o game é adequado para crianças, não se engane: é mesmo. Apenas os adultos, entretanto, conseguirão apreciar o verdadeiro propósito do jogo: desvendar o que aconteceu com os habitantes da mansão. Por trás do gameplay simples oculta-se uma tragédia, contada em silêncio e por meio de cenários, objetos e, principalmente, do vazio das ausências. Brilhante. Disponível para iOS e Android. (TR)

The Image (1967): Depois da morte do “Camaleão”, em janeiro deste ano, o David Bowie Archive desencavou esta que foi a primeira aparição do cantor no cinema. Neste curta sem diálogos do diretor de filmes de terror Michael Armstrong, Bowie é uma figura na tela de um pintor (Michael Byrne) que ganha vida. O artista tenta matá-lo várias vezes, mas a aparição parece ter sete vidas. Passou originalmente nos cinemas entre dois filmes pornôs e entrou para a história como o primeiro curta inglês a ser proibido para menores de idade, devido à violência. Assista junto às duas últimas aparições narrativas do cantor, nos videoclipes para Blackstar e Lazarus, que falam justamente sobre morte e ciclos que se completam — eis uma bela homenagem ao homem que caiu na Terra. (MS)

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