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29 livros que li em 2021 e que talvez possam ser legais para você também (1/2)

Leonardo Fuita
Published in
10 min readJan 11, 2022

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Da mesma maneira que fiz nos últimos anos (2018.1; 2018.2; 2019.1; 2019.2; 2020.1; 2020.2), li alguns livros e decidi compartilhar com todos minhas considerações. A ideia é fazer pequenas resenhas de todos os livros que eu li no ano e então, talvez, tentar indicar algo interessante para todo mundo que me lê por aqui. Já adianto que costumo ler muitos livros científicos. Então talvez seja interessante você testar antes de mergulhar nas recomendações, já que não é qualquer pessoa que tem facilidade em gostar desse tipo de leitura. Porém, mesmo que você não seja tão familiarizado, recomendo que comece por algum tópico que te atraia, porque são livros interessantíssimos e que nos ensinam muitas coisas legais para as nossas vidas.

Como nos anos anteriores, dividirei em duas partes para ter uma leitura menos maçante. E a ordem é basicamente a ordem de leitura que eu tive no ano. Então vamos lá:

01. A estratégia do oceano azul: Como criar novos mercados e tornar a concorrência irrelevante — W. Chan Kim, Renée Mauborgne / Nota: 9

Para os professores W. Chan Kim e Renée Mauborgne, o resultado de uma concorrência acirrada nada mais é que um oceano vermelho sangrento, repleto de rivais que lutam entre si por uma parcela de lucros cada vez menor. Com base em um estudo de 150 movimentos estratégicos (que abrangem mais de 100 anos e 30 setores), os autores afirmam que o êxito duradouro não decorre da disputa feroz entre concorrentes, mas da criação de “oceanos azuis” — novos e intocados espaços de mercado prontos para o crescimento.

Eu gostei bastante desse livro. Ele mostra uma abordagem bem diferente à maneira de fazer negócio. Focando não só nos nossos clientes, mas principalmente nos nossos ‘não-clientes’. Isso tudo de maneira extremamente técnica e dando ferramentas para que isso possa ser realmente aplicado nas empresas. Um belo manual para quem quer fazer algo diferente no mercado tão acirrado que vivemos.

02. 1984 — George Orwell / Nota: 10

Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. E é nesse mundo que ele tenta ter alguma esperança sobre o futuro.

É incrível como determinados livros de um passado tão distante consigam ser tão atuais, não é? 1984 é um desses exemplos. Mostrando algumas técnicas utilizadas hoje para mudar a perspectiva e a forma como nós vemos o mundo ao nosso redor. É um pouco mais melancólico do que as histórias que estamos acostumados, mas com toda certeza vale a leitura.

03. A Mentira do Glúten: E outros mitos sobre o que você come — Alan Levinovitz / Nota: 10

Nossas crenças alimentares são moldadas não por dados concretos, mas por mitos de eras atrás e pelas mentiras que nos contam. Como saber no que acreditar? Levinovitz dá a você o poder de avaliar as pesquisas mais recentes em busca da direção real, em vez de ser levado a andar em círculos pelo supermercado. A mentira do glúten vai ajudá-lo a colocar o pão de volta no seu hambúrguer, parar de aderir aos mais novos modismos em dieta e viver uma vida mais feliz, mais saudável e mais gostosa.

O autor de um dos livros que li ano passado é citado algumas vezes nesse livro. Se antes eu já achava que tinha lido algo com aparência de charlatanismo, depois de ler a Mentira do Glúten eu tenho certeza. Aqui temos um livro que tenta fazer o impossível: desmistificar os mitos sobre as comidas. E acho que vai muito bem no processo. Sendo bem direto algumas vezes e nos mostrando que existem muito mais interesses nos gurus e demonizadores de alimentos que vemos por aí.

04. Como as democracias morrem — Steven Levitsky, Daniel Ziblatt / Nota: 10

Uma análise crua e perturbadora do fim das democracias em todo o mundo Democracias tradicionais entram em colapso? Essa é a questão que Steven Levitsky e Daniel Ziblatt — dois conceituados professores de Harvard — respondem ao discutir o modo como a eleição de Donald Trump se tornou possível. Para isso comparam o caso de Trump com exemplos históricos de rompimento da democracia nos últimos cem anos: da ascensão de Hitler e Mussolini nos anos 1930 à atual onda populista de extrema-direita na Europa, passando pelas ditaduras militares da América Latina dos anos 1970.

Esse livro é mais uma análise sobre a democracia estadounidense. Porém é bem reveladora para nós também. Ao enumerar os motivos pelos quais a democracia morre, acabamos identificando muitos dos pontos acontecendo hoje por aqui também. Caindo como uma luva para a situação política que estamos, e nos mostrando como regras não ditas são importantes para a manutenção de um regime realmente democrático.

05. Misbehaving: A Construção da Economia Comportamental — Richard Thaler / Nota: 10

Um dos pais-fundadores da economia comportamental, Richard H. Thaler remonta neste livro a história dessa disciplina, dos seus primórdios nos anos 1970 até suas aplicações na atualidade. Com exemplos que vão das altas apostas do mercado financeiro até o que nos influencia no momento de escolha do jantar, o autor traça de forma leve e bem-humorada os principais conceitos dessa área de conhecimento, resultando em uma leitura essencial para todos aqueles que desejam se conectar com o futuro do pensamento econômico.

Eu gostei bastante desse livro. Utiliza bastante das descobertas de Kahneman no seu livro Rápido e Devagar para nos mostrar como esse campo foi sendo criado. É muito legal pela maneira como nos conta, partindo cronologicamente, e também nos ensinando como a economia padrão não consegue realmente explicar tudo que acontece a nossa volta. Um puta de um livro para quem se interessa pelo assunto.

06. The New Comedy Bible: The Ultimate Guide to Writing & Performing Stand-up Comedy — Judy Carter / Nota: 10

Aqui temos basicamente um guia de como se tornar um comediante stand-up. É algo que eu pretendo tentar algum dia e por isso foi uma ótima leitura para me inteirar não só de técnicas, como também de ótimos exemplos dos melhores comediantes que você pode imaginar. Muito bem detalhado, com uma série de exercícios e explicando muito bem como essa forma de arte funciona de verdade.

07. The Power Paradox: How we gain and lose influence — Dacher Keltner / Nota: 8

Poder é algo ambíguo, porém é entendido de maneira muito errada pela maioria das pessoas. O doutor Dacher Keltner nos apresenta a ideia de poder em uma nova roupagem, mostrando não somente como é uma força para fazer o bem no mundo, como também atingível por qualquer um de nós.

Eu gostei bastante desse livro. Acho uma pena que ele seja tão curto, mas consegue nos mostrar de maneira bem didática como nós podemos ganhar poder, como perdemos e porque ele é algo que corrompe a maneira como as pessoas se comportam. Muito divertido e com toda certeza uma boa leitura para quem tiver o interesse.

08. A Quietude é a Chave — Ryan Holiday / Nota: 8

Com base em vários dos maiores pensadores da história — de Confúcio a Sêneca, Marco Aurélio a Thich Nhat Hanh, John Stuart Mill a Nietzsche — , Holiday nos mostra o que é a quietude e como ela pode ser alcançada. Além disso, apresenta figuras célebres que tiraram dela o maior proveito, como Winston Churchill, que, ao alternar sua agitada vida pública com períodos assentando tijolos e pintando, conseguiu salvar o mundo da aniquilação, e Fred Rogers, que ajudou gerações de crianças a enxergarem o que é invisível aos olhos.

Achei esse livro bem legal. Tem uma ou outra coisa que eu discordo por questões filosóficas, mas acho que consegue nos mostrar como essa paz de espírito é algo importante nas nossas vidas. Muito mais do que damos o devido valor e que, com histórias completamente diferentes, pode ser alcançado por todos nós.

09. Antifrágil: Coisas que se beneficiam com o caos — Nassim Nicholas Taleb / Nota: 9

Assim como ficamos fisicamente mais fortes quando submetidos à tensão, muitas coisas se beneficiam do estresse, da desordem e da volatilidade. O que Taleb identificou e chama de antifrágil não só tira proveito do caos, como precisa dele para sobreviver e florescer. O antifrágil está além do resiliente e do robusto. Estes resistem a choques e permanecem os mesmos; o antifrágil, por sua vez, se torna cada vez melhor. Além disso, ele é imune a erros de previsão e está protegido de eventos adversos.

Eu gosto muito do Taleb. Mesmo discordando de alguns pontos da sua análise do método científico de determinadas áreas, acho que ele trás pontos muito pouco ortodoxos mas que podem ser muito úteis e incorporados ao modo de pensar que temos hoje. E Antifrágil serve para isso. Nos ensina como existem sistemas que são bons, mas que na realidade poderiam ser melhores. Sempre utilizando a incerteza como um ponto central da sua obra. Recomendadíssimo.

10. A Revolução dos Bichos — George Orwell / Nota: 10

Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século XX, A revolução dos bichos é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos.

Eu gostei bastante desse livro. Fácil de ler e com uma alegoria que conseguimos encaixar em literalmente qualquer coisa na nossa realidade que vivemos hoje. Divertido e ao mesmo tempo nos fazendo pensar sobre como o poder pode embriagar as pessoas e nos tornar exatamente o que estávamos lutando contra.

11. Segredos da Comédia Stand-up — Léo Lins / Nota: 9

Aqui temos uma maneira um pouco mais simples de se mostrar como um comediante stand-up funciona. Gosto de como, além dos conceitos básicos da comédia como o setup, o punch e entre outros, ele também consegue nos dar dicas reais que foram utilizadas pelo Léo Lins durante toda a sua carreira. Um livro muito legal se você gosta ou se quer seguir carreira nesse mundo.

12. Sociedade do Cansaço — Byung-Chul Han / Nota: 6

Byung-Chul Han mostra que a sociedade disciplinar e repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados — tornando elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época onde poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos. Essa onda do ‘eu consigo’ e do ‘yes, we can’ tem gerado um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout. Este livro transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e gestores a entender os novos problemas do século XXI.

Esse livro é legal, mas peca naquilo que mais me irrita quando vou ler coisas mais filósoficas: se escreve difícil porque sim. Várias vezes me pegava pensando porque não se escreveu determinada parte de outra maneira muito mais simples e que passaria uma mensagem tão boa quanto a que foi passada. Por isso é um livro que, sinceramente, não recomendaria a qualquer pessoa. Por mais que a mensagem seja interessante.

13. O que todo corpo fala: Um ex-agente do FBI ensina como decodificar a linguagem corporal e ler as pessoas — Joe Navarro / Nota: 10

Considerado um dos maiores especialistas do mundo em linguagem corporal, o ex-agente do FBI Joe Navarro nos ensina a “ler” as pessoas e dominar os segredos da comunicação não verbal. Você vai aprender a decodificar os sentimentos por trás de expressões faciais, identificar sinais contraditórios entre palavras e gestos, e perceber facilmente quando alguém está tentando esconder alguma coisa.

Na verdade, é muito mais científico que a sinopse acima faz parecer. Com base em uma série de pesquisas e na experiência pessoal de Navarro, vemos como o corpo fala conosco mesmo que inconscientemente. Só que, diferentemente de outros caça-níqueis, ele se apoia em muitos poréns e muitos pode ou não pode. Sendo uma bíblia interessante para quem quer começar a entender esse tipo de análise.

14. O que o dinheiro não compra: Os limites morais do mercado — Michael J. Sandel / Nota: 10

A obra de Michael J. Sandel promete um debate público sobre em quais circunstâncias o mercado faz sentido e em quais deveria ser mantido a distância. Hoje, quase tudo está à venda. Existe algo errado em um mundo onde tudo parece estar à venda, desde o número do celular de seu médico até vagas em uma universidade de prestígio? E o que dizer de pessoas que alugam um espaço na testa para publicidade ou crianças que recebem dinheiro da escola para cada livro que leem? Estes são alguns dos exemplos que Michael J. Sandel utiliza para mostrar que hoje em dia quase tudo está suscetível à lógica de compra e venda, sem que nenhum questionamento moral de valor seja feito.

Esse é talvez um dos livros que mais me fez pensar nos últimos tempos. Existe tanta coisa que está a venda e achamos normal, ao mesmo tempo que outras parecem absurdas e na verdade são bem parecidas com essas que acabamos de pensar como coisas do dia a dia. É um livro incrível e que não dá soluções, mas nos faz pensar se queremos viver em uma sociedade onde (quase) tudo está a venda.

15. A psicologia do dinheiro — Dan Ariely e Jeff Kreisler / Nota: 10

Neste livro, o consagrado psicólogo Dan Ariely uniu forças com o comediante Jeff Kreisler para revelar como as emoções dominam nossa maneira de lidar com o dinheiro e para derrubar as mais consagradas — e equivocadas — premissas das finanças pessoais. Ao explorar diversas questões do dia a dia — dos gastos com o cartão de crédito às armadilhas do orçamento doméstico –, eles mostram como driblar nossos instintos para não cair nas tentações, para economizar, fazer escolhas melhores e gastar com inteligência.

Esse é, talvez, o assunto que eu mais gosto. A economia comportamental é algo que, quando começamos a ler, parece ser óbvio mas na realidade não a utilizamos da maneira correta. E esse livro nos dá um ótima introdução ao mesmo tempo que utiliza de exemplos do nosso dia a dia e de como lidamos com o dinheiro. Uma das melhores leituras do ano, com toda certeza.

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