Vivendo a 1000 km/h
Vivemos a uma velocidade altíssima. Mas nem sempre essa rapidez toda é algo positivo.
Penso em mim mesma e sinto essa agilidade ao meu redor e também dentro de mim. Habita meus pensamentos, estimula a conexão dos neurônios, faz com que meu cérebro maquine, maquine, maquine, sem parar pra respirar. Penso em mim mesma e sei que isso não faz bem.
Num dia comum eu me dedico a uma variedade de coisas que desfruto e/ou preciso fazer. Acordo, tomo café, escrevo, trabalho, faço exercício, organizo a casa, enfim. Normal. Mas às vezes me sinto dentro de um turbilhão, perdida, jogada de um lado para o outro, tentando controlar tudo, sem poder lidar bem com nada. Porque enquanto estou fazendo algo, minha mente já viajou no tempo e está repassando as outras 10 coisas que tenho para fazer. Vivo uma atividade no presente e dentro do meu cérebro vivo o futuro, me adianto para adivinhar o que está por vir. É algo mais ou menos assim:
Com o passar dos anos essa mania de estar à frente de tudo parece surgir cada vez mais naturalmente. Deve ser por essa vida veloz que levamos, tentando colocar em 24 horas um milhão de tarefas. Estamos condicionados a colocar o pé no acelerador. Temos vários projetos, trabalhos, sonhos, responsabilidades. Expectativas em excesso, todos queremos ser fantásticos! E essa lista de afazeres que não para de crescer, combinada com nossa inserção no mundo digital e veloz das redes sociais, apps e scrolls infinitos, está forçando nossos corpos e mentes ao limite.
Seria muito mais lógico fazer algo e concentrar-me somente nisso, ao invés de estar pensando em outras 10 coisas. Todos já vimos 1001 estudos que comprovam que o foco é muito mais saudável e produtivo que o multitasking. Mas não é nada fácil mudar o chip.
O que nos leva a ter esse comportamento deve ser objeto de pesquisa de muita gente. Não sou um deles, mas posso falar de como me sinto. Acho que estar a mil por hora me faz acreditar que sou mais útil, pelo menos naquele momento. Como se ao refletir sobre outras coisas que não as que estou realizando no aqui e agora fosse uma maneira de começá-las. Dar o pontapé inicial (e mental). Quero estar preparada. Tenho medo de falhar, de não dar conta. Quero conseguir, quero concluir tudo o que tenho pra fazer porque são todas coisas importantes. Então ao invés de dedicar-me a uma por vez (não vou ter tempo para tudo se vou devagar), pressiono meu cérebro para medir, calcular e definir tudo o antes possível.
É desgastante. Às vezes erro mais, exatamente porque pensei em tudo e não prestei atenção a nenhum detalhe. Às vezes tenho dores de cabeça ou nas costas. Às vezes como a cutícula até sangrar. Às vezes até consigo completar a to do list do dia, mas termino tão cansada que só quero dormir para sempre. Às vezes não dou conta e me sinto vazia.
Não sei exatamente a solução para esse dilema. Mas, buscando respostas, encontrei algumas coisas que funcionam para mim, que me ajudam a relaxar, a desconectar-me e praticar o foco e a concentração de uma maneira positiva.
A principal delas é escrever. Desde pequena, escrever é um bálsamo, é o momento em que posso extravasar tudo que sinto, tirar os sentimentos para fora e vê-los sob uma perspectiva diferente. Me compreendo mais ao escrever, me conecto comigo mesma. Quando estamos somente eu e o caderno, ou eu e o Evernote (sem outras abas abertas no navegador), consigo expressar meus sentimentos e trabalhar sobre eles, entendê-los e começar a mudá-los.
Outras dessas pequenas ações que em um cotidiano caótico me trazem um pouco de serenidade são:
- Desabafar com aqueles que amo e em quem confio.
- Meditar (a app Headspace é excelente para isso).
- Praticar ioga.
- Brincar com os gatíneos.
- Escutar música (listas traquilinhas do Spotify sempre caem bem).
- Ler histórias de pessoas na mesma situação e aprender delas.
- Simplesmente parar, colocar o pé no freio, tomar consciência do que estou fazendo e de quem sou, e descansar a cuca por alguns minutos tomando um chazinho ou um copo de água.
Qualquer coisa que me permita interromper o movimento incessante de pensamentos. Qualquer coisa que me ajude a questionar-me: quero realmente estar aí? Estou aproveitando, estou ganhando algo de tudo isso? Vale realmente a pena, todo esse cansaço e fragilidade? Estou sendo feliz?
É engraçado como muitas coisas perdem a importância quando nos enfocamos em algo mais profundo, como a felicidade. É só parar para pensar nela, e no que gera alegria em nossas vidas, que nos damos conta do que realmente importa. A to do list murcha , o coração expande, e a cuca finalmente encontra paz.
E para você, qual é o seu bálsamo? Que coisas te trazem tranquilidade e te situam dentro de uma rotina dinâmica? Talvez entre todos encontraremos mais e melhores maneiras de priorizar e escolher, dentre todas as opções de atividades para fazer e projetos a realizar, o que realmente nos traz felicidade.
Obrigada por ler! Se gostou do texto, deixe seus aplausos ali do lado ❤
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