“Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa” traz mensagem de empoderamento e união feminista

Andressa Faria de Almeida
Revista Subjetiva
Published in
4 min readFeb 6, 2020

As adaptações dos quadrinhos da DC Comics para à telona renderam aos fãs mais tristezas do que alegrias, precisamos admitir. Se recentemente a companhia se viu aclamada junto a Warner Bros. por “Coringa” (veja aqui a minha crítica) a verdade é que nem sempre foi assim, mas “Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa” chega aos cinemas com o claro objetivo de mostrar que essas duas gigantes do entretenimento entenderam enfim o que seus seguidores desejam, não estando mais dispostas a sair mais da rota do sucesso!

A introdução do filme nos apresenta ao background da vida e da conexão da Arlequina com o Sr. C (como ela gosta de chamar o atual ex-namorado), através de uma animação super divertida e acelerada, dando o tom colorido e despojado que vamos experimentar ao longo das próximas duas horas. A explicação se justifica, já que uma vez que os dois personagens “terminaram para sempre” (sem maiores explicações, ainda bem) a nossa anti-heroína precisa aprender a se virar sozinha, com todo o peso emocional e social que significa deixar de ser a primeira dama do crime de Gotham City.

Depois de ser humilhada por seguir “na aba” do Coringa ela acaba se rebelando, fazendo questão de atualizar o “status do relacionamento” da forma mais apoteótica possível e colocando assim um alvo bem no meio da própria testa! É aí que Roman Sionis/ Máscara Negra (Ewan McGregor) entra em ação, e a sua busca por Arlequina e por um valioso diamente geram repercussões das mais variadas e escalafobéticas, que acabam unindo cinco mulheres que tem em comum a adoção da violência como um lema para a sobrevivência, mas são completamente diferentes entre si!

É importante ressaltar que de fato é só para isso mesmo que o vilão da obra em questão serve: conectar essas distintas, mas igualmente instigantes representantes do gênero feminino. Em nenhum momento suas ações se mostram de fato ameaçadoras para a protagonista ou suas coadjuvantes, ainda que ele afirme continuamente que vai fazer e acontecer. Talvez a ideia do roteiro de Christina Hodson seja mesmo expor ao ridículo homens que muito falam e pouco fazem, e nesse sentido sua lógica funciona perfeitamente, com êxitos semelhantes aos observados em seu trabalho anterior, “Bumblebee” (leia minha crítica clicando aqui).

Por outro lado, há um capricho extremo no texto de Hodson e na direção de Cathy Yan em nos tornar um pouco mais íntimos de cada uma das cinco principais mulheres da trama, e mesmo que a Harley Quinn de Margot Robbie concentre a maior parte das atenções também temos a chance de curtir em certo grau a detetive Renee Montoya (Rosie Perez), a Caçadora/ Helena Bertinelli (Mary Elizabeth Winstead), a Canário Negro/ Dinah Lance (Jurnee Smollett-Bell) e a ladra pré-adolescente Cassandra Cain (Ella Jay Basco).

Só é uma pena que os momentos de empoderamento liderados pelo quinteto feminino (e feminista) não sejam tão recorrentes quanto poderiam, e talvez com um foco menor em se desenvolver um antagonista necessário, mas não fundamental teríamos mais espaço para cenas de luta coletiva maravilhosamente coreografadas e sonorizadas, ou ainda para instantes de simples confraternização feminina, que nos mostram que não devemos disputar e competir umas com as outras, mas sim nos apoiar e nos acolher.

Com uma fotografia eletrizante e trilha sonora totalmente girl powerAves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa” realmente não brinca em serviço, nos brindando com um enredo delicioso de se acompanhar não apenas por reverberar tudo que mais amamos na cultura pop, mas também por trazer através do majestoso trabalho de realizadoras da indústria cinematográfica uma mensagem alta e clara: nós mulheres temos que nos libertar para já, e se é para fazê-lo que seja com muita briga, lantejoulas e purpurina!

Nota: 9,0

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