Gente que transa mal

Contos “Eu já amei muita gente”

Bia.
Revista Subjetiva
4 min readNov 24, 2018

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Reprodução: Cena de “ O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” (2001)

Conversando com uma amiga, refleti sobre meu último date. Rogério toca sanfona numa banda de forró. Depois de muita paquera e troca de olhares, resolvi partir para cima dele e, numa despedida, roubar um selinho nele. Depois de limpar a boca, ele me revela:

— Eu não gosto de MULHER DE BATOM.

Eu poderia ter parado por aí, mas resolvi tentar novamente. Fui no forró onde ele toca todo domingo a noite na Lapa e sem esperar, na despedida, ele me rouba um beijo. Um beijo que não senti seus lábios e mal senti sua boca. Beijo esquisito, pensei. Mas como queria saber até onde poderíamos ir, o chamei para sair. Não foi a primeira vez, havia feito a mesma coisa, mas nem responder ele fez. Podia ter parado por aí, podia. Tantos sinais… Entretanto, podia me surpreender, por que não?! Ele aceitou ir para um fast food mexicano, mas me avisou que estava com herpes na boca, então não podia rolar beijo de maneira nenhuma.

Eu podia nem ter saído de casa. Porém, como não havia descoberto se ele era bom no que eu achava que talvez podia não ser, peguei o 432 muito bem arrumada. Uma colega em comum dizia que ele tinha cara de ser péssimo na cama, e tem mesmo, mas vai que me surpreende?! Fomos até a sua casa, numa bela cobertura em Botafogo, e ao iniciarmos o trabalho, ele me afirma:

— Não beija meu pescoço, ME DÁ NERVOSO.

Continuei, porque ali já estava semi nua, mas sem beijar na sua boca e nem no seu pescoço. O único beijo que dei foi no seu pau, que brochou no meio do sexo. A experiencia não foi tão ruim, o pós num chorinho no Flamengo foi interessante, e a comida foi devidamente paga por ele (logo não paguei nada), mas podia ter ficado em casa, afinal, ainda deixei meu colar na casa dele que não foi devidamente devolvido (com a falsa promessa de um próximo encontro). Eu dei uma ótima chupada, aproveitei cada segundo porque gosto de sexo. E se é para fazer algo mal feito melhor nem fazer.

Transei com talvez 3 pessoas este ano e todas transavam mal. Comentei isso com a minha amiga, que bióloga que só, justificou tal fenômeno com a falta de sorte de não ter uma boa química entre os corpos. Concordo, além deste fator tem o de ciências, físico, eletricidade, estas coisas. Mas há também o fato de que a pessoa não saber o que está fazendo ali. Como já falei, o sexo entre os homens héteros normalmente se resumem ao seu pau. Quando há uma retribuição é apenas para deixar a mulher minimamente molhada para que fique lubrificada, fácil para a entrada do seu bendito pau.

O gozo da mulher é apenas uma satisfação masculina de macho poderoso que consegue fazer uma mulher chegar lá. Se de fato foi bom para ela, isso é apenas um detalhe. Transei com um chileno que era exatamente isso. Ansiedade para que seu pau enfiasse logo em mim para que através do seu pau eu gozasse. Não houve paciência para uma masturbação demorada ou um sexo oral agradável. Alias, tenho a impressão que o sexo oral, para a maioria dos homens, é apenas para deixar a buceta molhada através da saliva para que, olha só, seu pau entre rápido.

Já comentei que transei com uma pessoa que adorava DE VERDADE o sexo e tudo que faz parte dele (beijo na boca, beijo no pescoço, beijo grego, toques e mais lambidas) e confesso que teve outros assim. Sexo ruim era raro para mim. Um ser certa vez me disse “Ok, você não saber transar, mas eu sei” e era nessa filosofia que me baseava. Não sabe beijar, mas tem um pau maneiro? Me come de quatro então. Sabe fazer sexo oral, mas não saber meter? Então a gente compensa e deixa a falta de habilidade para lamber para lá. Depois de um tempo. fui para o outro lado, aquele de que todas as meninas e amigas me falavam, o lado dos homens que não sabem transar e nem querem ser ensinados.

Talvez seja eu, já passei da idade de ensinar homem com mais de 35 a masturbar uma mulher. Claro que cada anatomia é uma anatomia, mas tem gente que acha que clitóris é apenas aquela pontinha e esfrega que nem um DJ um órgão cheio de terminações nervosas. Já estou velha demais para ensinar um homem que já transou com algumas mulheres que sexo não é só pau na buceta e buceta no pau. Parece sexo para reprodução, onde o único fim é o esperma chegar no ovulo e formar filho.

E se é para ter um péssimo sexo, nem me convida para sair.

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Bia.
Revista Subjetiva

Ilustradora que dá bico de escritora. Não dou conselhos nem respondo cantadas. Gostou de algum texto meu? Comente nele.