O telefone
Escrito por Daniel
O telefone toca
Ele levanta pra atender
Quando atende, não há resposta.
Ele mata sua sede.
O telefone toca
Ele nem sequer acorda.
Mas o telefone pára
Trazendo paz pra aquela casa.
O telefone não toca
Ele levanta pra atender.
Ele atende e sua voz ecoa
Não há mais o que fazer.
O telefone nem sequer existe
Toca, e ele atende.
Recebe a notícia mais triste
E chora novamente.
O telefone toca, como se fosse a primeira vez
Ele não atende, não reage
Se espanta com sua própria nudez
O telefone pára. Será que de verdade?
O telefone toca
E não há o que fazer
Ele não consegue não notar
E não há pra onde correr.
O telefone
Toca
O homem se esconde
Mas não importa.
O homem acorda
Com aparente tranqüilidade
Mas o telefone toca
Tirando sua estabilidade.
O telefone
Toca
O homem
Sufoca.
Esse texto faz parte da parceria entre as revistas Subjetiva e Ensaios sobre a Loucura através do tema “Quando a loucura é subjetiva”.