Os jantares de Temer

Quais serão os pratos principais do reajuste?

Lucas Machado
Revista Subjetiva
3 min readNov 17, 2016

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Nobreza Russa em 1916

Os banquetes promovidos por aqueles que detém o poder nunca são lembrados com prazer pela História em si, devemos lembrar daquele onde a nobreza francesa antes da Revolução disse na voz de Maria Antonieta: “se não tem pão, que comam brioches!”, crucificando mais uma vez aqueles que já não suportavam mais. Pode-se lembrar também do jantar promovido pelo Czar e sua família antes da Revolução Russa em 1916, onde enquanto a nobreza decidia quais recursos populares iriam sustentar suas mazelas, o povo invadiu o banquete e promoveu aquilo que deveria ser a premissa de todo e qualquer governo: O (real) povo no poder.

Em 2016, Temer e seus aliados tentam assim como a nobreza francesa e russa ver quais recursos tirarão daqueles que não aguentam mais, para manter seus privilégios, como sempre foi feito. O que será servido no banquete brasileiro? Confira o cardápio: a entrada será a Educação, aquela que tem como projeto seu sucateamento, além de sua privatização para manutenção do poder do inquilino vampiresco. O prato principal será o SUS, dominado pelas OS, cada vez mais se encaminhando para sua morte, o próprio atual Ministro da Saúde acha um “privilégio” o SUS. A sobremesa será o salário mínimo juntamente com a Previdência Social, ascender socialmente e ter o mínimo de sobrevivência será algo raro, até porque “Não pense em crise, trabalhe!” é para lhe distrair de que a aposentadoria vem depois da expectativa de vida. Há um jantar que já ocorreu, outro ocorrerá ainda, vejamos uma breve analise de ambos:

O primeiro jantar do vampiresco ocorreu no início de Outubro, nas mesas estavam Deputados Federais e suas respectivas famílias, ambas se deliciando com variados pratos pagos com dinheiro público, enquanto do outro lado da moeda, há centenas de pessoas morrendo na fila do SUS, ou se endividando cada vez mais por conta do Estado de calamidade que os governos do Estado vem protagonizando.

O segundo jantar está para acontecer ao final de novembro, Temer e seus aliados, dessa vez Senadores, buscam empurrar a aprovação da PEC 55 (241) através de um banquete pago, mais uma vez, com dinheiro público, pondo na mesa a saúde, educação e a previdência, decidindo sem dialogo algum com aqueles que sofrerão tais consequências. Mais uma vez, aqueles que detém o poder estão decidindo o futuro de seus bolsos e não dos nosso, o resultado será mais uma apocalipse social, como costumo dizer. Fica a duvida, após jantarem nossos direitos, haverá mobilização?

Sim, há resistência contra a “PEC do Fim do Mundo” em todo Brasil, estudantes se posicionam contra essa proposta, ocupando Universidades e Escolas Públicas e Federais em todo Brasil, que visa acabar com o futuro de duas gerações, porque serão vinte anos de medida, muitos daqueles que votarão a favor podem não estar mais ali no Congresso ou em vida, porém, infelizmente, sabemos que a política brasileira ainda está submersa no clientelismo, assim como a nobreza tinha costume, a hereditariedade dos cargos públicos ainda são uma realidade em nossa vida pública.

Seja qual for o resultado desses banquetes que põe em xeque o futuro da juventude periférica, a História não perdoara aqueles que quiserem passar por cima dos nossos sonhos, pois temos certeza que na mão daqueles que colocarão fim nesses sonhos haverá sangue daqueles que perdurarão até o fim, como o do Guilherme Irish, universitário que apoiou as ocupações por acreditar que não aqueles que são massacrados diariamente não devem pagar essa divida sozinha, e que foi morto pelo seu próprio pai por acreditar num futuro melhor para todos. Ao final, deixo meu singelo recado:

Imagem retirada do site ubes.org.br

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Lucas Machado
Revista Subjetiva

Cientista social, professor de Sociologia e criador da Revista Subjetiva