“Power” e o poder na palma da mão

Novo filme de ação da Netflix tem boa premissa desperdiçada em trama familiar clichê

Lucas Souza
Revista Subjetiva
3 min readAug 30, 2020

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Imagem: Netflix/Divulgação

“Power” se passa em Nova Orleans, onde uma nova droga, que concede poderes as pessoas que a consomem, começa a circular. O único problema é que esse efeito só dura cinco minutos. Robin (Dominique Fishback) uma menina da periferia da cidade, começa a vender a droga, se vê no meio de uma trama cheia de perigos, quando é sequestrada pelo ex-militar Art (Jamie Foxx), que está procurando os responsáveis pela produção da substância. No meio disso, Frank (Joseph Gordon-Levitt) um policial local e amigo de Robin tenta lidar com essas “super pessoas” que começaram surgir por toda parte.

Eu poderia resumir esse texto sobre “Power com o último parágrafo do meu texto sobre “The Old Guard”, outra produção original da Netflix. Porém, acredito que o novo longa, estrelado por Jamie Foxx, tenha algumas questões que merecem ser debatidas.

A ideia de acompanhar pessoas comuns com super poderes, em uma pegada mais realista não é nova. Diversos filmes já abordaram essa temática, “Poder sem limites”, “Corpo fechado”, “Jumper” e em certo ponto, até a franquia “X-Men” pode ser citada, pelo menos os dois primeiros filmes. O que todas essas histórias têm em comum, na essência, é que elas mostram como as pessoas poderiam mudar com esses novos dons, como as noções de bem e mal poderiam ser alteradas (o que para alguns é uma bênção, para outros se torna uma maldição). “Power” poderia muito bem abordar essas consequências de forma bem única e até incluir um aspecto novo (a dependência de drogas), mas escolhe o caminho mais fácil.

O que você faria se pudesse ser aprova de balas, invisível ou voar por cinco minutos ?

O longa prefere fugir de qualquer discussão mais profunda e apresenta ao espectador um drama familiar, que desvia a trama de qualquer aspiração mais filosófica.

Imagem: Netflix/Divulgação

Ao olhar a filmografia dos diretores Henry Joost, Ariel Schulman, que entre outras coisas, dirigiram “Never: um jogo sem regras” e alguns filmes da franquia “Atividade Paranormal” pode-se notar que eles têm um interesse muito maior no entretenimento escapista.

O que em certo ponto, está presente em “Power”, são quase duas horas que passam de forma rápida, mas ao final fica uma sensação de que falta algo, substância ou talvez estilo.

As lutas não são tão empolgantes ou bem coreografadas, os efeitos especiais até conseguem atingir o objetivo proposto, mas carecem de um pouco de capricho em alguns trechos.

O homem invisível da série “The Boys” é bem melhor do que o apresentado aqui, por exemplo.

O melhor do filme é realmente o foco dado para Robin (Dominique Fishback). A garota, que sonha em ser rapper, carrega o filme com uma trama de afirmação e com as suas interações, tanto com Art (Jamie Foxx) quanto com Frank (Joseph Gordon-Levitt).

Imagem: Netflix/Divulgação

O terceiro ato de “Power” é um reflexo de tudo que foi dito acima. Vilões sem nenhuma motivação, que entram e saem sem qualquer impacto. Pouca expectativa criada ao redor do desfecho. Em nenhum momento é possível acreditar que a vida dos protagonista corre perigo. E por fim, temos um clímax rápido, que pouco explora o potencial que poderia ter, assim como todo o filme.

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Lucas Souza
Revista Subjetiva

RJ, 22 anos, estudante de jornalismo. Nas horas vagas escrevo sobre filmes e séries