Sobre caos que se alimenta de ordem (e vice-versa)

Fiz um Trello para organizar minha vida

Regiane Folter
Revista Subjetiva
3 min readAug 8, 2020

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Conhecem o Trello? É uma dessas apps que prometem super organização e produtividade. É uma ferramenta bem simpática, com suas colunas, etiquetas coloridas e adesivos engraçadinhos.

Não sei se é a melhor ferramenta para me ajudar a ser organizada e produtiva, mas até agora tem sido de grande ajuda para acalmar minha ansiedade e necessidade de controle. Para cada objetivo que tenho, uma coluna. Em cada coluna coloco cartões com suas respectivas tarefas. Ponho datas, faço listas, ordeno as ideias e priorizo meus focos. Sonhos muito bem programados, obrigada, de nada.

Nessa app planejo meus projetos profissionais (também conhecido como “freela life”) e projetos nem-tão-profissionais, mas que eu queria que fossem (ou seja, “escritora life”). Ver as colunas e suas tarefas tão claras e pensadas gera em mim um sentimento de tranquilidade. Sinto que estou indo a algum lugar. Não sei vocês, mas preciso de estrutura e ordem para sentir que avanço. Ter claridade sobre o que tenho que fazer me ajuda a crescer. Porque tenho muitos e variados sonhos, então com os Trellos da vida é mais fácil visualizá-los e definir os passos para alcançá-los sem me perder na bagunça que é o meu cérebro.

Claro que às vezes me rebelo, passo dias sem atualizar a ferramenta, me dedico somente a sonhar, sonhar e sonhar. Isso normalmente passa quando o cotidiano de ações tão planejadas me desgasta e sinto que estou perdendo minha essência de artista. Então me jogo nas reflexões, anoto ideias loucas em caderninhos espalhados pela casa e visualizo um milhão de oportunidades ao meu redor. Volto a me apaixonar por tudo que gostaria de ser e fazer. E escrever.

Mas logo me canso de ter a cabeça nas nuvens e surge aquela coceirinha, aquela urgência, e sei que preciso pôr os pés no chão e a mão na massa. Escuto uma voz interna que diz, debochada:

“você vai continuar nas nuvens ou vai fazer alguma coisa no mundo real?”

Então volto correndo em busca da rotina, para sentir que meu propósito é mais palpável, mais possível.

No final das contas cheguei à conclusão de que, no fundo, preciso das duas coisas. Do momento de ordem e do caos. De sonhar lá no alto das nuvens e de voltar à realidade. De parar tudo para brincar com minha imaginação e depois ligar os motores para colocar as ideias na estrada. Uma coisa alimenta a outra e em ambos momentos encontro sentido para minha existência. É delicioso sonhar, mas também é poderoso ver esse sonho se tornar real.

Foi assim que esse post surgiu, por exemplo. Pensei e pensei, deitada na cama escrevinhando ideias soltas em um bloco de notas. Depois, me sentei em frente ao computador, revisei o texto, editei. Defini data de publicação, busquei a imagem, criei o título, coloquei cada um dos pontos finais. Não existe receita secreta para nada nesse mundo, muito menos para realizar sonhos. Então aqui sigo, desenhando planos e definindo metas, e também jogando tudo pro alto e passando horas e horas sonhando acordada.

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Regiane Folter
Revista Subjetiva

Escrevi "AmoreZ", "Mulheres que não eram somente vítimas", e outras histórias aqui 💜 Compre meus livros: https://www.regianefolter.com/livros