5. Temas e Mecânicas
(parte 2)

dreamup
#RPGenesis Workshop para Autores
3 min readJul 6, 2015

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Semana de 06/07 a 12/07 do Workshop de Autores #RPGenesis 2015

Desde este workshop até à Semana do Autor, terão tempo para deixar o vosso jogo rolar na vossa cabeça e até porem em causa tudo aquilo que escreveram até agora. E, no entanto, aprendemos sempre alguma coisa sobre aquilo que queremos fazer quando nos tentamos expressar, um pouco à semelhança dos nossos temas e mecânicas, ideias e acções, significados e significantes.

Esta semana, como artesãos ferreiros a martelar no ferro, podem revisitar o vosso assunto e caderno de encargos, podem continuar a listar mais temas e mecânicas e podem ler ou jogar qualquer coisa mais que vos inspire. Mas vou também abordar mais algumas sugestões que deixo à vossa consideração:

1. Cheguem à melhor parte

Imaginem qual será a parte de que vocês mais gostam do vosso jogo e abram caminho até ela. Aquele ponto em que tudo se combina num momento espetacular da sessão. O clique do vosso RPG. Vejam de que maneiras podem apontar para o melhor que o vosso jogo tem para dar. Avaliem os vossos temas e mecânicas mediante essa direcção. São condições necessárias? São escolhas decisivas? Como é que imaginam uma sessão do vosso a se desenrolar?

2. Alternem entre pontos-de-vista

Se já não souberem o que podem fazer com um tema, saltem para a sua mecânica. Se alguma mecânica não parecer funcionar, pensem no seu tema. Como um exemplo pessoal desta abordagem, deixo aqui uma parte do meu diário de criação do Vitória:

Dia 4 — Capela de Espadas

Estava a tentar dormir e ainda tenho isto a chatear-me a cabeça. Última tentativa, vou usar o truque do costume: quando se vai contra parede nas mecânica, vira-se para o tema (e quando se vai contra a parede no tema, vira-se para as mecânicas). Ok, tema, qual é o “naipe” que fica de fora? “Naipe” tipo elementos de uma sociedade, classes, famílias, profissões, o quê? De um império, nação ou cidade?

Vamos por cidade que é uma escala mais fácil de imaginar para um jogo casual. Tipo cidade-estado. Em guerra contra outras cidades-estado? Não, não podemos ter conflito. Mas guerra pode ter acontecido, desde que seja apresentada num tom positivo, tipo paz depois da guerra. E as pessoas combateram e ganharam, a cidade pode chamar-se Vitória para ser um nome simples e ficar bem explícito que não há qualquer trauma, estão todos felizes e contentes neste sítio.

Está bom, tema, então o naipe de Espadas pode ser o arquétipo daqueles que tombaram em combate. Já não fica estúpido ficar de fora. Para os outros naipes, é evidente que Ouros são os mercadores, Copas podem ser os príncipes e Paus os camponeses. Depois inspiro-me na simbologia dos naipes para descrever os arquétipos, não há problema.

3. Levantem questões a vós próprios

Esta semana, não tenho nenhuma grande pergunta para vocês. Chegamos a um período em que, de acordo com o vosso jogo, vocês encontram as vossas próprias dúvidas e decisões que têm de tomar. Perguntas como aquelas que eu me coloquei a mim próprio no exemplo acima. Não tenham pressa em responder a todas. Deixem algumas para Agosto. Deixem outras para serem experimentadas talvez numa sessão que possam fazer até lá. À medida que forem acumulando uma lista de temas e mecânicas possíveis, acumulem também uma série de questões para cada uma. São elas que vão marcando cada passo que dão no desenvolvimento do vosso RPG. Sejam quase crianças na maneira como questionam o vosso jogo sem se prenderem com pressupostos que não sejam aqueles que fazem parte do vosso assunto e caderno de encargos.

Na semana passada, sugeri que não pusessem nada de parte e agora quero reformular esta sugestão. Considerem a hipótese de algo em que tenham pensado poder ser concretizado fora do contexto deste workshop. Será antes uma possível ideia para a Semana do Editor? Será uma eventual campanha ou uma personagem que podem jogar com um RPG que já existe? Será que têm na cabeça dois ou mesmo três RPGs diferentes e algo que não funciona num poderá funcionar noutro?

Assim, sejam positivos quando avaliam as várias partes do vosso RPG. Não pensem “isto não presta” mas antes “isto se calhar ficará melhor ali” ou “preciso de experimentar isto para perceber o que é que não me agrada”.

Boa sorte!

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