Esta é uma tradução de uma série de artigos sobre o cenário de Shadowrun de autoria do usuário do reddit Black Knyght. Você pode acessar os artigos originais clicando aqui.
Prepare-se para aulas semanais!

Da última vez, falamos bastante sobre o período de dois anos que foi crucial para moldar o Sexto Mundo como o amamos e conhecemos hoje em dia. No [Intensivão] de hoje, vamos discutir um pedacinho de toda a história, onde rolam um monte de coisas menores, que eventualmente viram uma bola de neve se tornando algo muito maior do que se considerava (inicialmente) possível.

Vambora;

A Corrida dos Recursos

No início de 2002, a megacorporação (Shiawase) e diversas outras quem-me-dera-ser corporações se uniram e fizeram um requerimento ao governo dos EUA para ter acesso a recursos (minerais, petróleo, gasolina, etc.) em propriedades federais dos EUA.

O Presidente Martin Hunt considerou o pedido razoável, por algum motivo. Pela sua autoridade, as corporações podiam licenciar os direitos de exploração até essas terras federais. E cacete, elas foram com tudo. Dentro de três meses, a prática se tornou comum. Tão comum que a mídia cunhou o termo “A Corrida dos Recursos” para este programa.

O elemento radical da população nativo americana decidiu que era hora de fazer algo sobre a usurpação corporativa que invadia suas terras. Em 5 de abril, um número desconhecido desses radicais se reuniu em Denver, no estado do Colorado, para formar o Movimento Soberano Ameríndio (MSA).

O objetivo declarado do MSA era de livrar as Nações Nativo Americanas de interferência externa. Sem as megacorporações e governos por perto para atrapalhar tudo, os Nativo-Americanos estariam livres para se governar da forma que desejarem.

O MSA é parte essencial da História do Sexto Mundo, assim como Denver, mas ainda faltam alguns anos para isso. Só não se esqueça deles.

Extraterritorialidade Ataca Novamente!

Nicholas “Nico Véio” Aurelius, Membro da Diretoria da General Motors, além de inúmeras outras corporações, viu os benefícios e riscos da extraterritorialidade, e decidiu que quer isso para si e para os seus negócios. Então foi lá e pegou.

Em 14 de junho de 2002, ele fundiu todos os seus inúmeros ativos em um portfólio firme sob o novo nome empresarial, Ares Indústria, com ele como CEO e Presidente da Diretoria.

Seis dias após seu auge meteórico, a Detroit Business Weekly fez uma entrevista exclusiva com o Nico Véio onde ele fala sobre seu desejo por extraterritorialidade. Aqui está um pedaço da entrevista.

O próprio Aurelius fala francamente sobre status extraterritorial. “Por que eu não gostaria disso?”, afirma ele. “Temos milhares de páginas de compêndios empresariais falando como administrar riscos das coisas que fogem ao controle. Sempre pensei que a melhor forma de administrar riscos era de ter a menor quantidade de coisas fora do nosso controle, e a extraterritorialidade é extremamente útil nessa questão.”

O Presidente Hunt ajudou a acelerar a aplicação de extraterritorialidade da Ares Indústrias, e dentro de semanas, muito para espanto da Shiawase (eu presumo), a Ares se tornou a maior megacorporação do mundo.

Alemanha Fica Tóxica

O maior problema com a Corrida dos Recursos era que não havia planos de fato para lidar com o lixo de tanta produção. As corporações (megas ou não) não tinham como cuidar do tanto lixo que produziram durante aquele primeiro ano.

Isso chegou ao ápice em junho de 2002, quando lixo tóxico vazou dos aterros muito esquecidos na antiga Alemanha Oriental e envenenou essa região do país. Em resposta, o governo alemão montou uma quarentena na região afetada e realocou milhares dos seus cidadãos em “alojamentos temporários”.

Poucas semanas mais tarde, em 8 de julho de 2002, aconteceu de novo. Dessa vez, o Mar Báltico foi arruinado. Mais milhares são realocados, e o governo tenta manter a paz. Mas não consegue, e poucos dias mais tarde, graças ao aquecimento global e o efeito cumulativo da poluição, o Mar do Norte se depara com a mesma tragédia. Agora, todo o litoral da Alemanha, assim como os da Holanda e da Dinamarca se tornaram um perigo tóxico para aqueles corajosos o bastante para viver lá.

Em resposta ao declínio ecológico dessas regiões, o velho governo da Alemanha foi deposto em setembro, substituído pelo Partido Bündnis 2000 (Aliança 2000). Sua plataforma era de mudança e responsabilidade climática. Mas talvez essa mudança política tenha vindo tarde demais.

Pouca Coisa Acontece em 2003

Em 24 de março de 2003, a BAE Sistemas do Reino Unido e a Corporação Aeroespacial Japonesa lançam seu plano suborbital com gigantesca economia de combustíveis, chamado de Ghost. O BAE Ghost pode ir de Londres a Boston e 76 minutos, e voar de Londres a Tóquio em poucas horas. Dentro de poucos dias, tantas organizações fizeram pedidos que logo se formou uma lista de espera de anos. O mundo acabava de ficar menor.

13 de maio, as sementes da futura Revolução Biotecnológica são plantadas quando a American Food and Drug Administration (Administração de Comida e Drogas dos Estados Unidos) deu a aprovação para o peixe geneticamente modificado que brilha (chamado de BrilhoPeixe) ser vendido no mercado. Esses peixes foram originalmente projetados para controlar poluentes na água, mas logo se tornaram um grande favorito nas petshops da América do Norte.

Em 8 de julho, o Governo Federal dos EUA emite a ordem para dissolver o governo municipal de Washington D.C. e transferir todo o controle para o governo federal. A alegação é que os anos de corrupção levaram a dívidas cada vez maiores, uma estrutura prestes a se desmoronar, e uma percepção pública de um governo municipal “desonesto” que só queria saber de si mesmo, e não do bem maior.

Os cidadãos estavam enojados com o governo da sua cidade, mas não viram a mudança para o controle governamental com bons olhos. Na verdade, a maioria dos cidadãos viu isso como um golpe declarado por parte do governo dos EUA.

Um panfleto anônimo chamado “Às Armas” começou a circular pela área de D.C., tentando levar os cidadãos à uma revolução armada. A ameaça de revolução nunca ocorreu, e os negócios continuaram como sempre.

19 de novembro foi testemunha da maior cheia de toda a história da Alemanha no Mar do Norte. Isso causou enchentes gigantescas por boa parte de Hamburgo assim como a Frísia leste e a oeste, espalhando ainda mais a toxicidade do Mar do Norte.

A resposta do governo (liderada pelo Bündnis 2000) foi de fechar todos os reatores nucleares da Alemanha. Mesmo tendo sido bem-sucedido em desativar as usinas, milhares ainda morreram nas semanas seguintes. E quem levou a culpa? Isso mesmo, o Bündnis 2000.

2004: Relações EU-Mexicanas Reveladas, Alemanha Cada Vez Mais Nuclear e dessa vez a Bretanha Entra de Gaiato!

Em 26 de abril de 2004, os meios de comunicação da nação revelaram que o Presidente Martin Hunt esteve fazendo pagamentos regulares para o Presidente do México, Miguel Ávila, para permitir diversas corporações a continuar a “Corrida dos Recursos” no quintal de Ávila. Isso faz a aprovação medíocre do Presidente Hunt com os cidadãos dos EUA a despencar ainda mais. Estava óbvio, mesmo em abril, que Hunt nunca venceria a reeleição em novembro.

Em junho de 2003, dois acidentes nucleares acontecem no Teatro Europeu. O primeiro foi quando uma instalação alemã em Biblis liberou uma quantia desconhecida de gás radioativo no ar. Não se sabia na época, mas um relatório alemão de 2007 mostra que a instalação de Biblis estava a meros momentos da fusão nuclear. Então apesar de o vazamento de gás ter sido ruim, ele preveniu algo muito pior de acontecer.

Esse acidente causou uma repercussão e tanto no mundo corporativo. Biblis foi usada como prova de que o desligamento governamental de instalações nucleares deveria ser desacelerado ou até mesmo encerrado. Já dá para imaginar quanto dinheiro essas empresas estavam perdendo ao desligar suas instalações. É óbvio que elas queriam o fim dos desligamentos.

Elas foram forçadas a recuar de novo em junho quando uma instalação corporativa em Dungeness, Inglaterra, de fato entra em fusão nuclear. Esse desastre destruiu e irradiou partes enormes de Kent, e matou mais de seis mil cidadãos britânicos. Esse desastre dá início a uma onda de sentimento pró-ambientalista por toda a Europa.

Em 2 de novembro de 2004, surpreendendo ninguém, Martin Hunt perde sua tentativa de reeleição para o Senador Phillip Bester do Colorado. A plataforma de Bester era de desfazer o dano causado pelo relacionamento de Hunt com as corporações.

2005: PBS Dá Tchau, as Guerras Fronteiriças Começam, e Nova York Desmorona

Apesar da plataforma eleitoral do Presidente Bester, a política dos EUA pareceu permanecer a mesma. A Corporation for Public Broadcasting (Corporação de Transmissão Pública, a gente bonita que criou sucessos como Vila Sésamo e afins através do seu braço da PBS) teve seu financiamento cortado graças a Bester. As corporações, farejando o sangue na água, logo avançam e dividem os ativos da CPB entre si. Os Estados Unidos acabavam de perder sua rede pública de televisão.

Graças às tensões políticas cada vez maiores na Europa (com essa bela contribuição da Alemanha), a Bielorrússia invade a Polônia e puxa briga com a Polônia e diversos outros estados Bálticos. Isso dá início para o que se tornaria conhecido como “As Guerras Fronteiriças”.

Na manhã de 12 de agosto de 2005, um terremoto medindo 5.8 na Escala Richter destrói Nova York. Pode não parecer muito para você que vive no CaliLivre (o Estado Livre da Califórnia), mas para Nova York na época, foi devastador. Mais de 200.000 pessoas perderam suas vidas, e a cidade sofreu incontáveis milhões de dólares em danos. O Empire State Building conseguiu escapar dos terremotos, mas o resto dos arranha-céus não teve tanta sorte.

Graças aos danos causados no terremoto de Nova York, o Wall Street faz uma manobra arriscada e se realoca para a cidade de Boston. Isso ajudou a alavancar a economia murcha de Boston. 19 de setembro testemunhou o primeiro dia do mercado de ações na ativa em seu novo lar.

Em 2 de setembro, o Presidente da Coréia do Sul, Dae-Jung Rhee, foi assassinado por comunistas da Coréia do Norte. Isso deixou o Comandante Kyung Han Yoon no comando do país, assim como do seu exército. Com suporte e patrocínio do Japão, Han Yoon lança um ataque na Coréia do Norte, dando início à Segunda Guerra da Coréia.

No próximo Intensivão!

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