Sim, portas giratórias me aterrorizam
Nem o charme delas me convence
Por Jéssica Raphaela
Nada me assusta mais em Nova York do que as portas giratórias. Posso soar bicho do mato, mas tenho que confessar — e sei que muita gente vai concordar comigo. O coração dá uma disparada quando vejo que o único acesso me obriga a passar por essa espécie de armadilha. Se eu der uma passo em falso, posso perder uma perna, um braço.
Nem mesmo a possibilidade de ser pisoteada em plena Times Square me dá mais medo que as portas. Tropeçar na plataforma do metrô enquanto o trem passa também é fichinha. Até o receio de que um dos habituais loucos da cidade cismem comigo enquanto falam sozinhos é pouco. Em Nova York, eu posso superar tudo, exceto as portas giratórias.
São 11 os meus sintomas diante delas:
1. Penso: putz, é giratória! Não tem mesmo uma alternativa?
2. Não tem, vai ter que ser aqui mesmo. De boa, Jéssica. Assim que essa menina entrar, eu vou
3. Perco o timing. Estava girando muito rápido e eu não estava preparada
4. Droga, agora tem uma pessoa na contramão. Como faz? Espero ele sair ou entro no mesmo bonde e corro o risco de ficar pra sempre preso com ela?
5. Chega de enrolar, já tem uma fila atrás de mim. Eu posso fazer isso e sair inteira do outro lado. Eu acredito em mim!
6. Agora! Vá!
7. Entrei, o que já é uma vitória. Só não posso perder a hora de sair pra não ficar eternamente presa nesse limbo
8. A pessoa de trás está empurrando mais rápido! Desespero!
9. Lá vem a saída. Saia, saia antes de perder a perna
10. U F A!!! (Respiro fundo, checando se está tudo no lugar)
11. Eu disse que conseguiria
*Vale ressaltar que essa cena inteira não passa de 10 segundo.
Qual a razão de ser?
Pra ser sincera, não consigo entender a utilidade delas. Já fiz uma pesquisa popular e, depois dos entrevistados confessarem em tom de alívio que também morrem de medo, vem alguma resposta que não se justifica, como “pra que não passe todo mundo de uma vez”.
A única explicação que fez sentido: manter o ar-condicionado/aquecedor funcionando bem. Mas sério mesmo? Século XXI e a sociedade ainda não inventou nada menos ameaçador pra manter o ambiente com a temperatura adequada. Além de tudo, elas geram fila, e aí fica um monte de gente esperando pra ver se você vai fazer algo errado na hora de usar a entrada. Só aumenta a pressão.
No Brasil, o comum é vê-las em bancos, quando travam e causam alarde se alguém carregar qualquer coisa de metal que seja. Notícias de gente que se revolta com as portas existem a rodo — como esta aqui. Já aprendi a deixar a bolsa no carro e levar só o necessário, porque ficar presa na porta giratória — principalmente com um cara armado me olhando desconfiado do outro lado — figura um dos meus maiores pesadelos.
Em Nova York, elas estão em todos os lugares. Deve ser pelo charme. Ou pela pegadinha pra ver turista preso dando voltas infinitas. De qualquer forma, fica mesmo difícil imaginar essa cidade sem elas. Não é fácil viver na cidade grande.
Vou confessar mais uma coisa: eu adoro ser lida. Se gostou do post, clica no ❤ aqui em baixo pra recomendar ele pra mais gente. :)