UNBOUND: FL - Reta Final

SKEP
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9 min readNov 23, 2017

Se esse é o primeiro texto que você está lendo sobre a UNBOUND, é importante que você saiba que ele faz parte de uma série de conteúdos que nós desenvolvemos para compartilhar como foi a primeira trilha desenhada pela SKEP, desde a idealização até os resultados que ela trouxe para os seus 10 participantes, para nós da SKEP e também para todos os demais envolvidos nesse processo. Por isso, recomendamos muito que você entenda essa história do começo clicando aqui. E caso você já conheça essa série, mas ainda não tenha lido tudo que aconteceu na etapa anterior, a fase Rio de Janeiro, é só clicar aqui que nós te mandaremos direto pra lá.

Recados dados, vamos continuar direto de onde paramos ;)

Depois da surpresa de ter passado 3 dias na aldeia Awa Porungawa Dju, os piratas ficaram desconfiados quando entramos na van e falamos que estávamos indo para Floripa. O que é normal, levando em conta a mudança de planos que aconteceu da última vez que dissemos isso. Toda essa incerteza acerca do que está por vir faz parte do mistério, elemento essencial da metodologia da SKEP, responsável por fazer com que cada pessoa se desconecte dos planos e expectativas criadas (mesmo que desintencional). Afinal, não precisamos ocupar a cabeça com tudo que está por vir, basta viver um dia de cada vez e tirar proveito de cada um deles.

Eis que finalmente chegamos ao nosso destino, a Pousada Villa Joaquina em Retiro, mais especificamente na rua Servidão Beco dos Surfistas.

Empreendendo no turismo

A cidade de Florianópolis, reconhecida pelas suas belas praias e natureza abundante, tem no turismo receptivo uma de suas principais atividades econômicas. A atuação do trade turístico em toda a região, durante as temporadas de visitantes brasileiros e estrangeiros, movimenta uma cadeia econômica que envolve desde microempreendedores individuais até grandes corporações do setor. Poucos empreendedores, empreendimentos, e órgão públicos, porém, até recentemente, compreenderam a urgência de se desenvolver a atividade pautada nos preceitos do Turismo Sustentável e voltaram suas atenções para o nicho do Turismo de Experiência. Num roteiro planejado pela empreendedora, guia de turismo, condutora cultural e ambiental Jaqueline Vargas, fundadora da agência de turismo sustentável EcoExperiências, os Piratas foram apresentados às belezas da Ilha de Santa Catarina num dia que teve como temas centrais o ecoturismo, a sustentabilidade e a preocupação com o impacto sócio-ambiental que toda atividade econômica pode gerar, positiva ou negativamente.

Durante uma visita conduzida pelo Alcir, coordenador da Experiência Comunitária na Reserva Extrativista do Pirajubaé, os Piratas foram a campo conhecer a realidade desta comunidade de maricultores e pescadores que assistiu à quase extinção desta que foi a primeira reserva extrativista marinha criada no Brasil. Lá eles puderam entender o contexto histórico, político e econômico desse processo, e como hoje, estas famílias encontram no turismo de base comunitária uma alternativa de renda, de resgate sociocultural e recuperação daquele ecossistema.

No final da tarde, guiados pela profissionalíssima Jaqueline, os Piratas encararam o desafio de mais uma trilha ecológica, percorrendo aprox. 3km entre a Barra da Lagoa até a Praia Mole, que oferece uma vista panorâmica de norte a sul da Ilha, e durante a qual os aprendizados sobre flora e fauna local, história e cultura, se intercalaram com momentos de contemplação da natureza e conversas sobre sustentabilidade e ecoempreendedorismo. Foi a atividade perfeita para trazer mais uma perspectiva sobre o que é empreender e quais áreas podem ser exploradas nesse processo, algo totalmente diferente do que seria abordado na atividade seguinte.

Mudando de assunto

Depois de entender mais sobre turismo sustentável e de conhecer iniciativas que empreendem nesse setor, chegou a hora de conhecer um lado completamente diferente, mas que também faz parte do ecossistema empreendedor de Florianópolis.

Hoje apelidada por alguns de “Vale do Silício brasileiro”, foi em 3 décadas que Floripa se transformou num dos principais pólos de inovação tecnológica do Brasil e da América Latina, e foi na Incubadora CELTA que tudo começou, com pioneirismo, muita pesquisa, desenvolvimento e histórias engraçadas. Quando ninguém ainda falava em start-ups, incubadoras e aceleradores, o Tony Chierighini, com a Fundação CERTI, trilhou o caminho para alguns dos cases de inovação tecnológica mais emblemáticos do Brasil. Numa visita técnica descontraída e cheia de aprendizados ao CELTA, guiados pelo próprio Tony, os Piratas tiveram um dia de troca de conhecimentos valiosos sobre intra-empreendedorismo, start-ups e tech innovation, com quem sabe muito do assunto.

Entender o processo de consolidação de Florianópolis e outras cidades como pólos-tecnológicos no Brasil, e o contexto nacional e internacional no qual este setor econômico se desenvolveu e se posiciona hoje, permitiu aos Piratas uma compreensão mais realista de todo o ecossistema da inovação tecnológica. Deu à eles uma visão menos estereotipada do caminho percorrido por empreendedores nesta área, substituindo a narrativa da Startup que nasce com a ideia de um novo aplicativo ou tecnologia disruptiva, fica incubada por alguns meses e logo já está se graduando e recebendo o primeiro aporte de investidores anjos ou venture capital, por outra mais realista em que só uma ideia e uma incubadora não bastam. O caminho da inovação não é linear, é feito de altos e baixos, ideias disruptivas não surgem do dia para a noite, é um processo de construção, e o nível de sucesso alcançado dependerá da capacidade dos empreendedores envolvidos no projeto de desenvolver um produto/serviço que ofereça uma solução excelente para seus usuários, que tenha apresentação/comunicação/branding excepcionais, e uma gestão administrativa-financeira impecável do negócio.

Ao final da tarde, fomos até a Cidade Criativa Pedra Branca, o primeiro bairro-cidade inteligente da América Latina a fazer parte do Programa Clima Positivo da Fundação Clinton, ocorreu mais aprendizado e conhecimento, entendendo e discutindo os conceitos de smart-city, gentrificação e placemaking, em ótima companhia e guiados pelo Diego Chierighini, executivo da Inaitec. A conversa que teve início em uma sala de reunião, logo tomou as ruas para que os piratas pudessem entender cada detalhe do projeto implantado.

Mais do que se encantar com as possibilidades de aplicação de tecnologias e conceitos inovadores de urbanismo para criar bairros ou cidades inteligentes, os Piratas refletiram sobre como tornar espaços como estes mais inclusivos, evitar a gentrificação das regiões que passam por este tipo de processo de urbanização, e buscaram saber quais iniciativas, no Brasil e no mundo, estão construindo cidades “mais” inteligentes, mais eficazes e sustentáveis, considerando toda a complexidade envolvida no desenvolvimento de uma metrópole, município ou bairro.

Um dia de reflexões

Passados 30 dias desde que os piratas se conheceram, mais de 20 diferentes atividades, vivências, desafios e aprendizados que somados fizeram da trilha UNBOND uma experiências transformadora de evolução na vida destes 10 jovens, coube ao amigo Vinicius, instrutor da Arte de Viver, o importante papel de conduzir um último dia de reflexões individuais e coletivas sobre tudo que foi vivido. Foi um dia de consolidação, momento para os Piratas direcionarem seus pensamentos para dentro, voltarem a desafiar suas zonas de conforto no aspecto emocional, questionar a si mesmos, romper a barreira da superficialidade que limita as relações pessoais verdadeiras.

Através da provocação, do diálogo, de exercícios de respiração, meditação e yoga, os Piratas tiveram um dia de mindfulness, de gratidão ao passado e ao presente, de saudação à vida, de celebração e união.

Estabelecer relações humanas e viver a vida com profundidade, remover as máscaras que ocultam a autenticidade de cada um, é um desafio constante mesmo para um grupo que conviveu tanto, compartilhou tanto afeto e momentos de autoconhecimento e conexão, como aconteceu com os piratas da UNBOUND. A atividade conduzida pelo Vinicius trouxe abertura para eles se permitirem demonstrar sentimentos, não sentir vergonha de pensar, falar, errar, serem verdadeiros com eles mesmos e autênticos com as pessoas e situações à sua volta. Um dia de aprendizado sobre a importância de se viver o presente, exercitar a escuta ativa e a linguagem corporal que respeite seu interlocutor nas relações pessoais e profissionais, ter a coragem de assumir riscos, com propósito, verdade, transparência, conflitando percepções, sem superficialidade, mas sim com amor para construir nossa felicidade.

O último dia

O último dia de programação começou com foco em consolidar todos os aprendizados que tinham sido vividos ao longo dos 32 dias. Pra isso, os piratas não contaram só com a minha presença, o Guia, mas também de todos os demais membros da equipe SKEP. Foi uma tarde repleta de dinâmicas, que buscaram entender o que ficou de todo o turbilhão de conhecimentos adquiridos, e de momentos recheados de conversas sinceras, de jovens que estavam se preparando para voltar para suas casas, famílias, amigos, faculdades e empregos. Você se lembra do ignite que cada um dos piratas fez no primeiro dia de UNBOUND para se apresentar? Então, uma das dinâmicas realizadas no último dia envolvia a construção de um novo ignite, que contemplasse as mudanças, revelações e perguntas que surgiram e foram respondidas ao longo dessa trajetória. Um momento emocionante e muito especial para todos os presentes.

Anoiteceu, e nós surpreendemos os piratas com uma nova missão: Se preparar o mais rápido possível para o evento que aconteceria em menos de 1h no Sítio, um coworking na Lagoa da Conceição. Como tudo que aconteceu ao longo da trilha, os piratas não faziam ideia do que estava guardado para eles.

Chegando ao local, os piratas foram surpreendidos pelos seus familiares e amigos, educadores de Florianópolis e região e pela estrutura do evento de encerramento da Trilha UNBOUND - Empreendedorismo na Veia. Foi uma noite mágica para fechar com chave de ouro aqueles 33 dias de muita intensidade e repletos de fortes emoções. Ainda naquela noite, os piratas se posicionaram para um painel e responderam algumas das muitas perguntas que estavam na cabeça dos presentes naquele evento. “Quais foram os principais aprendizados?”, “como aplicar cada lição adquirida?” e “como não se deixar cair no piloto automático?” foram apenas alguma das perguntas impecavelmente respondidas por eles.

Por mais que nós estejamos acostumados a enxergar as coisas a partir de início, meio e fim, nós não gostamos de enxergar assim.

Talvez, a lição mais valiosa que os piratas adquiriram, tenha sido a de que a UNBOUND não o foi o fim, mas sim, o início de um processo de transformação muito maior.

Ao longo de toda a história, nós tentamos trazer o máximo de imagens para ilustrar bem como foi toda a trilha. E caso você não saiba, nós temos um after movie de toda a experiência vivida pelos piratas que ajuda ainda mais a ilustrar todo esse processo. É só dar o play.

Hoje, dia 23/11/2017, faz exatamente 9 meses que os piratas viveram tudo isso. Faz 9 meses que a SKEP realizou o sonho de fazer com que esse projeto acontecesse. E nós ainda temos uma parte muito importante dessa história para contar, afinal, o que aconteceu com cada um deles depois de todo esse tempo?

Continue com a gente para descobrir ;)

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